30.9.25

21 LIVROS LIDOS DE JUNHO A SETEMBRO DE 2025

Há 7 anos, publico breves resenhas dos livros lidos e divido as postagens em três blocos. Aqui estão os 21 lidos de Junho a Setembro deste ano.  Foram livros de 16 autores homens e 5 autoras mulheres. 12 físicos e 9 digitais. Se tivesse que comprar todos eles na Amazon, custariam R$ 1.214,00 mas como só paguei pelos físicos, tendo baixado os demais na internet, economizei R$ 433,00. 

Já havia publicado a lista dos 22 lidos de Janeiro a Maio.  

21- HELIOGÁBALO - Texto teatral de Jean Genet de 1942 que por muito tempo foi considerado perdido, mas que recentemente foi descoberto numa biblioteca nos Estados Unidos. Lançada há pouquíssimo tempo, retrata ficcionalmente a história do curto período do imperador romano adolescente Heliogábalo (de 218 a 222). O palácio imperial vira um palco de poder, traição e assassinato. Não é preciso conhecer a história dos imperadores romanos para embarcar na decadência do poder: Esse trecho exclamado da boca do próprio Heliogábalo é excepcional:  “Sou o filho da noite. Nascido da noite grávida pela verga monstruosa de um criador de porcos judeu, quem sabe. E eis a maravilha: eu, pequeno plebeu sem nobreza, eu, o selvagem, eu, o obscuro, nascido da coxa de um zé-ninguém, justo eu fui escolhido para ser o sucessor dos imperadores romanos” Heliogábalo foi morto juntamente com sua mãe após um reinado repleto de escândalos, crimes e devassidão.  Todos os elementos caros ao autor Jean Genet de quem só havia lido Querelle, adaptado para o cinema por Rainer Werner Fassbinder.

20- A SENHORA DAS ÁGUAS- Terceiro livro que li da autora inglesa Philippa Gregory parte da série de seis volumes sobre A Guerra das Rosas, em que a autora foca nas figuras femininas ligadas à monarquia inglesa da Idade Média. Dessa vez, a narradora é Jacquetta de Luxemburgo, descendente da deusa das águas Melusina e com capacidade de prever o futuro. Estamos no auge da Guerra dos Cem Anos, com a Inglaterra lutando pelos seus territórios conquistados na França. Após assistir à morte de Joana D’arc, feita prisioneira por seu tio, Jacquetta se casa e logo enviúva do poderoso duque de Bedford, tio do fraco e adolescente rei da dinastia Lancaster Henrique VI. Casa-se novamente, desta vez por amor, com o escudeiro do ex-marido, tem doze filhos, participa de diversas batalhas e assiste à filha Elizabeth casar-se com o novo rei York Eduardo VI.

19 – CARTAS A UM JOVEM POETA – O primeiro contato que tive com a escrita do tcheco Rainer Maria Rilke, um dos principais poetas do século XX. Este livro, xodó e unanimidade, trás dez cartas trocadas pelo jovem Franz Kappus, poeta indeciso entre a carreira literária e a militar com Rilke. Após a morte do autor, as correspondências foram compiladas nesse livro belíssimo que merece ser lido e relido infinitas vezes de tão belas as suas mensagens. É uma pena que a obra de Rilke não seja mais reconhecida atualmente como merece.


18- O FANTASMA – Quinto livro que li do escritor inglês Robert Harris após a trilogia de Cícero e o excelente O Conclave, recentemente adaptado com sucesso para o cinema. Esse também foi adaptado para o cinema em 2010 por Roman Polanski, com Ewan McGregor e Pierce Brosnan nos papéis de um ghostwriter e do seu biografado ex-primeiro-ministro britânico. Apesar de o filme ter recebido diversos prêmios como o urso de prata, em Berlim, e o Cesar francês para Polanski, e apesar de eu gostar muito do estilo de escrita do autor, achei o livro muito ruim e irritante. A história é muito fraca sobre um ex-primeiro ministro suspeito de envolvimento com sequestro e tortura.

17 - A EMPREGADA – Primeiro livro que li da autora Freida McFadden e que faz parte de uma trilogia de extremo sucesso, sendo campeã de vendas no mundo. O livro nem é tão bom e a escrita tem vários problemas, mas mesmo assim é um daqueles prazeres culpados, ou guilty pleasures, pois não dá pra largar de tão envolvente que é a história. Tem furos?  Tem. Tem uma linguagem ligeira e rasinha? Tem. Mas a história é boa e um passatempo tranquilo. Uma ex-presidiária em liberdade condicional vai trabalhar numa mansão em que um casal e uma filha não são certinhos demais para ser verdade. Uma história cheia de reviravoltas. O livro ficou 74 semanas consecutivas entre os primeiros do The New York Time.

16- THE WALKING DEAD- A QUEDA DO GOVERNADOR-PARTE 1- Terceiro volume da série de Jay Bonansinga e Robert Kirkman e que arrebatou fãs pelo mundo após a adaptação para a Netflix. Li o volume 3 achando que era o primeiro. Não sei como não percebi esse erro até porque já tinha assistido à série. Agora preciso ler o volumes 1 e 2. O ritmo é muito bom e prende a atenção. Detalhe para o último capítulo e para o embate violentíssimo e altamente satisfatório entre Michonne e o Governador. Aliás, o personagem do Governador foi eleito um dos piores vilões da literatura, mas o ator David Morrissey, da série, pode ser escolhido como o ator mais canastrão e caricato da história. Não entendo como alguém não percebeu a total falta de carisma desse ator para representar um vilão tão glorioso, o que já tinha ficado claríssimo no seu péssimo desempenho no filme Instinto Selvagem 2 de 2006.

15- O ETERNO MARIDO – 12º livro que li do mestre do romance russo Fiódor Dostoievski. Caí na besteira de comprar o e-book por R$ 1,99. Poderia ter comprado  outra edição digital por até R$ 30,00 ou uma edição física por até R$ 50,00 e justamente por isso acabei lendo uma edição ruim cuja tradução é para o português de Portugal. Apesar de a história ser ótima, como acontece com tudo de Dostoiévsky, é impossível não se estressar com a tradução. História do reencontro, após 9 anos, de dois homens, um deles, o viúvo e "eterno marido", e o outro o ex-amante da falecida. Aqui, encontramos todos os personagens típicos do universo do autor: o homem trágico, as doenças, o homem mau, os bêbados, a criança que sofre e as pessoas bem intencionadas.  

14- HISTÓRIA DO MEDO NO OCIDENTE – Primeiro livro que li de Jean Delumeau, historiador francês especialista em estudos sobre a história do Cristianismo, premiado pelos estudos do Renascimento e professor de História das Mentalidades Religiosas.  Aqui, o autor escreve um precioso tratado com quase 700 páginas que podem ser desfrutadas com imenso prazer a partir do que chama de a menos heróica das paixões humanas apontando os pesadelos mais íntimos da civilização ocidental do século XIV ao XVIII - o mar, os mortos, as trevas, a peste, a fome, a bruxaria, o Apocalipse, Satã e seu agentes (o judeu, a mulher, o muçulmano). 

13- OS PROFETAS – Primeiro livro que li de Robert Jones Jr, escritor negro e homossexual norte americano. História extremamente bem escrita, ao mesmo tempo brutal, sensível e amarga, que se passa no Mississipi no período da escravidão.  Os jovens escravizados Isaiah e Samuel vivem em uma plantação de algodão e mesmo em meio a toda a humilhação, sofrimento e trabalhos extenuantes, se amam profundamente. A relação não causa transtorno entre os demais escravizados que, por força da ancestralidade, veem o amor entre dois homens com naturalidade, porém esse afeto causa desconforto entre os donos da fazenda e perseguição de Amos, escravizado mais velho, convertido ao cristianismo, que busca vantagens com a pregação do Evangelho. Lendo o livro, é impossível não enxergar ecos dos espetaculares James Baldwin e Toni Morrison, assumidas influências literárias para o autor. 

12- CINZAS DO NORTE – Quinto livro que li do amazonense Milton Hatoum que como em todas as obras anteriores, se passa em Manaus com todo o seu fascínio. Aqui, temos a história dos amigos Olavo e Raimundo cuja amizade durará toda a vida.  Olavo é pobre e criado por um casal de tios e que vivem à sombra da rica família Mattoso. Raimundo Mattoso é o amigo rico que deseja ser pintor, mas cujo pai burguês deseja que ele siga o caminho do comércio da família.  Tendo como pano de fundo o regime militar, os amigos vão seguir rumos opostos, mas nunca deixarão de manter o afeto.

11- AO CAIR DA NOITE – Esse foi o 50º livro que li do mestre do terror Stephen King.  São 13 contos com comentários do autor sobre a inspiração para cada história. Aqui estão alguns: A Corredora é uma mulher perseguida por um psicopata em uma praia quase deserta. Posto de Parada tem um homem dividido sobre como agir diante da briga de um casal. Mudo tem um vendedor que dá carona para um homem silencioso, sem saber que ele escuta bem até demais; N é homem com transtorno obsessivo-compulsivo diante de um misterioso círculo de pedras. Wila é uma comovente história de pessoas que não percebem que estão mortas. O Gato dos Infernos mostra o quanto King é mestre em retratar animais perigosos. No Maior Aperto é uma das histórias mais nojentas que já li e que tem um homem preso num banheiro químico. 

10- UM CONTO DE DUAS CIDADES – Terceiro livro que li de Charles Dickens. O segundo livro de ficção mais vendido da história, só perdendo para Dom Quixote. A história se passa no período da Revolução Francesa. Quando o livro começa temos o Dr. Manette, libertado da Bastilha após 18 anos preso, e diversos personagens característicos do romance folhetinesco. Esse livro aquela que é considerada por muitos como a melhor de toadas as aberturas de romance da Literatura: “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; a era da sabedoria, a era da tolice; a época da crença, a época da incredulidade; a estação da Luz, a estação das Trevas; a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós; íamos todos direto para o Céu, íamos todos para o lado oposto – em suma, era um período tão semelhante ao atual, que algumas de suas autoridades mais barulhentas insistiam que fosse recebido, para o bem ou para o mal, apenas no grau superlativo de comparação.”

9- O FANTASMA DA ÓPERA – Primeiro livro que li de Gaston Leroux. A história clássica de terror gótico conhecida por todos pelo filme e pelo musical famoso. Publicado originalmente em 1909 conta a história de um suposto fantasma que habita os porões da Ópera de Paris criando mil problemas para os funcionários e artistas até que ele se apaixona pela cantora Christine Daaé. O triângulo amoroso trágico se forma quando é cortejada pelo jovem e belo visconde Raoul de Chagny.  A edição de luxo e de capa dura que li acompanha pôster e conteúdo extra.



8- OS CEM MELHORES POEMAS DO SECULO XX -  Após a antologia dos Cem Melhores Contos do Século, temos de volta o professor Ítalo Moriconi reunindo os versos mais importantes da literatura brasileira com poemas de autores como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Oswald de Andrade, Vinícius de Moraes, Mário de Andrade, Ferreira Gullar, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Antonio Cícero, Adélia Prado, João Cabral de Melo Neto, Augusto dos Anjos, Augusto e Haroldo de Campos, Paulo Leminski e muitos Outros.
7- CAFÉ PRETO – Mais uma obra da insubstituível dama do crime Agatha Christie. Temos aqui novamente o detetive belga Hercule Poirot convocado por um famoso cientista inglês que teme que sua fórmula secreta seja roubada, mas Poirot chega tarde demais e seu cliente acaba de ser morto e sua preciosa fórmula está desaparecida. Todos os ocupantes casa são suspeitos, como sempre ocorre nos livros da autora mas sabemos que no final tudo será desvendado por Poirot. Um detalhe curioso é que a obra originalmente foi escrita para o teatro e o biógrafo de Agatha Christie a transformou em um romance, mas percebe-se a estrutura teatral subjacente.

6- A FEITICEIRA DE FLORENÇA – 12º livro que li de um dos meus escritores favoritos: Salman Rushdie. História que faz várias idas e vindas no tempo envolvendo a Florença renascentista e a Pérsia do imperador Akbar, o Grande em 1514. Com o texto repleto de realismo fantástico típico das obras de Rushdie temos uma miríade de personagens como o italiano Nicolau Machiavel. O xá Argalia conhece a belíssima Qara Köz,  feiticeira de Florença, ex-amante do soberano e a história da feiticeira é contada ao imperador mongol Akbar, o Grande, por um atrevido forasteiro que passa por Istambul até a Florença dos Médicis e vai até a América recém descoberta.

5- FACA – 13º livro que li do autor de romances policiais norueguês Jo Nesbo e mais um mistério a ser desvendado pelo trágico e genial detetive alcoólatra Harry Hole. Quando uma mulher é encontrada morta em casa, Harry acorda embriagado e com as mãos sujas de sangue sem recordar nada da noite anterior. Svein Finne, serial killer preso por Harry, está de volta à cena e aparentemente o crime tem sua assinatura. Aos poucos, Harry recupera a memória da noite do crime e se convence de que ele mesmo pode ser o assassino. Como nos livros anteriores, um suspense cheio de reviravoltas e com uma lista de suspeitos que cresce sem parar. Esse pode ser o caso mais difícil de Harry Hole.

4- TODA POESIA – Aqui está um improvável sucesso de vendas que surpreendeu o mundo editorial. Todos os livros de poesias do curitibano Paulo Leminski reunidos desde os primeiros dos anos 1970, da chamada “geração mimeógrafo”.


3- POEMAS – Sou completamente apaixonado pelos poemas da polonesa Wislawa Szymborska, prêmio Nobel de Literatura. Ela escreveu pouco na vida, cerca de 250 poemas apenas, mas todos extremamente impactantes e facilmente reconhecíveis no estilo próprio. Essa coletânea tem 44 poemas e excelente prefácio e tradução de Regina Przybycien. Obras primas como: O terrorista, ele observa, A Mulher de Lot, Um Grande Número, Vietnã e O Quarto do Suicida.




2- A COR PÚRPURA – Primeiro livro que li de Alice Walker, ganhadora dos prestigiados prêmios Pulitzer e American Book Award e que baseou a obra-prima do cinema dirigida por Steven Spielberg além de um aclamado musical da Broadway. Ambientado no Sul dos Estados Unidos, entre 1900 e 1940, aqui temos a história de Celie, negra e semianalfabeta, estuprada pelo padrasto, forçada a se casar com um viúvo violento que lhe causava constantes abusos físicos e morais. Por 30 anos, Celie escreve cartas para Deus, mas quando ela crê que sua única e querida irmã Nettie foi morta, o estilo da escrita de Celie muda sem saber que a sua irmã é missionária na África. Eleito pela BBC um dos 100 romances que definem o mundo.

1- O LEOPARDO – Primeiro livro que li do italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa e seu único romance. Publicado em 1958 após ser recusado por diversas editoras até finalmente ser um dos livros mais lidos da Itália, o autor nos leva até anos 1860 no período do Risorgimento, quando os divididos estados italianos travam uma guerra sangrenta que resultou na unificação do país como vemos hoje. Acompanhamos a história de Dom Fabrizio Salina e sua decadente família aristocrática siciliana que sofrem com as ameaças das forças revolucionárias e democráticas. Ele tem que decidir de que lado vai ficar na nova ordem. Adaptado para o cinema por Luchino Visconti e ganhador da Palma de Ouro em 1963.

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