28.4.09

Primavera em Nova Yorque - VI

6º DIA
SEXTA FEIRA

Esse relato de hoje difere dos demais porque está sendo escrito pela manhã. Hoje acordei mais cedo do que nos dias anteriores pois tenho saído de casa sempre depois do meio-dia quando o frio diminui um pouco e o solzinho esquenta mais. Mas hoje faz um sol lindo e, apesar do frio, vou sair mais cedo para aproveitar mais e, portanto, deixo alguns registros aqui.

Viajar sozinho tem várias vantagens, mas para mim, que sou tagarela e ansioso compulsivo, a desvantagem é não ter com quem discutir as coisas vistas. Então, a internet serve como forma de comunicação bem eficiente para alguém como eu.

Tem várias coisas que tenho observado e uma delas é o comportamento das pessoas. Aqui eu fico sem saber se detesto mais os diálogos rapidinhos e chatos dos diversos latino-americanos de todas as nacionalidades e o mesmo insuportável espanhol de carreirinha, ou se detesto os asiáticos, com suas famílias, e a mesma linguagem rapidinha e em voz alta. E já que estou no parágrafo em que falo mal das pessoas, vou incluir os esnobes franceses com seus pufffs puffs vocais e os bobos italianos. Gosto mesmo dos alemães, judeus e russos. E os meus preferidos: os negros e as negras americanos com aquelas conversas cheias de gírias e suingue, quase uma dança de tanto que mexem os pescoços, mãos e cabeças quando falam. Pronto. Já pode me chamar de colonizado. E olhe que nem falei dos brasileiros, pois quase não chamam a atenção aqui.

Por falar em brasileiros, somos mesmo uns bostinhas na visão dos americanos. Não se encontra nenhum guia em português em nenhum museu. Nem guia escrito nem audioguias. Tem em francês, alemão, italiano, espanhol, chinês, russo, japonês...mas português necas. Por que será? Só pode ser porque não dá dinheiro, pois os americanos só fazem tudo com o pensamento no dinheiro. Quer dizer, deve ter pouca gente reclamando da falta de guias em português ao ponto de que eles nem sequer pensam na possibilidade de imprimir na nossa língua.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a insistência das famílias em levar as crianças para os museus. Até entendo que em museus como o de História Natural, isto faz sentido porque tem muitos atrativos para as crianças como animais, meteoros, dinossauros etc, mas em um museu como o The Cloisters, que fui ontem, onde só tem esculturas, vitrais, arquitetura, tapeçaria e arte medieval...qual o interesse daquelas pestes nisso? Eles só ficam correndo e gritando, arriscando destruir uma obra de arte de antes do ano 1.000. Tinha objetos e pinturas lá de dos anos 800 e 900.

Tudo bem que podem dizer que esse é um modo de introduzir o mundo da arte para a criançada mas, quer saber?, acho que nem as crianças nem os adolescentes vão lembrar de nada depois. Acho que é mais uma besteira dos pais para não se sentirem culpados. Talvez não tenham é onde deixar os filhos quando vão aos museus.

Quer saber mais? Tinha uma mulher com dois meninos cegos. Posso estar sendo preconceituoso, mas fiquei com um medo horrível daqueles dois ceguinhos destruírem uma escultura daquelas que para chegar naquele lugar atravessou incêndios em castelos, batalhas e revoluções, intrigas e golpes palacianos, intolerância e ignorância religiosa. Tudo isso para receber uma bengalada de um ceguinho de 10 anos?

Ontem não esquecei a minha câmera, como aconteceu anteontem. Não sei o que teria feito sem ela para registrar as coisas lindas do The Cloisters. Só esqueci mesmo no Brasil foi o cabo da máquina. Daqui a pouco a memória vai estar cheia e não vou ter como descarregar. Vou ter que dar um jeito de encontrar um cabo por aqui. Assim posso encaminhar as fotos por e-mail.

Estava pensando que se eu fosse uma pessoa mais antenada com esse negócio de tecnologia poderia postar em meu blog umas fotos específicas. Tem um site chamado www.jacagueiaqui.com.br onde um cara posta (posta! não bosta) fotografias de banheiros onde ele já fez o número 2. Tem banheiros de tudo que e tipo. Mas atenção. São fotos dos banheiros antes do seu uso pelo fotógrafo.

Pois bem, com esse negócio de passar o dia inteiro caminhando e comendo aquelas porções gigantes de comida que eles servem aqui, perdi a oportunidade de registrar em fotos, para uma eventual sessão escatológica, os banheiros que venho usando no caminho: museus, parques, hotéis, loja da Disney...

Depois dessa seção escatológica, dou uma parada.

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