31.5.22

ÚLTIMAS LEITURAS

 

LIVROS LIDOS DE JANEIRO A MAIO DE 2022

Há 4 anos publico uma breve resenha dos livros lidos no ano. Para alguns deles, quando me animo, dedico resenhas maiores. Nos últimos quatro anos, minha média anual de leituras está em 56 livros. Foram 40 em 2018; 68 em 2019; 61 em 2020; e 55 em 2021.

Divido as postagens sempre em três blocos Aqui estão os 21 livros que li de Janeiro a Maio deste ano. Foram 8 em papel e 13 em e-book, hábito que pensei que jamais fosse me acostumar de tanto que adoro os livros físicos, mas a praticidade do digital me fez capitular.

1-O COLAR DA RAINHA – Primeiro livro que li de Alexandre Dumas. Uma intrincada história cheia de reviravoltas sobre uma ambiciosa criada da rainha francesa Maria Antonieta, fisicamente muito parecida com a patroa, que aproveita disso para participar de uma trama para minar a já fragilizada reputação da realeza. O livro é um romance histórico que trata das excentricidades da alta nobreza francesa e do declínio da monarquia naquele país mesclando história e ficção numa trama deliciosa e breve.



2 e 3- OS CAÇADORES DE DUNA e OS VERMES DE AREIA DE DUNA- Após os seis primeiros e excelentes livros da saga original de Duna, o filho do autor, Brian Herbert, escreveu novas histórias. Esses dois novos livros deram sequência à série. Aqui, núcleos separados irão se encontrar no último livro num final apoteótico, mas um tanto anticlimático. São muitos personagens que vamos reencontrar e também novos, muitas tramas impossíveis de acompanhar para quem não leu ao menos o último livro da hexalogia original. Foram publicados também livros cujas narrativas cronologicamente antecedem a saga original: desses eu já havia lido A Casa Atreides e A Casa Harkonnen, faltando o terceiro volume, A Casa Corrino.

4-O OUTONO DA IDADE MÉDIA- Publicado em 1919, este livro é considerado um dos mais importantes já escritos sobre a Idade Média. Escrito pelo historiador holandês Johan Huizinga, tem mais de 550 páginas com um texto deliciosamente fluido, apesar de tratar de um tema aparentemente complexo que é o período final da Idade Média, o autor, sabiamente, utilizou métodos e fontes que não eram usuais na época, aproximando-se do que tempos depois seria batizado de História das Mentalidades.  Aqui, a vida medieval é retratada cultura e artisticamente com seus profundos aspectos religiosos e políticos além dos seus modos cotidianos de lidar com a felicidade, os lutos, as guerras, os medos e os afetos. Já escrevi uma resenha completa sobre ele no blog.

5-O CREPÚSCULO E A AURORA- Este livro do autor britânico Ken Follett é o quarto volume da história que começa no monumental Os Pilares da Terra, continua com Mundo Sem Fim e segue com Coluna de Fogo, na chamada Saga Kingsbridge. Se nos três livros anteriores a história acontecia numa sequência temporal, aqui os fatos acontecem cronologicamente antes dos demais, perto do ano 1.000 na Inglaterra, com ataques de vikings e tramas que seguem o mesmo ritmo dos outros livros com personagens carismáticos sofrendo, enfrentando nobres poderosos, religiosos inescrupulosos e tramas cheias de traição e um tanto de final feliz. Vale muito a leitura das quatro obras, pois o autor é mestre nas reconstituições históricas.

6-ASCENSÃOEste foi o 36º livro de Stephen King que li (abaixo, os outros três que completam os 38 dele que li). Uma história que lembra a do seu livro A Maldição do Cigano. Aqui temos um homem que de repente começa a perder muito peso, mas sem alterar sua aparência. Um livro curto (apenas 144 páginas) para os padrões verborrágicos do autor e não se trata de um livro de terror como alguns dos mais conhecidos de King. Quem dera o autor conseguisse ser objetivo e retirar tanta gordura desnecessária de outros filmes como fez nesse ótimo livro Ascensão.

7-LOVE A HISTÓRIA DE LISEY Aqui King nos empurra 680 desnecessárias páginas (podia ter cortado metade) de uma história de amor entremeada de um tipo de viagem por psicotrópico. Temos aqui um escritor dominado pelos seus demônios e cujo amor da esposa é um tipo de salvação. Após ler o livro, assisti à série da Apple TV com Julianne Moore e Clive Owen com cenas violentíssimas e chega a ser mais “doida” do que o livro. Os vilões, o psicopata Dooley e o fantasmagórico Rapaz Espichado não são assustadores ou carismáticos suficientes para carregar o antagonismo da história. Lembrando tantos personagens assustadores já criados por King, o mestre aqui ficou devendo. Dois vilões que não valem meio.

 

8-SACO DE OSSOS O pior livro de Stephen King que já li, com suas infinitas 568 páginas, que mereciam uma machadada ao meio. Vi o filme homônimo e achei tão fraco quanto, com a vantagem de ter eliminado a gordura desnecessária. Outro livro sobre um escritor que aqui sofre de bloqueio criativo após a morte da esposa. Ainda em luto, ele resolve voltar à casa de veraneio à beira de um lago para se inspirar (no filme ele segue para a casa do lago pouco tempo após a morte da mulher, mas no livro King o arrasta por mais de cem páginas até decidir leva-lo à tal casa) onde ele vai se envolver numa história de custódia de criança e atormentados fantasmas do passado. 

