Pelo 6º ano publico uma breve resenha
dos livros lidos no ano. Minha média
anual é de 56.
Em 2018 foram 40. Em 2019 foram 68. Em
2020 li 61. Em 2021 foram 55 livros e no ano passado foram lidos 60.
Este ano foram 50. Os autores ainda dominam a lista já que foram apenas 10 autoras mulheres sendo uma trans. Foram 12 autores brasileiros e 38 estrangeiros. Os livros de ficção se sobressaem com 40 livros contra 10 de poesia, biografia e não ficção. Foram 35 livros físicos e 15 e-books
A lista dos livros lidos de Janeiro a
Maio e de Junho a Setembro já foram publicadas no blog. Eis aqui a minha lista
dos livros lidos de Outubro a Dezembro
1-RAZÃO E SENSIBILIDADE – Terceiro livro que li de Jane Austen após Mansfield Park e A Abadia de Northanger. Este foi o primeiro
romance escrito pela autora e que lhe rendeu grande reconhecimento do público. A
história das irmãs Elinor e Marianne e de como ambas lidam com o amor vivendo em
uma sociedade rígida repleta de regras e na qual as mulheres têm um papel
subalterno. É delicioso encontrar no meio do relato pérolas preciosas do sutil
e afiado humor de Jane Austen.
2-SALVAR O FOGO – Segundo romance do jovem autor baiano Itamar Vieira Junior após o arrasa
quarteirão que foi sua estreia com o premiadíssimo Torto Arado. Gostei, apesar
de que não superou a qualidade do primeiro romance, mas exigir isso é uma
injustiça diante da preciosidade de Torto Arado. A história tem como centro
Luzia, uma lavadeira negra e corcunda e Moisés, um órfão que encontra afeto em
Luzia que é estigmatizada por ter supostamente poderes sobrenaturais.
3-O VISCONDE PARTIDO AO MEIO – 7º livro que li de Ítalo Calvino de quem sou fã
incondicional Juntamente com O Cavaleiro
Inexistente e O Barão nas Arvores, este livro compõe a trilogia Os Nossos Antepassados, onde com sua
narrativa fantástica traça um relato do homem contemporâneo, alienado,
dividido, incompleto. É a história de Medardo di Terralba, visconde que lutando
contra os turcos, leva um tiro de canhão no peito, mas sobrevive, ficando absurdamente
partido ao meio com uma metade repleta de crueldade e a outra metade cheia de
uma irritante bondade.
4-O BARÃO NAS ÁRVORES – O último volume da série de Ítalo Calvino Os Nossos Antepassados após O Cavaleiro Inexistente e O Visconde
Partido ao Meio. Prosa divertida de Calvino contando a história de Cosme
Chuvasco de Rondó, herdeiro que se revolta contra o pai
ditatorial e sobe numa árvore para nunca mais descer. Ele vive então no topo
das mais diferentes árvores por toda a vida repleta de aventuras como a paixão
por uma vizinha, o envolvimento com o ladrão João do Mato com quem desenvolve o amor pela literatura, salva as árvores de diversos incêndios e livra a
cidade do ataque de piratas.
5- ASSASSINATOS NA RUA MORGUE – De Edgar Allan Poe. Já havia lido alguns dos 6 contos desse livro em
outras coletâneas, mas adorei reler e conhecer outros como O Gato Preto e O Demônio da Perversidade. Poe é tão influente nos
romances policiais e de mistério que seu sagaz detetive Auguste Dupin serviu de
inspiração para os detetives Sherlock Holmes, de Conan Doyle e Hercule Poirot,
de Agatha Christie. Dupin possui uma capacidade extraordinária de dedução
baseada na observação dos fatos, conseguindo desvendar um dos mais misteriosos
casos enfrentados pela polícia francesa: o bárbaro duplo
assassinato de mãe e filha num apartamento na Rua Morgue.
6-O CÃO DOS BASQUEVILLE- O 6º livro que li do detetive
Sherock Holmes, de Arthur Conan Doyle e
o mais famoso da série. O romance é considerado o melhor do autor. Holmes e seu amigo Watson partem para o interior
da Inglaterra onde investigam o mistério envolvendo a família Baskerville e a
maldição de um cão demoníaco que persegue e mata membros daquela família. A
mente lógica de Sherlock o faz não acreditar no sobrenatural e assim conduz a
investigação para a esfera real, apesar das inúmeras referências ao fantástico
da trama que já foi adaptada para o cinema.
7-MACUNAÍMA- Nunca havia lido esse clássico de Mário
de Andrade e fiquei encantado. Creio que não é um livro compreensível para
jovens que farão o vestibular. Não é fácil, pois tem um texto repleto de
expressões regionais e palavras de origem indígena. Dei muitas risadas com o
autor e seu um humor único e ferino. Impressionante que tenha sido escrito em
apenas seis dias. Um romance modernista dos mais importantes da nossa
Literatura. Uma verdadeira rapsódia que já começa impactante: “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma,
herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um
momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera,
que a índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de
Macunaíma”.
8-O ASSASSINATO E OUTRAS HISTÓRIAS – Mais um livro de contos do russo Anton Tchekhov, considerado um dos
maiores mestres do gênero. São seis contos longos da última fase da obra do
autor mostrando o cotidiano da amesquinhada vida russa no final do século XIX
retratando os costumes dos mujiques, comerciantes, proprietários de terra e de
jovens intelectuais. Suas narrativas captam um universo contraditório e tenso
que não deixam de surpreender o leitor. A edição nos brinda com várias cartas
do autor.
9-ESCRAVIDÃO-VOL 3 – Terminei a segunda trilogia do premiado autor
Laurentino Gomes após seus best sellers
1808, 1822 e 1889. Um trabalho impressionante sobre a
escravidão no Brasil focado no período da Independência até a Lei Áurea,
trazendo inúmeras informações das mais diferentes fontes e ricamente ilustrado
com fotos, imagens e gráficos, é o resultado de seis anos de pesquisas por 12
países e 3 continentes.
10-NA PIOR EM BERLIM, LONDRES E SALVADOR – O primeiro livro da
minha amiga jornalista baiana Joana
Rizério onde ela relata os problemas que enfrentou durante uma viagem à
Europa em que por conta de distúrbios bipolares, enfrentou o internamento
compulsório em clínicas para transtornos mentais. O título é uma homenagem ao
livro Na Pior em Paris e Londres, de George Orwell. Como acompanhei de longe a história da minha
amiga, achei a leitura potente, corajosa e muito humana. O texto da autora é
seco, direto e sem rodeios, com a mesma qualidade que já conhecia do seu texto
como jornalista.
11-PAIS E FILHOS – Segundo livro que li do russo Ivan Turgueniev, depois do Primeiro Amor. O livro é um dos maiores
clássicos da literatura russa e trata dos conflitos de gerações. O estudante
Arkádi retorna para casa com um amigo, o que desagrada imensamente seu pai e
seu tio. Bazárov, o amigo, é um niilista empedernido que despreza qualquer autoridade
e qualquer arte. Este livro protagonizou uma das maiores polêmicas da
literatura russa quando seu autor foi acusado levianamente de ser responsável
por atos criminosos influenciados por sua obra. O leitor acaba o livro sem
saber se acha Arkádi um ingênuo, se considera Bazárov detestável ou se acha
tudo intenso e emocionado demais, como é comum nas personagens da literatura
russa.
12-CHRISTINE – O 45º livro que li do mestre Stephen
King e que originou o excelente
filme homônimo de Jonh Carpenter. Eu
estava muito reticente em ler este livro pois achei sua premissa muito forçada:
um carro que protege seu dono e sai por aí matando as pessoas que não gostam
dele. Mas King nunca decepciona e a
história é muito bem amarrada, construída de forma inteligente e envolvente. A
narrativa é fluida e quase não parece que o livro tem mais de 760 páginas ainda
mais porque temos três focos narrativos diferentes o que dá mais dinamismo à
história. O final é puro King na veia.
