13.10.06

Shakespeare para a massa!


"Uma leitura livre do Discurso de Marco Antônio"

Amigos, brasileiros, cidadãos dêem-me seus ouvidos. Vim para enterrar Lulla, não para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado com os nossos ossos, que seja assim com Lulla. O nobre Alckmin disse a vocês que o torneiro mecânico Lulla era ambicioso. E se é verdade, a falta era muito grave e Lulla pagou por ela com o 2º turno pelas mãos de Alckmin e dos eleitores. Pois Alckmin é um homem honrado, e assim são todos eles, homens honrados. Venho para falar próximo antes do fim do 1º mandato de Lulla. Ele já foi meu amigo, tornou-se infiel e injusto comigo. Mas Alckmin diz que ele era ambicioso. E Alckmin é um homem honrado.

Lulla trouxe muitos petistas, tutti buona gente, pero tutti ladri, para cargos comissionados em Brasília que, contribuindo com o dízimo, encheram os cofres do PT. Incorporou, também, o valerioduto, os sanguessugas e os mensaleiros no primeiro escalão. Isto parecia uma atitude ambiciosa de Lulla?

Quando o prefeito Celso Daniel era assassinado, Lulla chorava. Quando os pobres sofriam Lulla chorava. Ora a ambição torna as pessoas duras e sem compaixão. Entretanto, Alckmin diz que Lulla era ambicioso. E Alckmin é um homem honrado.

Vocês todos viram que Lulla não sabia de nada que estava acontecendo sequer no mesmo andar no seu palácio. Isto era ambição? Mas Alckmin diz que ele era ambicioso, e Alckmin, todos sabemos, é um homem honrado.

Eu não falo aqui para discordar do que Alckmin fala. Mas eu tenho que falar daquilo que eu sei. Vocês todos já o amaram e tinham razões para amá-lo. Qual a razão que os impede agora de votar novamente nele?

Ontem, a palavra de Lulla era ouvida na ONU, agora, jaz aqui na urna disputando o segundo turno. Ah! Se eu estivesse disposto a levar os seus corações e mentes para o motim e a violência, eu compraria um dossiê para difamar e atrapalhar a eleição de Alckmin e de Serra, os quais, como sabem, são homens honrados. Não vou falar deles. Prefiro falar de Lulla.

Cidadãos. Se vocês têm lágrimas, preparem-se para soltá-las. Vocês todos conhecem esta faixa presidencial. Vejam, foi neste lugar da faixa que a faca de José Dirceu penetrou. Através deste outro rasgão, o "nosso Delúbio", tão querido de Lulla,enfiou a sua faca, e, quando ele arrancou a sua maldita arma do ferimento, vejam como o sangue de Lulla escorreu. E Lulla teve a suprema dignidade de dizer-se traído por "praticas inaceitáveis" mas não deu nome aos bois...Práticas não traem, pessoas traem, mas isso Lulla não sabe.

E o "nosso Delúbio", como vocês sabem, era o anjo de Lulla, o Gregório Fortunato redivivo, dormia no Alvorada e no Torto. Oh! Deuses, como Lulla o amava. O golpe do "nosso Delúbio" foi, de todos, o mais brutal e o mais perverso.

Pois, quando Lulla viu que o "nosso Delúbio" o apunhalava, a ingratidão, mais que a força do braço traidor, parou seu coração. E Dirceu, e Genoíno, e Silvinho, e Palocci, e Waldomiro, e Freud, e Berzoini e os 40 de Ali Babá. Oh! Que queda brutal meus concidadãos. Então eu e vocês e todos nós também tombamos, enquanto esta
sanguinária traição florescia sobre nós.

Sim, agora vocês choram. Percebo que sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver a faixa presidencial do nosso Lulla despedaçado. Bons amigos, queridos amigos, não quero estimular a revolta de vocês. Aqueles que praticaram este ato são tão honrados quanto o caseiro Francenildo. Quais queixas e interesses particulares os levaram a fazer o que fizeram, não sei. Mas são sábios e honrados e tenho certeza que apresentarão a vocês as suas razões. Eu não vim para roubar seus corações. Eu não sou um bom orador como Serra. Sou um homem simples e direto, que amo os meus amigos.

Aqui está o testamento, com o selo de Lulla. A cada cidadão ele deixou um cartão do Bolsa-Família.

1 comment:

Anonymous said...

Li seu texto la no bataclan hehehe gostei muito, percebi que tinha um blog e vim da uma olhada...muito bom! esse dos chacais ta genial, eis aqui mais um leitor! gostei ja ta nos meus favoritos.
abraço.