11.9.21

EU ME IMPORTO

         Este filme da Netflix é daqueles em que você percebe exatamente em que momento a história desandou. Tinha tudo para ser nota dez, mas em certo momento, o diretor se perdeu ou, como dizia minha avó: “o fubá encaroçou”.

O elenco é de primeira: Rosamund Pike (eterna Garota Exemplar) como a protagonista/vilã, o que é a sua zona de conforto, e Peter Dinklage (eterno Tyrion Lannister) como anti-herói de caráter suspeito, que é a sua praia também, convenhamos. E no em meio dessa guerra de titãs temos Dianne Wiest, coadjuvante de luxo que poderia ser mais aproveitada com a personagem com mais nuances e menos caricaturas.

A arapuca do filme está justamente no momento em que, para uma solução do roteiro, a personagem de West dá uma sumida....É aí que o filme desanda e o que seria um plot twist vira uma barriga. Não é mais o filme que queríamos ver nem o que estávamos esperando.

         Veja bem, nada tenho contra os plot twists, pelo contrário, se bem usados podem ser o oxigênio de um filme, mas também podem matar a história. O filme é vendido como comédia, mas tem tantos elementos de drama que está mais para um thriller psicológico.

         O filme me causou muito incômodo e a personagem monolítica e amoral de Rosamund Pike chegou a me despertar nojo de tanto que fiquei perplexo com suas manobras. Ou a atriz não conseguiu furar a casca grossa da personagem ou não se esforçou para conseguir dar um pouco de nuance a alguém tão vil que vive de destruir vidas e economias de velhinhos indefesos sem demonstrar qualquer arrependimento ou empatia.

Uma das coisas que mais abomino em qualquer filme ou livro é o recurso mais manjado de todos os tempos: o Deus ex machina, artifício originado no teatro grego, literalmente “deus surgido da máquina”, como solução fácil de roteiro para terminar uma obra fugindo da responsabilidade de resolução do drama com recursos dos conflitos internos do próprio texto. Aqui temos esse final preguiçoso.

         O filme me ganhou até a metade, me perdeu no meio e me irritou no fim.

No comments: