Há 7 anos, publico
breves resenhas dos livros lidos durante o ano e divido as postagens em três blocos: Janeiro a Maio, Junho a Setembro e Outubro a Dezembro.
Aqui estão os 22 lidos
de Janeiro a Maio deste ano. Esse número ficou na
média dos lidos nos mesmos cinco primeiros meses dos últimos anos (27 em 2019; 22 em 2020; 20 em 2021; 21 em 2022; 14 em 2023 e 16 em 2024).
1 - O INSTITUTO – Este foi o 48º livro que li do mestre do terror
Stephen King. A obra de 554 páginas tem como vilã não uma pessoa ou entidade,
mas um instituto que sequestra crianças com dons de telecinese e telepatia.
Nesse local, as crianças sofrem torturas e abusos físicos e mentais. Ficamos
sufocados com o nível de maldade que os funcionários do tal Instituto são
capazes. Novamente temos o mestre fazendo uma das coisas
que faz de melhor: escrever sob o ponto de vista de crianças.
2- O VALE DO MEDO – Resolvi ler todos os livros escritos pelo autor
Sir Arthur Conan Doyle tendo como personagem o mais famoso detetive da
literatura: Sherlock Holmes. Já li sete dos nove livros que o autor lançou, entre eles: Um Estudo em Vermelho, O Signo dos Quatro, O Cão dos Baskeville e O
Vale do Medo. Neste último romance escrito (os dois volumes seguintes são de contos),
Holmes e seu inseparável narrador, o doutor Watson, investigam um assassinato no interior
da Inglaterra e somos remetidos à Pensilvânia de 1880 e a um cenário de violência e
corrupção comandado por uma organização criminosa secreta de operários de uma
mina de carvão.
3- UM HOMEM POR INTEIRO – De Tom Wolfe – Segundo livro que li do
autor após o excelente A Fogueira das Vaidades, já adaptado para o cinema nos
anos 90 pelo diretor Brian de Palma. Aqui, o autor, considerado um expoente do
chamado New Journalism americano, em mais der 650 páginas, constrói (e destrói)
a figura do bilionário escroque Charles Croker que numa Atlanta do fim dos anos
90 vê seu império ameaçado por poderosos interesses tão inescrupulosos quanto
os dele. Foi recentemente adaptada para uma série pela Neflix com Jeff Daniels
no papel principal.
4 - OS PERSAS – A ERA DOS GRANDES REIS – Primeiro livro que li do autor galês Lloyd
Llewellyn-Jones, renomado professor de estudos sobre o Irã. Uma fascinante história
da Pérsia e seus reis sob o ponto de vista dos próprios persas já que tudo o
que sabemos do seu grande império veio por intermédio de escritores gregos como Heródoto. Não havia ainda uma história dos persas baseada em fontes
originais que buscasse reconstituir a glória de sua cultura e organização. Um novo olhar sobre reis como Ciro, Xerxes e Dario com detalhes das guerras e curiosidades sobre modo de vida em cidades como Babilônia,
Persépolis e Passárgada, passando pela conquista do império por
Alexandre.
5 - MOLL FLANDERS – “As aventuras e desventuras da famosa Moll Flanders
& Cia. Que nasceu na prisão de Newgate, e ao longo de uma vida de contínuas
peripécias, que durou três vintenas de anos, sem considerarmos sua infância,
foi por doze anos prostituta, por doze anos ladra, casou-se cinco vezes (uma
das quais com o próprio irmão), foi deportada por oito anos para a Virgínia e,
enfim, enriqueceu, viveu honestamente e morreu como penitente. Escrito com base
em suas próprias memórias”. Com esse impressionante subtítulo, este livro de
Daniel Defoe foi publicado em 1722. É surpreendente que um livro escrito no
século XVIII por um homem e sobre um tema tão delicado, tenha feito sucesso sem fazer um julgamento moral da personagem.
6- TREZE CONTOS DE TCHEKHOV – Mais um livro de contos que leio do autor
russo Anton Tchekhov, considerado unanimemente como um dos maiores contistas da
Literatura. Alguns eu já havia lido em outras coletânias. Aqui temos "História
alegre", "A feiticeira", "Fatalidade", "Pesadelo",
"Anyuta", "Réquiem", "Um belo tumulto", "O
marido", "O caso do champanhe", "Mártires", "O
professor de literatura", "O bispo" e "O duelo". Médico,
dramaturgo e escritor russo, Tchekhov influenciou diversos artistas modernos
com contos que expressam excepcional percepção da condição humana e das
relações sociais. Aqui, algumas das suas obras-primas que passeiam entre o
cômico e o trágico.
7- COMO E POR QUE LER – Há tempos queria ler um livro do famoso
crítico literário Harold Bloom. Escrito numa linguagem acessível, Bloom
aponta o caminho ideal para o leitor se envolver com as diversas formas
literárias e penetrar no mundo criado por escritores como Hemingway,
Jane Austen, Dickens, Proust, Dostoievski, Oscar Wilde e, acima de
todos, Shakespeare. Ele deixa dicas importantes para quem escreve, como livrar a mente dos chavões profissionais e resgatar a ironia: “Uma vez destituída de
ironia, a leitura perde o propósito e a capacidade de surpreender”
8- POR QUE NÃO PEDIRAM A EVANS ? – É sempre excelente retornar aos
livros da Dama do Crime, a autora de quem mais livros li. Aqui
temos uma história sem os seus famosos detetives Hercule Poirot e Miss Marple,
personagens queridinhos dos leitores. Numa tarde comum do litoral
inglês, durante um jogo de golfe, Bobby encontra um homem moribundo, que antes de morrer faz uma pergunta estranha: "Por que
não pediram a Evans?". A única pista é a foto de uma jovem na carteira do
morto. A partir dessa cena, Bobby e sua amiga Frances Derwent decidem desvendar o
enigma que os levará a um quebra-cabeças envolvendo golpes e tramoias
perigosas. Agatha Christie sempre consegue surpreender.
9 - UM PASSE DE MÁGICA – Mais um livro que li de Agatha Christie
dessa vez voltando a ter a queridíssima Miss Marple desvendando um crime.
Amiga de infância das irmãs Ruth e Carrie Louise, Miss Marple é chamada por
Ruth para investigar os problemas e perigos que a sua irmã estaria correndo em uma mansão repleta de familiares de diversos casamentos e que virou um
centro de reabilitação para meninos delinquentes. Após três crimes na casa,
Miss Marple resolve o mistério antes que sua amiga seja a próxima vítima.
Curiosamente, este foi um dos raros livros da autora que eu desconfiei de cara
sobre quem era o assassino.
10- OS QUATRO GRANDES - Terceiro livro de Agatha Christie que li nestes primeiros meses de 2025. Aqui temos de volta o detetive belga Hercule Poirot que junto ao seu inseparável amigo Hastings são surpreendidos por um homem à beira da morte que denuncia a Poirot um complô internacional de autoria de um chinês um multimilionário norte-americano, uma cientista francesa, e "O Destruidor" Na maior investigação de sua carreira para derrotar essa grande organização, Poirot terá que sacrificar o seu bem mais precioso: seu bigode! O livro poderia ser um pouco mais bem amarrado e isso de deve ao fato de ele ser sido editado a partir de contos anteriormente publicados em um jornal e reunidos de modo um pouco forçado para formar uma história mais ou menos coesa. Algumas pontas soltas ficam evidentes.
11- NADANDO NO ESCURO- Primeiro e espetacular livro do jovem autor
alemão Tomasz Jedrowski em que ele mescla política e afetos na história de Ludwik
e Janusz dois homens jovens entrelaçados
em uma paixão muito maior do que a onda de intolerância e violência que assolou
a Polônia em 1980. Livro emocionante e complexo entre duas pessoas em diferentes
lados de uma história conturbada. Tristíssimo e lindo, ainda mais com diversas
referências a um dos meus livros e autores favoritos, Giovanni, de James Baldwin, que aqui funciona como verdadeiro eco dos dilemas amorosos de dois
rapazes lutando ingloriamente contra todo um sistema para fazer valer o seu
amor.
