22.2.12

Histórias Cruzadas


Uma crítica disse que o pior adjetivo que se pode usar para um filme é: correto. Ok, então se for assim, Histórias Cruzadas é isso: correto, mesmo levando um Globo de Ouro e concorrendo a quatro Oscar. Filme, Atriz (Viola Davis) e Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer e Jessica Chastain).
O filme levou os prêmios de Melhor Elenco, Melhor Atriz (Viola Davis) e Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer) do Sindicato dos Atores da América e Octavia Spencer, o Globo de Ouro, concorrendo com a mesma Jessica Chastain do elenco.
Então voltemos ao início: é um filme correto, interpretações na medida do que se espera delas, roteiro amarradinho, tudo dentro da receita. Ninguém faz feio, a reconstituição de época dos anos 60 é boa e o tema dá um belo caldo: o racismo no sul dos Estados Unidos. Você já viu esse filme antes? Já e não foram poucas vezes.
Aqui a história gira em torno da luta pelos direitos civis dos negros americanos. Aqui ela aparece com uma escritora branca decidindo enfrentar o código de silêncio em torno da segregação mal disfarçada dos negros na cidade de Jackson, Mississipi (você já viu Mississipi em Chamas!), mas aqui o diretor Tate Taylor opta por narrar a história sem exibir o racismo cru e violento, mas o racismo do dia a dia. Por exemplo, o assassinato do militante negro, Medgar Evers, na própria cidade de Jackson, e do presidente Kennedy, são mostrado apenas pela TV.
A força que o filme perde ao não abordar com contundência o racismo no Mississipi está na canção célebre de Nina Simone: Mississipi Goddam (Maldito Mississipi) que trata exatamente do assassinato de Medgar Evers, no Mississippi, além do assassinato de quatro garotas negras numa igreja do Alabama. Nina Simone compôs a canção que expressa sua indignação: “Alabama’s gotten me so upset/ Tennessee made me lose my rest/And everybody knows about Mississippi Goddam”. (Alabama deixou-me tão irritada/Tennessee me fez perder meu descanso/ E todo mundo sabe sobre o maldito Mississippi).

No comments: