LIVROS LIDOS DE JANEIRO A MAIO DE 2022
Há 4 anos
publico uma breve resenha dos livros lidos no ano. Para alguns deles, quando me
animo, dedico resenhas maiores. Nos últimos quatro anos, minha média anual de
leituras está em 56 livros. Foram 40 em 2018; 68 em 2019; 61 em 2020; e 55 em 2021.
Divido as postagens sempre em três blocos Aqui estão os 21 livros que li de Janeiro a Maio deste ano. Foram 8 em papel e 13 em e-book, hábito que pensei que jamais fosse me acostumar de tanto que adoro os livros físicos, mas a praticidade do digital me fez capitular.
1-O COLAR DA
RAINHA
– Primeiro livro que li de Alexandre Dumas. Uma intrincada
história cheia de reviravoltas sobre uma ambiciosa criada da rainha francesa
Maria Antonieta, fisicamente muito parecida com a patroa, que aproveita disso
para participar de uma trama para minar a já fragilizada reputação da realeza.
O livro é um romance histórico que trata das excentricidades da alta nobreza
francesa e do declínio da monarquia naquele país mesclando história e ficção
numa trama deliciosa e breve.
2 e 3- OS CAÇADORES DE DUNA e OS VERMES DE AREIA DE DUNA- Após os seis primeiros e excelentes livros da saga original de Duna, o filho do autor, Brian Herbert, escreveu novas histórias. Esses dois novos livros deram sequência à série. Aqui, núcleos separados irão se encontrar no último livro num final apoteótico, mas um tanto anticlimático. São muitos personagens que vamos reencontrar e também novos, muitas tramas impossíveis de acompanhar para quem não leu ao menos o último livro da hexalogia original. Foram publicados também livros cujas narrativas cronologicamente antecedem a saga original: desses eu já havia lido A Casa Atreides e A Casa Harkonnen, faltando o terceiro volume, A Casa Corrino.
4-O OUTONO DA
IDADE MÉDIA-
Publicado em 1919, este livro é considerado um dos mais importantes já escritos
sobre a Idade Média. Escrito pelo historiador holandês Johan Huizinga, tem mais
de 550 páginas com um texto deliciosamente fluido, apesar de tratar de um tema
aparentemente complexo que é o período final da Idade Média, o autor,
sabiamente, utilizou métodos e fontes que não eram usuais na época,
aproximando-se do que tempos depois seria batizado de História das
Mentalidades. Aqui, a vida medieval é
retratada cultura e artisticamente com seus profundos aspectos religiosos e
políticos além dos seus modos cotidianos de lidar com a felicidade, os lutos,
as guerras, os medos e os afetos. Já escrevi uma resenha completa sobre ele no
blog.
5-O CREPÚSCULO E
A AURORA- Este
livro do autor britânico Ken Follett é o quarto volume da história que começa
no monumental Os Pilares da Terra,
continua com Mundo Sem Fim e segue
com Coluna de Fogo, na chamada Saga
Kingsbridge. Se nos três livros anteriores a história acontecia numa sequência
temporal, aqui os fatos acontecem cronologicamente antes dos demais, perto do ano 1.000 na
Inglaterra, com ataques de vikings e tramas que seguem o mesmo ritmo dos outros
livros com personagens carismáticos sofrendo, enfrentando nobres poderosos,
religiosos inescrupulosos e tramas cheias de traição e um tanto de final feliz.
Vale muito a leitura das quatro obras, pois o autor é mestre nas
reconstituições históricas.
6-ASCENSÃO – Este foi o 36º livro de Stephen King que li (abaixo, os outros três que completam os 38 dele que
li). Uma história que lembra a do seu livro A Maldição do Cigano. Aqui temos um homem que de repente começa a
perder muito peso, mas sem alterar sua aparência. Um livro curto (apenas 144
páginas) para os padrões verborrágicos do autor e não se trata de um livro de
terror como alguns dos mais conhecidos de King. Quem dera o autor conseguisse
ser objetivo e retirar tanta gordura desnecessária de outros filmes como fez
nesse ótimo livro Ascensão.
7-LOVE A
HISTÓRIA DE LISEY – Aqui
King nos empurra 680 desnecessárias páginas (podia ter cortado metade) de uma
história de amor entremeada de um tipo de viagem por psicotrópico. Temos aqui um
escritor dominado pelos seus demônios e cujo amor da esposa é um tipo de
salvação. Após ler o livro, assisti à série da Apple TV com Julianne Moore e
Clive Owen com cenas violentíssimas e chega a ser mais “doida” do que o
livro. Os vilões, o psicopata Dooley e o fantasmagórico
Rapaz Espichado não são assustadores ou carismáticos suficientes para carregar
o antagonismo da história. Lembrando tantos personagens assustadores já criados
por King, o mestre aqui ficou devendo. Dois vilões que não valem meio.
8-SACO DE OSSOS
– O
pior livro de Stephen King que já li, com suas infinitas 568 páginas, que
mereciam uma machadada ao meio. Vi o filme homônimo e achei tão
fraco quanto, com a vantagem de ter eliminado a gordura
desnecessária. Outro livro sobre um escritor que aqui sofre de bloqueio criativo após a morte da esposa. Ainda
em luto, ele resolve voltar à casa de veraneio à beira de um lago para se
inspirar (no filme ele segue para a casa do lago pouco tempo após a
morte da mulher, mas no livro King o arrasta por mais de cem páginas até decidir leva-lo à tal casa) onde ele vai se
envolver numa história de custódia de criança e atormentados fantasmas do passado.
9-STEPHEN KING
VAI AO CINEMA-
Livro que reúne cinco contos já publicados em outros livros de King com
comentários novos do autor sobre cada conto e suas adaptações cinematográficas.
Dos cinco contos eu já havia lido dois (Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank
e As Crianças do Milharal) então valeu muito a leitura dos outros três (1408; A
Máquina de Passar Roupas e Low Men in Yellow Coats), o último deles ainda não
publicado no Brasil já que pertence ao livro Hearts in Atlantis e que traz personagens do multiverso de King com
muitas referências à excelente série A Torre Negra. Recomendo muito aos fãs do
autor.
10- FRANKENSTEIN – De tanto que essa história está
presente no nosso imaginário, fico até surpreso de somente este ano, aos 58, eu
ter lido esse clássico da inglesa Mary Shelley. Com o subtítulo de O Prometeu
Moderno, conta a conhecida história do médico de Victor Frankenstein que
conseguiu dar vida a um ser morto e assustador. A partir do “nascimento” então,
criador e criatura vivem num jogo de perseguição repleto de horror. É o
primeiro livro de ficção científica da literatura mundial a se tornar um
clássico do terror e é importante lembrar que se trata de uma obra escrita por
uma mulher, e no começo dos anos 1800, o que não é pouca coisa.
11-AS SOMBRAS DO MAL - AS FITAS
DE BLACKWOOD- Primeiro livro que li da
dupla Guillermo del Toro e Chuck Hogan, apesar de já ter comprado há tempos e
ainda não ter lido seus três primeiros livros: Noturno, A Queda e Noite Eterna.
Aqui temos o trabalho conjunto de uma agente do FBI com o enigmático Hugo
Blackwoood. A agente testemunha um crime brutal e inexplicável e começa a questionar
sua própria sanidade. Ela encontra fitas antigas que a levarão até um
fascinante homem que é a chave para desvendar o que aconteceu com o seu
parceiro e ainda defender a humanidade de uma ameaça sem rosto: os incorpóreos,
espíritos que se alimentam de emoções e que só buscam o êxtase da morte e do
caos. Excelente.
12-A CASA
SOTURNA-
De Charles Dickens. Foi o primeiro livro de Dickens que li e escrevi no blog
uma resenha inteira. Em suas 800 páginas, o autor
discorre sobre temas sempre presentes nos seus livros, como o
sofrimento das crianças pobres nas ruas inglesas. Infelizmente o livro, que estava esgotado há anos, foi relançado com
graves problemas na tradução e erros de revisão. Descuido pela
tradução de termos de uso lusitano no lugar de brasileiros, como “quinta”, para
terreno; “miúdo”, para criança; “gira”, para maluco e “algibeira”, para bolso.
Dickens tece críticas
ácidas ao Judiciário por meio do motor da história: um processo que se arrasta
por gerações sem jamais chegar perto de uma solução.
13-MANSFIELD
PARK– Segundo livro
que li da inglesa Jane Austen (após A Abadia de Nothanger) Com 608 páginas,
acompanhamos a inesperada heroína Fanny Price, que não é uma protagonista óbvia
já que não é vigorosa, aventureira ou audaz mas sim uma moça frágil, insegura
tímida que deixa a casa dos pais pobres para morar com os tios ricos onde
convive com parentes muito diferentes e complicados. Este é o romance da
maturidade de Jane Austen e contido em comparação aos seus livros anteriores
Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade (que ainda não li). A excelente
edição da Penguin-Companhia das Letras traz ainda textos adicionais de
análises de críticos e notas explicativas sobre a obra, a autora e o contexto
histórico.
