chacais sempre espreitam
2.10.24
LIVROS LIDOS DE JUNHO A SETEMBRO DE 2024
6.6.24
OS 16 LIVROS LIDOS DE JANEIRO A MAIO DE 2024
Há 6 anos, publico breves resenhas dos livros lidos e divido as postagens em três blocos. Aqui estão os 16 lidos de Janeiro a Maio deste ano. Esse número ficou na média dos lidos no mesmos cinco meses iniciais dos últimos anos (27 em 2019; 22 em 2020; 20 em 2021; 21 em 2022 e 14 em 2023)
8.1.24
OS 17 LIVROS LIDOS DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2023
Pelo 6º ano publico uma breve resenha
dos livros lidos no ano. Minha média
anual é de 56.
Em 2018 foram 40. Em 2019 foram 68. Em
2020 li 61. Em 2021 foram 55 livros e no ano passado foram lidos 60.
Este ano foram 50. Os autores ainda dominam a lista já que foram apenas 10 autoras mulheres sendo uma trans. Foram 12 autores brasileiros e 38 estrangeiros. Os livros de ficção se sobressaem com 40 livros contra 10 de poesia, biografia e não ficção. Foram 35 livros físicos e 15 e-books
A lista dos livros lidos de Janeiro a
Maio e de Junho a Setembro já foram publicadas no blog. Eis aqui a minha lista
dos livros lidos de Outubro a Dezembro
12.11.23
47ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO
Completo,
com sucesso, minha 20ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
A
47ª Mostra retorna com força total após os últimos anos em que se somaram os
problemas decorrentes da pandemia e perda do patrocínio da Petrobrás por conta
de obscurantismo do governo anterior. Este ano, foram apresentados 362 filmes de
96 países em mais de 20 salas espalhadas pela cidade no período de 15 dias.
Comprei a credencial para 40 filmes por R$ 410,00, mas lamentei não haver, como
no ano anterior, a credencial para 30 filmes. Esse ano só havia opções para 20
e 40 ingressos
Continua
sendo uma pechincha já que apesar de não ter visto os 40 filmes, cada um saiu por pouco mais de R$ 12,00 enquanto o ingresso inteiro
chega a custar mais R$ 30,00. Dos 362 filmes disponíveis, vi 32.
Aqui
estão os que assisti neste ano, não na ordem em que vi, mas na ordem de
preferências.
1-
FOLHAS DE OUTONO – Filme da Finlândia vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes. Belíssima história de dois estranhos solitários que se encontram por acaso na noite de Helsinque em busca do primeiro, único e último amor. No entanto, os caminhos para a felicidade são obscurecidos pelo alcoolismo do homem, telefone perdido, desconhecimento do nome um do outro e outros obstáculos. O filme tem um senso de humor muito peculiar apesar de tratar de problemas sérios como a solidão, o subemprego, o alcoolismo e a angústia existencial. Uma história que se desenvolve rica de minimalismos nas interpretações (um pleonasmo irresistível), perfeitas elipses e uma doçura tocante. Impossível não se comover com a história.
BEIJANDO O CHÃO POR ONDE VOCÊ PASSOU- O primeiro filme que assisti de Macau. Foi exibido no Festival de Roterdã. História de um escritor que não consegue escrever há anos e que procura alguém para alugar um quarto no apartamento onde vive. Um belo ator iniciante se candidata à vaga e desperta o interesse do escritor, que começa a enxergar no inquilino a inspiração para o novo livro. Despertou o interesse do público LGBT graças às belas e discretas cenas de envolvimento romântico platônico dos dois jovens orientais, com destaque para a tradição asiática de momentos contemplativos. Interessante notar os timings profissionais desses dois homens, um vivenciando a paralisia artística e emocional após o sucesso e outro a euforia do início da lida com a própria arte.
MANHOLE – DESVIO FINAL – Filme do Japão exibido no Festival de Berlim que conta a história de um jovem ambicioso e com um excelente emprego e casamento marcado com a filha de seu chefe. Na véspera da cerimônia, após a despedida de solteiro, ele cai dentro do poço de um bueiro. Sem saída e assustado ele usa o smartphone para contatar a polícia, os amigos e até usuários desconhecidos das redes sociais, enquanto luta para sair a tempo de chegar ao altar. Uma história que achei bastante original por manter a tensão constante em um cenário limitado onde se passa 90%. Aos poucos descobrimos que se trata de uma história de vingança com uso inteligente da tecnologia de comunicação via redes sociais.
NÉVOA PRATEADA – Uma coprodução da Holanda e Reino Unido. História de Franky, uma jovem enfermeira londrina obcecada por vingança e necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos. Ela é incapaz de se envolver em um relacionamento até que se apaixona por uma de suas pacientes. A atriz Vicky Knight venceu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Ela, curiosamente, tem mais de 30% do corpo queimado num incêndio de um pub (no filme, ela é sobrevivente justamente de um incêndio num pub). No filme anterior, Dirty God, da mesma diretora Sacha Pollak, a atriz levou um prêmio BAFTA pelo papel da vítima de ataque com ácido no filme anterior.
A BARBÁRIE- Filme argentino que conta a história de Nacho, que aos 18 anos, foge da violência da mãe em Buenos Aires e busca um lugar para se refugiar com o pai, um fazendeiro com quem tem pouco contato. O contato mostra a Nacho as nuances do relacionamento tenso com os empregados da fazenda paterna, pessoas que ele conheceu quando criança e a dificuldade para ele entender seu lugar como patrão. O ator Marcelo Subiotto, que faz o pai, foi premiado como melhor ator no Festival de Lima. Também foi exibido no Festival de Málaga.
O CASO GOLDMAN – Filme francês que conta a história real do julgamento em Paris de Pierre Goldman nos anos 70. Judeu e ativista de extrema-esquerda sentenciado à prisão perpétua por quatro assaltos e pela morte de duas mulheres, Goldman alega ser inocente dos assassinatos. Goldman é transformado pela imprensa em um herói da esquerda intelectual e o julgamento vira um evento caótico em razão do famoso antissemitismo francês. Exibido do Festival de Cannes. Achei a história interessante mas me incomodou o tom excessivamente palavroso e muito verborrágico do filme.
O AMOR É UMA ARMA – Uma interessante coprodução de Hong Kong e Taiwan que venceu o Prêmio Leão do Futuro “Luigi De Laurentiis” para melhor primeiro longa-metragem no Festival de Veneza. Conta a história de Sweet Potato um jovem que sai da prisão e vive sem rumo praticando pequenos golpes. Ele é puxado de volta para questões do passado quando o antigo “chefe”, a mãe e o melhor amigo reaparecem, deixando-o sem esperança para o futuro.
VAMPIRA HUMANISTA PROCURA SUICIDA VOLUNTÁRIO – Um filme divertido e fofo do Canadá que venceu o prêmio de melhor filme na Jornada dos Autores do Festival de Veneza. Poderia ser um filme da Sessão da Tarde se não tratasse do tema do suicídio, mas com um tanto de humor negro. Sasha é uma jovem vampira com um sério problema: ela é sensível demais para matar. Desesperados, seus pais, tios e primos vampiros cortam seu suprimento de bolsas de sangue e, assim, ela percebe que sua vida está em perigo. Tudo muda após ela conhecer Paul, um adolescente solitário com tendências suicidas e que está disposto a morrer para salvar a vida dela. Mas esse acordo logo se transforma em busca durante a noite para realizar os últimos desejos de Paul.
EM CHAMAS – Filme paquistanês que conta a história de Mariam que vive com a mãe num minúsculo apartamento no Paquistão. Com a morte do avô materno, o irmão de Mariam manipula mãe e irmã para que elas cedam a ele o local onde moram, coisa muito comum no país, onde os direitos de propriedade das mulheres são bastante frágeis. Mariam, perturbada com a situação, encontra algum conforto em um romance secreto com um colega de classe que faz a jovem ser consumida por pesadelos que, logo, passam a se transformar em realidade. Exibido no Festival de Cannes.
