26.9.20

Leituras de Junho a Setembro

 


Aqui estão as minhas últimas leituras nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro. 

Foram 18 livros, 8 deles foram lidos em formato digital e 10 em formato físico. Somente 4 livros foram de não-ficção, sendo dois deles biografias.

Eis a lista:

1 - QUATRO ESTAÇÕES, de Stephen King - Dos quase 80 livros escritos pelo mestre do terror, cerca de 10 são de contos. Quatro Estações é um dos seus melhores livros de contos. Três deles foram adaptados com sucesso para o cinema: os filmes Um Sonho de Liberdade (com Tim Robbins e Morgan Freeman) baseado em "A Primavera Eterna – Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank"; Conta Comigo (com River Phoenix e Kiefer Sutherland), baseado em "Outono da Inocência – O Corpo"; e O Aprendiz (com Ian McKellen), baseado em "Verão da Corrupção – Aluno Inteligente", além do excelente O Método Respiratório, que apesar de não ter virado filme é tão bom que merecia ter crescido para um romance tal seu fôlego.  

2- WILD CARDS 7-A MÃO DO HOMEM MORTO, série editada por George R R Martin (de Game of Thrones) e que dá sequencia às ótimas histórias dos volumes anteriores onde um vírus alienígena atingiu a Terra dando superpoderes a alguns indivíduos (os Ases) e provocando bizarras deficiências em outros (os Curingas). Esse volume transcorre em parte paralelamente ao livro anterior que se passa em Atlanta durante a campanha presidencial. Aqui, uma das curingas mais interessante da série, Chrysalis foi morta (tinha sido morta no livro anterior e aqui há a sequência da história) e um detetive e um policial caçam o assassino. A identidade do criminoso é uma baita surpresa.

 

3- CINCO ESCRITOS MORAIS, de Umberto Eco. Após ter lido quatro romances do autor (O Nome da Rosa, Baudolino, O Cemitério de Praga e A Ilha do Dia Anterior), estava na hora de ler uma das suas obras de não-ficção. Aqui ele reúne cinco ensaios em que discute questões atuais. Em “Pensar a Guerra”, põe em perspectiva as diferenças entre guerras atuais e passadas. Em “O Fascismo Eterno”, chama a atenção para as novas roupagens com que o fascista se apresenta. Em “Sobre a Imprensa” ele mostra como a informação escrita está a reboque da televisão. Em “Quando Entra em Cena o Outro”, discute como a crença na vida eterna condiciona os comportamentos. E no quinto ensaio, “Migrações, Tolerância e Intolerável” trata do racismo e da xenofobia.


4- O CEMITÉRIO, de Stephen King. Também publicado no Brasil com o título O Cemitério Maldito, ficou famoso pelas suas três adaptações para o cinema, mas com abordagens diferentes entre si e também em relação ao livro que as originou. A história do médico Louis que se muda de Chicago com a esposa e o casal fofo de filhos (e um gato. O gato é importante) para uma pequena cidade do Maine (cenário de grande parte das obras de King). Apesar do lugar idílico, a sua bela casa fica num terreno onde existe um cemitério indígena antigo e misterioso que trás de volta à vida entes queridos mortos ali enterrados. Um dos livros mais angustiantes do autor.

5- COLUNA DE FOGO, de Ken Follet. Fechamento da trilogia iniciada com Os Pilares da Terra e que continuou com Mundo Sem Fim. Os três livros são tijolos de quase mil paginas cada. Os dois primeiros foram adaptados para premiadas minisséries. Vários dos romances policiais de Follet já viraram filmes, como O Buraco da Agulha, Na Toca do Leão, a Chave de Rebeca, mas ele não se prende a narrativas policiais, como demonstra esta trilogia histórica que se inicia no reinado de Henrique II, o primeiro rei plantageneta inglês, continua no período de Eduardo III durante a Guerra dos 100 anos e termina na disputa entre as rainhas Mary Stuart e sua prima Elizabeth I.

6- A GAROTA MARCADA PARA MORRER, de David Lagercrantz - Esse é o sexto e último volume da série Millennium e o mais fraco de todos, o que é uma grande pena, pois sou fã da hacker Lisbeth Salander, já vista nas telonas em duas adaptações para o cinema. A série originalmente foi criada por Stieg Larsson que escreveu os três primeiros livros antes de morrer (seriam dez). O trabalho foi assumido depois por David Lagercrantz que concluiu a sequência. Aqui temos uma intrincada história fracamente desenvolvida que começa com um homem encontrado morto num parque de Estocolmo e que desperta o interesse do jornalista Mikael Blomkvist, personagem que divide com Lisbeth o protagonismo de todos os livros. Aqui Salander vai finalmente acertar suas diferenças com a sua perigosa irmã Camilla.

7- OS TRES IMPERADORES, de Miranda Carter. Uma biografia fascinante de mais de 600 páginas sobre três governantes das grandes potências europeias: Grã-Bretanha, Alemanha e Rússia, comandadas por três primos: Jorge V (rei-imperador da Inglaterra, do Império Britânico e da Índia); Guilherme II (o último kaiser alemão) e Nicolau II (o último tzar russo). Juntos, reinaram sobre os últimos anos da Europa dinástica, até a Primeira Guerra Mundial. A biógrafa recheou a obra com dezenas de fotografias da época e farta correspondência trocada entre os primos (netos da rainha Vitória). Para os três imperadores a guerra seria um desastre, acabando seu relacionamento familiar em traições, assassinatos e abdicações.

 

8- JOYLAND, de Stephen King. Livro diferente do que se costuma ler de Stephen King. História de um universitário que decide passar parte das férias em um trabalho temporário no parque de diversões Joyland para esquecer a namorada que partiu seu coração. Em Joyand, um parque no estilo dos anos 70, ele se envolve no mistério da vítima de um serial killer que foi morta ali há muitos anos, e cujo espírito assombra o trem fantasma. Um personagem que rouba a história é Mike, um menino com um dom especial e uma doença incurável. Um livro carregado com toques e nostalgia, drama e algum mistério. Em algumas partes chega mesmo a dar um nó na garganta. King mostra que não é craque apenas no terror puro.

9- A DIVINA COMÉDIA, de Dante Alighieri. Há anos, desejava ler a obra máxima de Dante, mas sempre pensei em qual o melhor momento. Até que uma pessoa próxima começou a se exibir dizendo que estava lendo a obra e tomei isso como um desafio pessoal. Decidi não só ler no formato original em versos traduzidos, mas descobri o incrível site do estudioso Helder da Rocha que fez uma adaptação em prosa com inúmeras notas explicativas muito úteis. Foi uma experiência muito particular e enriquecedora. A obra épica foi escrita no século XIV, não em latim, mas no italiano vulgar, o dialeto de Florença, o que popularizou enormemente o livro. Repleto de simbolismo, dividido em três partes (Inferno, Purgatório e Paraíso) e composto de 100 cantos e 14.233 versos, é considerado o maior poema escrito no Ocidente. Na história acompanhamos os poetas Dante e Virgílio no caminho do Inferno e do Purgatório até chegarmos ao Paraíso, onde Dante encontra sua musa Beatriz.

10- CLARICE, UMA BIOGRAFIA - de Benjamin Moser - A mais completa biografia da escritora Clarice Lispector, com quase 500 páginas e escrita com brilhantismo pelo norte-americano Benjamin Moser (que recentemente escreveu a biografia da genial Susan Sontag). Moser reconstitui a história de Clarice desde os tempo dos seus pais na Ucrânia, perseguidos por serem judeus e obrigados a fugir do país para não morrerem. É um privilégio acompanhar o brilhantismo de Clarice e sua vida difícil, sua personalidade complexa, o drama da esquizofrenia do filho, a sífilis da sua mãe, adquirida num estupro na Ucrânia, o incêndio que quase a matou, a sua dependência de remédios para dormir....A obra de Moser, que a considera a maior escritora judia depois de Kafka, foi responsável por divulgar enormemente o trabalho de Clarice no mundo inteiro. Ele coordena a publicação das suas antologias nos EUA.