13-SUSSUROS NA ESCURIDÃO – O segundo livro que li do americano H.P Lovecraft após o volume: O Chamado de Cthulhu e Outros Contos,
que contém seu conto mais famoso. Nessa nova história, temos mais um conto de
horror cósmico em que o autor apresenta sua marca registrada. Aqui, uma
narrativa envolvendo criaturas siderais habitantes do planeta Yuggoth que invadem
uma região no estado americano de Vermont. A conhecida ficção científica do autor
que é o favorito e inspiração dos gigantes Stephen
King e Neil Gailman entre outros.
14-A CIDADE ILHADA – O segundo livro que li do brasileiro Milton Hatoun após Dois Irmãos, livro que
originou uma série de sucesso com
Cauã Reymond e Juliana Paes. Este é um livro composto de contos, entre eles O Adeus do Comandante, que originou o
maravilhoso filme O Rio do Desejo
dirigido pelo baiano Sérgio Machado com os atores Daniel de Oliveira, Sophie
Charlotte e Gabriel Leone no elenco. Os 14 contos desse livro não possuem uma
unidade estilística como num romance, mas é um modo interessante de perceber a
evolução do autor ao longo dos anos já que os contos foram originalmente
publicados em revistas e coletâneas no Brasil e no exterior.
15-A FESTA DA INSIGNIFICÂNCIA – O último livro escrito pelo checo Milan Kundera, morto este ano, após
catorze anos sem publicar nada. Sétimo livro que li do autor e confesso que foi
o mais fraco deles. A história trata de um grupo de amigos em Paris com vidas
banais, devaneios sobre umbigos e festas, relação complexas com a mãe e falta
de motivação para vida. E vira e mexe Stálin aparece na história em situações
muito esquisitas, algo que remete à militância comunista de Kundera na
Tchecoslováquia quando ele foi exilado por se opor ao regime pró-soviético.
Ainda quero ler os demais livros do autor já que gostei imensamente dos que li
anteriormente.
16- REALIDADES ADAPTADAS – Terceiro livro que
li de Philip K Dick, autor de ficção
científica mais vezes adaptado para o cinema. É dele, por exemplo, o livro que
gerou um dos melhores filmes que já vi na vida: Blade Runner cujo título original é Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? Seu livro O Homem do Castelo Alto não fez feio
também ao ser adaptado para série. Nesse volume são reunidos sete contos, todos
adaptados para o cinema: Lembramos para
Você a Preço de Atacado (O Vingador do Futuro), Segunda Variedade (Assassinos
Cibernéticos), Impostor, O Relatório Minoritário (Minority Report), O Pagamento, O Homem Dourado (O Vidente) e
Equipe de Ajuste (Agentes do Destino). Apesar de serem contos excelentes,
as adaptações para o cinema conseguem ser melhores, o que é raro acontecer.
17-MANUELZÃO E MIGUILIM – O quarto livro que li do meu autor
brasileiro favorito, João Guimarães
Rosa. Dividido em duas partes: Campo
Geral e Uma Estória de Amor. No primeiro conhecemos Miguilim um menino
esperto e que vive com sua família num lugarejo pobre e rústico do sertão. Com
um pai bruto e sem nenhum traço de afeto, uma mãe dominada e um tio e irmão querido,
Miguilim sofre as dores do crescimento e tenta encontrar sem sucesso beleza na
aspereza do ambiente. Na segunda história conhecemos Manuelzão, um homem já de
idade avançada que realiza uma festa em homenagem à sua mãe falecida. Toda a
história gira em torno da festa e da alegria do personagem no sucesso do
evento.
1 comment:
Ótimas resenhas, vai direto ao ponto ! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
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