O OUTRO LAURENS – Coprodução da Bélgica e França, conta a história de Gabriel Laurens, detetive particular cuja sobrinha pede que ele investigue a morte de seu pai, irmão gêmeo de Gabriel. Ele é forçado a enfrentar fantasmas do passado ao ver-se envolvido em uma estranha investigação que mistura dissimulações, fantasias e uma rede de tráfico de drogas. Exibido no Festival de Cannes.
UM DIA TUDO ISSO SERÁ DE VOCES – Filme da Suécia. Lisa é uma desenhista de humor que viaja até a fazenda da família, onde encontra os pais e o casal de irmãos pela primeira vez em uma década. A reunião tem um motivo inusitado: os pais querem que apenas um dos filhos herde uma floresta, que está em posse da família há gerações. Porém, talvez nenhum deles esteja disposto a morar naquele lugar novamente. Nessa disputa cheia de subterfúgios histórias escondidas do passado e uma tragédia mal explicada vêm à tona forçando a família a expelir fantasmas e expurgar seus traumas.
OUR SON– Outro filme dos Estados Unidos que tem certa atmosfera de filme independente, muito mais pelo tema que aborda, mas que aparentemente é uma produção cara. Luke Evans interpreta um editor de sucesso no auge da vida com uma ótima carreira, um casamento com o esposo Gabriel (Billy Porter, famoso pela série Pose) e um filho de oito anos. Quando seu marido decide terminar a relação, seu mundo desmorona. Ambos travam uma batalha num divórcio caro e colocam o filho no centro da disputa. O casal, antes muito próximo é levado pela separação até o limite. Um filme algo açucarado que agrada especialmente ao público LGBT que tem nos dois atores bem diferentes dois ícones de representatividade gay. Há cenas de sexo bastante picantes de Luke Evans com outro homem, ambos com corpos esculturais, mas a química com Billy Potter é abaixo de zero.
SHE CAME TO ME – Filme norte-americano exibido no Festival de Berlim com elenco estrelado pelos premiados Peter Dinklage, Anne Hathaway e Marisa Tomei. Não é a cara de filmes independentes da Mostra, mas a diretora Rebecca Miller já participou com alguns filmes em mostras anteriores. Peter Dinklage interpreta um renomado compositor passando por um bloqueio criativo e incapaz de terminar a partitura da grande ópera. Sua esposa interpretada por Anne Hathaway, uma mulher obcecada por controle e organização, que curiosamente também é sua terapeuta, o obriga a sair de casa em busca de inspiração até que ele conhece uma mulher pilota de um rebocador que é viciada em romance e relacionamento abusivo. Um pouquinho açucarado demais para meu gosto por dramas mais intensos.
QUASE TOTALMENTE UM PEQUENO DESASTRE- Filme da Turquia exibido no Festival de Roterdã. Acompanhamos quatro jovens que vivem em Istambul. Uma estudante que se angustia ao acompanhar as notícias diárias da, sua amiga com quem ela divide a casa e que tenta fugir para o exterior porque não consegue ver qualquer futuro na Turquia. Um engenheiro casado insatisfeito com a vida e um desempregado que se sente sufocado por estar morando com os pais. Várias coincidências aproximam os dois casais e mostram como o inesperado pode ser surpreendente e por vezes assustador.
O DIABO NA RUA NO MEIO DO REDEMUNHO - Filme brasileiro dirigido por Bia Lessa com Caio Blat, Luiza Lemmertz e Luiza Arraes no elenco e baseado no meu livro brasileiro favorito, Grande Serão: Veredas. Riobaldo conta suas experiências sangrentas no cangaço, acompanhado por Diadorim, amigo misterioso que lhe desperta sentimentos contraditórios. Queria muito ter gostado mais do filme, mas muitos elementos me incomodaram a começar pelo fato de que Caio Blat, por mais talentoso que seja, não tem nenhum dos atributos de Riobaldo. Em cinema, isso tem o nome pomposo de physique du rôle (físico para o papel). As falas soam excessivamente teatrais e irritam pela velocidade com que são ditas, talvez uma opção para não levar o filme às 3 horas de duração. As cenas de batalha, mesmo bem dramatizadas, são excessivas e há momentos em que mesmo quem já leu o livro fica confuso. Usar dublagem em vez da captação do som direto foi uma armadilha já que incorporou elementos sonoros que seriam impossíveis de outro modo, mas fez com que as falas soassem ainda mais artificiais. Achei desnecessário apelar várias vezes para a nudez frontal dos atores, o que além de soar como um “ruído estético”, dá a impressão de que só porque os atores têm os corpos lindos, eles estão expostos ali nus.
A GRAÇA- Um filme russo exibido no Festival de Cannes que é um road movie clássico. Uma adolescente e seu pai viajam em uma antiga van por estradas ermas no interior da Rússia, carregando um projetor de cinema enferrujado. Eles vagam aparentemente sem rumo e no caminho passam por diversas situações tensas. Somente no final ficamos sabendo o objetivo da viagem, mas sinceramente é um final que acrescenta muito pouco ao filme e serve apenas como a explicação ou propósito da viagem em si.
EU SOU MARIA –Um filme brasileiro bem simpático que trata do tema do preconceito racial e de classe que atinge moradores de favelas cariocas- Maria tem 15 anos, mora com a mãe, e o irmão numa favela do Rio. Ela sonha estudar em um bom colégio e participa de um concurso de redação em uma renomada escola particular. Aprovada com uma bolsa de estudos, ela enfrenta o desafio de manter as notas altas, provar que merecem estar ali e se adaptar a um mundo de privilégios que nunca conheceu.
ASOG- Filme filipino que deu à atriz Jaya os prêmios do público no Festival de Vancouver e o prêmio do Júri para Melhor Interpretação na Mostra. Jaya é não-binária e apresentava um talk show na televisão filipina, mas o programa acabou quando um desastre natural atingiu o país. Para se recuperar financeiramente, Jaya decide viajar para participar de um concurso de beleza e ganhar o dinheiro da premiação. No caminho, encontra um dos seus alunos que planeja viajar para a mesma direção, em busca do pai ausente. A pé, de bicicleta e de barco, essa dupla improvável realiza uma viagem totalmente transformadora.
ANIMALIA – Filme do Marrocos vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance e conta o drama de uma jovem de origem rural que está lentamente se adaptando aos privilégios da família marroquina abastada do marido. Mas quando eventos sobrenaturais colocam o país em estado de emergência, ela se vê separada do esposo e da nova família. Sozinha, grávida e em busca do caminho de volta, ela encontra a emancipação.
RODAS E EIXOS- Filme japonês que preciso dizer que saí na metade, pois senti uma rejeição total ao estilo de filmagem e interpretações aparentemente amadoras. Basicamente é a história de uma moça rica que vive no interior do Japão e conhece um homem gay também rico que a leva para uma boate onde ela se interessa pelo garoto de programa que já teve um relacionamento com o amigo dela. Há uma proposta de ménage à trois, mas não tive paciência para esperar essa parte. Inspirado no livro “Madame Edwarda”, de Georges Bataille, mas não li nada desse escritor.
EL PARAÍSO – Filme da Itália cujos ingressos na Mostra foram muito disputados, pois venceu os prêmios de melhor roteiro e de melhor atriz do Festival de Veneza conta a história de Julio que, já com 40 anos, ainda mora com a mãe colombiana de personalidade forte. O pouco dinheiro que tem vem do que ganham trabalhando para um traficante local. Esse frágil equilíbrio é ameaçado com a chegada de uma jovem colombiana que faz a primeira viagem como “mula” de cocaína. Adoraria ter assistido mas confesso que dormi quase o filme todo, não pela qualidade do filme mas pela minha total exaustão no dia.