28.4.09

Primavera em Nova Yorque - VII


7º DIA-SÁBADO

A sexta-feira foi o dia mais bonito até hoje nesses 7 dias de NY. Foi bom acordar mais cedo para poder aproveitar bem.

O dia todo foi dedicado ao Museu Metropolitan e ao Central Park. Obviamente, não foi possível percorrer nem metade do MET nem um décimo do Central Park.

Cheguei ao Metropolitan as 11:30 e fiquei lá atá as 16:30. Foram 5 horas de caminhada dentro deste que é um dos maiores museus do mundo. Não dá para descrever nem de longe o que é o MET. Simplesmente grandioso, espetacular, atordoante. Um prédio monumental na 5ª avenida e ao lado do Central Park. Quando se entra nele, já se é envolvido por uma atmosfera diferente de arte.

Eles têm centenas de salas, pátios, salões, corredores, jardins...No começo, segui de algum modo o guia, mas teve uma hora em que me perdi. O pior é que eu não sabia se estar perdido era uma boa opção porque assim eu poderia perder muita coisa.

As salas se abrem como labirintos enormes e se veem coisas absurdamente lindas. A princípio, devo dizer que a gente paga o preço que quiser. Eles sugerem algo como U$ 10 a U$ 12 para adultos, mas eu paguei U$ 6. Na Frick Collecion paguei U$ 5 e no The Cloisers (que pertence ao MET) paguei U$ 5 também.

Tem que se começar a caminhada pelo MET por algum lugar. Basicamente, a gente entra pela ala de arte grega e romana ou pela ala egípcia e cada uma delas é um mundo inteiro à parte. Têm de tudo, literalmente, e muito bem explicado com painéis, textos e descrições de cada artefato. Você pode ainda alugar por 20 dólares um audioguia, mas não tem disponível em português.

Na parte da arte grega, por onde comecei, inicia-se pelo período pré-histórico da Grécia, com os primeiros objetos de arte de 3.000 antes de Cristo com destaque para as gordas figuras femininas de pedra, com grandes seios e nádegas, como a representação da fertilidade. Nesse período não tem quase figuras masculinas. Andando de sala em sala a gente acompanha a evolução da Grécia e da arte deles, acompanha o período da arte de Creta (minoana), do apogeu de Micenas, com centenas e centenas de joias, ânforas, cerâmicas, objetos de bronze, mármore, caixões de terracota, talismãs de ágata e pedras semi-preciosas daquela época fantástica.

Passamos por todo o apogeu do primeiro período grego, pela evolução de Atenas, pelas guerras, pela história da filosofia, da religião, centenas e centenas de estátuas de deuses e heróis. Tudo muito conservado. Fico imaginando que essas coisas todas foram trazidas para cá, compradas a preço de banana ou roubadas...mas se tivessem ficado nos seus lugares originais quem sabe se teriam sobrevivido? Tantos deles foram destruídos, o que é um pecado...

Acompanham-se o período em que começaram a ser cunhadas moedas. Tem uma coleção imensa das primeiras moedas da Lídia antes da conquista da região pelos Persas. Tem toda a história da navegação grega pelo Mediterrâneo com a fundação das colônias gregas nas regiões do Mar Morto, Mar Negro etc.. A arte de Corinto, braceletes de ouro, alfinetes de prata, estátuas de sereias, leões, grilfos, esfinges, hidras, centauros...milhares de animais e tudo com muitas explicações e significados simbólicos.

São fragmentos da história da arte em todas as suas etapas. Tinha uma sala enorme só dedicada ao vinho, com ânforas de todos os tamanhos. O vinho tinha um significado importante na vida dos gregos. Ali havia os Simpósios que eram reuniões em que os homens conversavam, se socializavam, discutiam política e filosofa, ouviam musica, declamavam poesias e até faziam sexo (com outros homens ou com mulheres). E o vinho tinha uma importância capital nessas reuniões. Havia até uma regra para a diluição do vinho com partes de água, pois beber o vinho puro sem diluir era considerado um costume bárbaro.

E passa-se pelas guerras, pelo comércio. Centenas de estátuas sem cabeças e cabeças de estátuas sem os corpos, mostrando o que esses objetos passaram ate chegarem aqui. Muitos foram vandalizados nas guerras de conquistas entre eles, saques, piratarias. Essa região possuía muitas minas de mármore e os artistas eram muitos e talentosos. Passa-se pelo período de ouro de Atenas, a era de Péricles ate o declínio após as guerras contra Esparta...

Atravessam-se diversas salas com arte romana. Eles trouxeram paredes inteiras de vilas romanas soterradas pelo Vesúvio próximas a Pompéia, descobertas em escavações. Não são réplicas. São as paredes originais mesmo. Mostra-se o luxo de Roma onde os patrícios, imperadores e suas mulheres usavam sedas da Ásia, pérolas da Britânia, âmbar, esmeraldas, safiras e diamantes. Tudo trazido dos lugares dominados pelos romanos nas suas conquistas pelo mundo.

Além das salas, que já são grandes, há diversos salões gigantes, com tetos altíssimos, abóbadas, corredores larguíssimos, colunas e centenas de estatuas de mármores. Depois entra-se na parte da arte da Oceania onde há predomínio de objetos menos nobres como madeira, palha e fibras com máscaras de rituais religiosos e ídolos de ferro. Depois tem a parte da arte pré-colombiana, com muito ouro e prata do Peru e México antes da conquista pelos espanhóis. Mas eu não sou tão fã dessa parte como da Grécia e Roma.

Tem a parte da arte africana, com os deuses antigos, tudo muito rústico, mas cheio de simbolismo. Passa-se pela parte da arte medieval que é um escândalo. Centenas de estátuas e tapeçarias, imagens de papas, santos, histórias clássicas, retratadas como as lendas gregas. Também há a parte da arte do barroco e do renascimento italiano. Fantásticas esculturas de bronze. Tantas que não se sabe para onde olhar.

Os meus pés, a essa altura, estavam me matando e já estava com fome e ainda não tinha chegado à metade do primeiro andar. Menos de 1/4 do museu. O estômago e os pés mandaram que eu descansasse e almoçasse lá mesmo no MET. Foi uma pausa necessária e providencial para seguir a viagem.

Tinha uma exposição especial (essa parte não dava para fotografar mesmo sem flash) "Esculturas de Bronze da França - Da Renascença à Revolução". Um absurdo de linda. Como podem esses artistas fazerem coisas tão perfeitas assim, os detalhes são incríveis. Não tem palavras para descrever.

Tinha uma parte enorme separada com tetos e paredes de vidros de onde se via o céu e o próprio Central Park, com estatuas de Rodin, como Os Burgueses de Calais. Não são reproduções, mas cópias dos originais feitas e numeradas pelos próprio artistas. Os Burgueses de Calais (a estátua e o fato que a inspirou) tem uma história muito interessante. O original está na cidade de Calais, na França, que não conheci, mas vi uma versão no museu Rodin em Paris e uma outra que fica no parque ao lado do Parlamento em Londres. E vi também quando eles expuseram em São Paulo as obras de Rodin.

Nesse grande salão de esculturas tem muitas outras estátuas de bronze e mármore como o Hércules Arqueiro, de Antoine Bourdelle. Vi uma das cópias na Recoleta, em Buenos Aires, outra cópia no Museu D`Orsay de Paris e a estátua original no próprio Museu Bordelle, em Paris, na casa onde o artista viveu.

Há uma ala imensa com pinturas de El Greco, Goya, Velásquez, Ingres, Van Gogh, Chagal, Picasso, Matisse, Gauguin..... O que é aquilo???Todas as pessoas tinham que conhecer isso!!!

Há dezenas de salas de arte decorativa, o que não dá para imaginar o que é. São simplesmente salas inteiras como elas eram nos séculos 18 e 19. Inteirinhas com mobiliário, tapetes, lustres, pisos, paredes, objetos decorativos, espelhos enormes. As salas são totalmente originais com as histórias todas contadinhas. Nem dá para a pessoa andar por dentro dela direito, pois é tudo original. Tem sofás, camas, cadeiras. Tudo!!!

Meu amigo Beto, que adora espadas de samurais, iria ficar encantado com uma ala inteira dedicada a arte medieval japonesa. Tem dezenas e dezenas de espadas de metais ou marfim e armaduras e máscaras de samurais e shoguns com os cavalos inteiros e tudo. Tudo explicado com as histórias das dinastias japonesas.

E, logicamente, dezenas de armaduras medievais europeias que pertenceram de fato, na Idade Media, a vários reis, duques e nobres cavaleiros da França, Inglaterra e Alemanha. Tem um conjunto inteiro de cavalos com armaduras e seus cavaleiros com trajes completos de ferro.

Saindo dessa primeira ala do térreo, pode-se entrar na segunda ala do museu que é a ala egípcia. Simplesmente maravilhosa. Sarcófagos, pinturas, papiros, tumbas inteiras, milhares de estátuas de deuses e deusas egípcios, de nobres de todas as épocas até da época em que o Egito foi dominado por Roma...Uma coisa que não acabava nunca. Eles têm o Templo de Dendur, que e um tempo inteiro trazido do Egito antes da represa de Assuam cobri-lo pelas águas. É o museu que tem mais objetos do Egito após o museu do Cairo.

Vou parar por aqui mas preciso antes dizer que após sair do Metropolitan passei horas preciosas no Central Park. Mas isso fica para depois.

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