14,
15 e 16-FUNDAÇÃO, FUNDAÇÃO E IMPÉRIO e SEGUNDA FUNDAÇÃO – Escrevi no
blog uma resenha completa sobre esses três livros de Isaac Asimov, de quem só
havia lido dois livros (Eu Robô e O Homem
Bicentenário). Há mais quatro livros que completam a saga mas ainda não os li.
Confesso a minha decepção com a leitura pois a saga carece de fôlego narrativo, pois no fundo são contos
encadeados para virarem livros, e nem são livros grandes. Nenhum dos três tem
mais de 230 páginas cada, com personagens importantes desaparecendo em pouco
tempo com os saltos temporais. A primeira temporada da série da Apple TV, adaptação
da saga tem inegável riqueza da superprodução mas não segue fielmente a trama
dos livros, sendo uma história dos vácuos deixados pelos originais. Achei
até melhor do que o original, o que é raro de acontecer.
17-O LIVRO DO
DESASSOSSEGO – O
livro considerado a obra máxima de Fernando Pessoa. Assinado pelo
semi-heterônimo Bernardo Soares. Um livro clássico para ser lido, relido com
calma, como verdadeira obra de consulta e referência. Uma obra existencialista,
repleta de reflexões e questões filosóficas que merecem ser degustadas com
paciência e sem pressa pelos leitores. O meu exemplar praticamente não tinha
mais espaço para marcações. É tudo perfeito. Não sei como alguém pode ser tão
genial como Fernando Pessoa na literatura. Tudo é perfeito. Ainda irei reler o
livro muitas vezes, eu sei.
18-SANGUE NA
NEVE –
Há mais de um ano não lia outro livro de um dos meus escritores favoritos, o
autor norueguês Jo Nesbo, de quem já havia devorado nove obras. Neste romance
não temos o protagonista de vários dos livros do autor, o atormentado policial
Harry Hole, mas, temos outro atormentado, Olav, cujo único talento
é matar. Mas, apesar de ser um exímio matador de aluguel, Olav tem uma natureza sensível e seu último trabalho será matar a esposa do
chefão das drogas de Oslo que estaria traindo o marido. Com elementos noir, Olav se apaixona
pela mulher do chefe e decide que pela primeira vez não vai cumprir um
trabalho, erro que lhe cobrará um preço emocional e psicologicamente altíssimo. Nesbo sempre afiado como uma navalha.
19-SERIAL KILLERS - ANATOMIA
DO MAL- Livro de 480 páginas do estudioso Harold Schrechter, anunciado como: “O
dossiê definitivo sobre assassinos em série”, tem uma edição em capa dura
ilustrada da editora Dark Side. Infelizmente, a versão digital que li não
corresponde exatamente ao original devido aos erros de tradução e falhas
primárias como traduzir o grupo The Police como “Polícia” ou a canção
Psycho-Killer do Talking Heads como Psico-assassino. Apesar disso, é uma
leitura interessante que relaciona psicopatas em série da história que
inspiraram filmes, livros e canções como Norman Bates (Psicose), Hannibal
Lecter (O Silêncio dos Inocentes), Jack, o Estripador e inúmeros outros com
estatísticas intrigantes: 76% dos serial-killers são dos EUA onde 84% são
brancos, 90% são homens e 65% das vítimas são mulheres.
20-ELIZABETH I-
UMA BIOGRAFIA-Escrito pela jornalista inglesa
Lisa Hilton e com 416 páginas é anunciado como um retrato definitivo da Rainha
Virgem. Filha de Henrique VIII e Ana Bolena, Elizabeth reinou por 45 anos e foi
considerada uma das maiores governante da história da Inglaterra. O livro
mostra que o país sob seu comando se tornou a grande potência política,
econômica e cultural do Ocidente e recria não apenas o cenário da era
elizabetana, mas a complexidade da personalidade da rainha que a vida toda
lutou contra os fantasmas da decapitação da mãe por ordem do pai, a permanente
suspeita de bastardia e o "fantasma" de Maria Stuart, prima e rainha
que mandou decapitar.
21-GUIA DE
LEITURA: 100 AUTORES QUE VOCE PRECISA LER- Coleção de breves resenhas de diversos
autores, sob a organização de Léa Messina, guia que apresenta, de modo sucinto, cem escritores que se destacam no ramo da ficção e que, através dos séculos,
deixaram sua marca na imaginação humana. Traz ensaios de críticos
literários, jornalistas, escritores e professores apaixonados pela leitura. A
lista tem autores de todo o mundo, atuais e da antiguidade. Valioso como obra de referência. Dos 100 listados, já havia lido mais da metade, outros estavam
esperando na minha estante para serem lidos. Agora, tenho como meta, incluir na
minha lista de leituras obras de outros autores deste guia. Alguns
deles, confesso, ainda não conhecia.
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