       

11, 12 e 13 - O HEREGE, O ARQUEIRO e O ANDARILHO, de Bernard Corwnell. Li os três livros em sequência. Já havia lido do autor sua trilogia das Crônicas de Artur: O Rei do Inverno, O Inimigo de Deus e Excalibur, além das obras Stonehenge e Azincourt. Os três volumes que li agora são integrantes da trilogia: A Busca do Graal. Por ironia, resolvi ler outro livro antes: 1356. Mal sabia que estava lendo o quarto volume da trilogia (uma trilogia com quatro volumes?). Então, ao começar a história do arqueiro inglês Thomas de Hookton, já sabia o que havia acontecido com o Graal, objeto do quarto volume. Independente disso, a história é recheada de batalhas de tirar o fôlego e é tão boa quanto todas as obras do prolífico inglês Bernard Cornwell (tenho 25 livros dele para ler ainda, entre eles os 12 volumes da série das Guerras Napoleônicas e outros 11 das Guerras Saxônicas).

14- O VELHO E O MAR, de Ernest Hemingway – Foi o último livro publicado por Hemingway e o primeiro dele que li. É de uma novela de quase 130 páginas e que infelizmente já conhecia o final, não somente por já ter assistido ao filme adaptado a partir da obra (com a interpretação magnífica de Spencer Tracy), bem como porque no exemplar já se diz o que vai acontecer na história. Mesmo assim, não deixa de ser emocionante acompanha a luta do velho pescador cubano Santiago na sua tentativa desesperada de pescar o maior peixe da sua vida após uma maré de azar. O pequeno Manoin, menino que ajuda o velho pescador é o elemento de vida e emoção que faz um contraponto perfeito com a dureza e a secura do personagem principal. É uma obra que foi citada quando o autor ganhou o Nobel de Literatura em 1954.

 

 15- A MALDIÇÃO DO CIGANO, de Stephen King. Também lançado no Brasil com o título de A Maldição, este foi o 22º livro que li de King e de todos, o de que menos gostei. Tem menos de 300 páginas, mas é um tanto arrastado. Também já havia assistido ao filme que é muito datado. Assim, também já conhecia o final e não me emocionou nem assustou. O livro foi um dos escritos por King com o pseudônimo de Richard Bachman e o título original é “Emagrecido”, em inglês, “Tinner”. A história de um advogado obeso que após atropelar e matar a filha de um velho cigano recebe deste a maldição de emagrecer sem parar independentemente do quanto ele coma.

16- KAFKA À BEIRA-MAR, de Haruki Murakami. Uma decepção. Já li cinco livros de Murakami e gosto de todos, mas fiquei impressionado com a chatice dessa obra. O autor arrasta uma história boba por mais de 500 páginas, em que o excessivo detalhismo e os fracos diálogos chegam a ser constrangedores. Murakami está todo ano cotadíssimo para o Nobel de Literatura com fãs pelo mundo inteiro, inclusive eu, mas aqui achei uma tortura ler o livro até o fim e mesmo o realismo fantástico que sempre me agrada nos livros de Garcia Márquez e Salman Rushdie, aqui soa forçado. Ainda não entendo como esse livro tem mais de 90% de aprovação. Suspeito fortemente que há pessoas que não têm coragem de dizer que não gostaram e querem passar a impressão de descolados. Esse cara não sou eu.


17- EM NOME DE DEUS, de Karen Armstrong
. Após ler vários romances em sequência gosto de variar um pouco e ler uma biografia ou um livro de não ficção e há tempos este livro da ex-freira católica Karen Armstrong, considerada uma das principais autoridades em história das religiões estava na minha lista. Nesse livro ela analisa os movimentos fundamentalistas surgidos das três principais religiões monoteístas. Ela parte do ano de 1492, quando ocorreram episódios históricos decisivos para cristãos, muçulmanos e judeus. O livro se apoia em ampla documentação e bibliografia e a leitura flui facilmente. O tema da história das religiões me agrada muito. 

18 - DEUSES AMERICANOS, de Neil Gaiman. É pura coincidência ler um livro sobre deuses logo em seguida de outro. Há tempos me devia a leitura de uma obra de Neil Gaiman, um autor que tem uma legião de adoradores, mas sempre suspeitei que não era minha praia. Dito e feito: o livro é muito chato e a narrativa não me agradou. Isso parecerá heresia para muita gente, mas não comprei a história nem os personagens me agradaram, principalmente os dois principais. Como há uma série de tv aclamada baseada no livro, aproveitei o embalo para assistir à série também, mas se não fosse pela beleza da produção visual e da ótima trilha sonora o audiovisual não fica muito à frente do livro. Chatíssimos ambos. Acho que não pretendo ler mais nada desse autor. Só ficou uma frase na memória: “Todas as horas ferem. A última mata”.