12- PERSUASÃO – Quinto livro que li da excepcional Jane Austen após
Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade, A Abadia de Northanger e Mansfield
Park. Aqui temos mais uma das heroínas de Austen, na figura de Anne Elliot, a
sagaz e equilibradíssima filha de um vaidoso baronete que se apaixona por um
jovem sem fortuna ou contatos. No passado, Anne sacrificou seu amor por
conveniências e se fechou para novos relacionamentos, mas anos depois, o destino
faz os dois jovens se reencontrarem dando a Anne uma segunda oportunidade de
tentar a felicidade. Ambientado na Inglaterra rural do século XIX, no último
romance de Jane Austen a escritora revela sua maturidade literária.
13- ÓRFÃOS DO ELDORADO – Quarto livro que li do escritor amazonense
Milton Hatoum após suas obras Dois Irmãos, Relato de um Certo Oriente e A
Cidade Ilhada. Aqui, temos a história de Arminto Cordovil e seu amor por
Dinaura que o arrebata afastando-o da riqueza derivada do trabalho de
uma vida do seu pai empresário de navegação e exploração da borracha.
Arminto destrói tudo que o pai construiu ao longo das décadas pelo amor da órfã filha da floresta. Dinaura leva com ela as incertezas, a racionalidade de Arminto que a
busca, por toda a vida, até a esperada entrada no Eldorado, seu idílio
representado pelo amor romântico e pela harmonia filial. Os três livros anteriores
que li do autor já foram adaptados para as telas.
14 - O CONDE DE MONTE CRISTO – Considerada uma das obras primas da
Literatura mundial, esta monumental obra de Alexandre Dumas, com mais
de 1.300 paginas e várias vezes adaptada para o cinema, é um tratado
sobre a vingança numa trama protagonizada pelo jovem marinheiro Edmond
Dantés, preso injustamente e vítima de um complô. Muitos anos depois, Edmond escapa
cinematograficamente da prisão, toma posse de um magnífico tesouro escondido e planeja uma vingança. A obra foi originalmente publicada em capítulos em um jornal francês
e obteve gigantesco sucesso elevando Dumas aos píncaros da fama. Com
uma coleção de personagens sórdidos e carismáticos e apesar do imenso número de
páginas, a leitura jamais é cansativa.
15- O SEGREDO DO MEU MARIDO – Primeiro livro que li da autora
australiana Liane Moriarty que se tornou famosa após a elogiada adaptação pela
HBO do seu livro Big Little Lies. Aqui, a autora aborda seu universo favorito: amizades e conflitos entre
mulheres. O livro alcançou o 1º lugar na lista
dos mais vendidos do New York Times duas semanas após seu lançamento e seus
direitos de adaptação para as telas já foram adquiridos. História de três
mulheres, entre elas, Cecilia, que tem três filhas perfeitas, um marido adorado
e uma vida organizada que será profundamente abalada ao encontrar uma carta
escrita pelo marido ainda vivo e que só deve ser lida após sua morte. Um livro
com um desenvolvimento surpreendente mas que tem uma capa medonha.
16- AS CRUZADAS VISTAS PELOS ÁRABES – Do autor libanês Amin Maalouf. Sou fascinado pelas Cruzadas e quase todas as histórias sobre elas foram publicadas ao longo dos séculos sob o ponto de vista cristão e ocidental. É raríssimo encontrar um livro que conte a invasão cristã aos países do oriente médio sob a ótica dos árabes. Os cristãos permaneceram por dois séculos na Terra Santa, saqueando e massacrando para a glória de seu deus. Esta bárbara incursão do Ocidente no coração do mundo muçulmano marca o início de um longo período de decadência e obscurantismo. Ainda hoje é sentida, no Islã, como a pior das violações.
17- ISABEL DE CASTELA – A Primeira Grande Rainha da Europa. Primeiro
livro que li do historiador Giles Tremlett. Isabel foi a monarca mais relevante de toda a História. Seu reinado
começou quando ainda nem existia o país Espanha. O livro de mais de
600 páginas acompanha desde a luta de Isabel para substituir os dois irmãos no
trono, passando por guerras civis, o casamento com o
poderoso rei Fernando de Aragão, enfrentando também o preconceito por ser uma
mulher. Em seguida vemos sua guerra contra os mouros que ocupavam parte do país por 700 anos, o financiamento
da conquista da América por Colombo, a Inquisição com suas torturas, a expulsão dos judeus e mouros da
Espanha e muito mais. O autor faz com que o leitor se sinta dentro da história.
18 e 19 - O MISTÉRIO DE MARIE ROGÊT e A CARTA ROUBADA – de Edgar
Allan Poe – Aqui estão os dois últimos contos de Poe tendo como personagem o inconfundível detetive Dupin, sobre quem eu só havia lido o famosíssimo Os Crimes da Rua Morgue. Dupin demonstra novamente sua assustadora
capacidade de dedução para desvendar um assassinato utilizando apenas notícias publicadas nos jornais da época sem sequer sair de casa. O conto pode parecer cansativo pela repetição das contradições dos jornais. Poe escreveu a partir do assassinato de Mary Cecilia Rogers, um crime real nunca solucionado, que aconteceu em 1841 em Nova Iorque que ele transferiu para Paris.
Na Carta Roubada, diferente de O Mistério de Marie Rogêt e Os Crimes da Rua Morgue, não há um
assassinato, mas justamente o que diz o título, uma carta roubada em que o detetive Chevalier Auguste Dupin,
com sua incrível lógica e capacidade de raciocínio analítico, descobre o esconderijo de uma importantíssima carta roubada a partir do
conhecimento dos mecanismos de pensamento do autor do roubo. Esse
personagem foi tão importante para a literatura policial que originou
simplesmente os detetives Poirot de Agatha Christie e Sherlock Holmes de Arthur
Conan Doyle.
20- O REI PESTE, O RETRATO OVAL e A QUEDA DA CADA DE USHER –
Três contos clássicos de Edgar Allan Poe com características sobrenaturais. - O Rei Peste se passa na Inglaterra da Idade Média durante o reinado de Eduardo III. Dois marinheiros bêbados e descritos de modo ridículo, ao fugirem de uma dona de um bar, entram em uma casa abandonada durante uma praga em Londres e encontram uma corte bizarra liderada pelo Rei Peste e sua comitiva grotesca, resultando em eventos estranhos e sombriamente engraçados. Narrativa intrigante que mescla horror com humor.
21- O RETRATO OVAL - Conto sombrio como é comum nos escritos de Poe sobre um homem ferido que passa a noite num quarto de um castelo onde se impressiona com o retrato de uma bela mulher. Ao pesquisar a respeito, descobre que o marido, pintor apaixonado, resolveu retratar a amada por tanto tempo que não percebeu que ela ficou doente e definhou até a morte.
22- A QUEDA DA CADA DE USHER – Conto que já foi adaptado mais de uma vez
para o cinema. Além de ser uma das suas obras mais conhecidas, é uma síntese do
estilo literário de Edgar Allan Poe: ambiente decadente, tempestades, personagens
perturbados, mulheres frágeis e acontecimentos sobrenaturais. Narrado por um homem
que vai passar um tempo na mansão de seu amigo e lá encontra um o ambiente
assustador envolvendo os mistérios que ligam a mansão aos seus moradores mórbidos. Logo nas primeiras linhas, o leitor já sabe que
vai encontrar problemas para o narrador: “Durante
todo um dia pesado, escuro e mudo de outono, em que nuvens baixas amontoavam-se
opressivamente no céu, eu percorri a cavalo um trecho de campo de tristeza
singular, e finalmente me encontrei, quando as sombras da noite se avizinhavam,
à vista da melancólica Casa de Usher. Não sei como foi – mas, ao primeiro olhar
que lancei à construção, uma sensação de insuportável angústia invadiu meu
espírito.”
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