 

9-STEPHEN KING VAI AO CINEMA- Livro que reúne cinco contos já publicados em outros livros de King com comentários novos do autor sobre cada conto e suas adaptações cinematográficas. Dos cinco contos eu já havia lido dois (Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank e As Crianças do Milharal) então valeu muito a leitura dos outros três (1408; A Máquina de Passar Roupas e Low Men in Yellow Coats), o último deles ainda não publicado no Brasil já que pertence ao livro Hearts in Atlantis e que traz personagens do multiverso de King com muitas referências à excelente série A Torre Negra. Recomendo muito aos fãs do autor.

10- FRANKENSTEIN – De tanto que essa história está presente no nosso imaginário, fico até surpreso de somente este ano, aos 58, eu ter lido esse clássico da inglesa Mary Shelley. Com o subtítulo de O Prometeu Moderno, conta a conhecida história do médico de Victor Frankenstein que conseguiu dar vida a um ser morto e assustador. A partir do “nascimento” então, criador e criatura vivem num jogo de perseguição repleto de horror. É o primeiro livro de ficção científica da literatura mundial a se tornar um clássico do terror e é importante lembrar que se trata de uma obra escrita por uma mulher, e no começo dos anos 1800, o que não é pouca coisa.

11-AS SOMBRAS DO MAL - AS FITAS DE BLACKWOOD-  Primeiro livro que li da dupla Guillermo del Toro e Chuck Hogan, apesar de já ter comprado há tempos e ainda não ter lido seus três primeiros livros: Noturno, A Queda e Noite Eterna. Aqui temos o trabalho conjunto de uma agente do FBI com o enigmático Hugo Blackwoood. A agente testemunha um crime brutal e inexplicável e começa a questionar sua própria sanidade. Ela encontra fitas antigas que a levarão até um fascinante homem que é a chave para desvendar o que aconteceu com o seu parceiro e ainda defender a humanidade de uma ameaça sem rosto: os incorpóreos, espíritos que se alimentam de emoções e que só buscam o êxtase da morte e do caos. Excelente.

12-A CASA SOTURNA- De Charles Dickens. Foi o primeiro livro de Dickens que li e escrevi no blog uma resenha inteira. Em suas 800 páginas, o autor discorre sobre temas sempre presentes nos seus livros, como o sofrimento das crianças pobres nas ruas inglesas. Infelizmente o livro, que estava esgotado há anos, foi relançado com graves problemas na tradução e erros de revisão. Descuido pela tradução de termos de uso lusitano no lugar de brasileiros, como “quinta”, para terreno; “miúdo”, para criança; “gira”, para maluco e “algibeira”, para bolso. Dickens tece críticas ácidas ao Judiciário por meio do motor da história: um processo que se arrasta por gerações sem jamais chegar perto de uma solução.

13-MANSFIELD PARK– Segundo livro que li da inglesa Jane Austen (após A Abadia de Nothanger) Com 608 páginas, acompanhamos a inesperada heroína Fanny Price, que não é uma protagonista óbvia já que não é vigorosa, aventureira ou audaz mas sim uma moça frágil, insegura tímida que deixa a casa dos pais pobres para morar com os tios ricos onde convive com parentes muito diferentes e complicados. Este é o romance da maturidade de Jane Austen e contido em comparação aos seus livros anteriores Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade (que ainda não li). A excelente edição da ‎ Penguin-Companhia das Letras traz ainda textos adicionais de análises de críticos e notas explicativas sobre a obra, a autora e o contexto histórico.


14, 15 e 16-FUNDAÇÃO, FUNDAÇÃO E IMPÉRIO e SEGUNDA FUNDAÇÃO – Escrevi no blog uma resenha completa sobre esses três livros de Isaac Asimov, de quem só havia lido dois livros (Eu Robô e O Homem Bicentenário). Há mais quatro livros que completam a saga mas ainda não os li. Confesso a minha decepção com a leitura pois a saga carece de fôlego narrativo, pois no fundo são contos encadeados para virarem livros, e nem são livros grandes. Nenhum dos três tem mais de 230 páginas cada, com personagens importantes desaparecendo em pouco tempo com os saltos temporais. A primeira temporada da série da Apple TV, adaptação da saga tem inegável riqueza da superprodução mas não segue fielmente a trama dos livros, sendo uma história dos vácuos deixados pelos originais. Achei até melhor do que o original, o que é raro de acontecer.

 

17-O LIVRO DO DESASSOSSEGO O livro considerado a obra máxima de Fernando Pessoa. Assinado pelo semi-heterônimo Bernardo Soares. Um livro clássico para ser lido, relido com calma, como verdadeira obra de consulta e referência. Uma obra existencialista, repleta de reflexões e questões filosóficas que merecem ser degustadas com paciência e sem pressa pelos leitores. O meu exemplar praticamente não tinha mais espaço para marcações. É tudo perfeito. Não sei como alguém pode ser tão genial como Fernando Pessoa na literatura. Tudo é perfeito. Ainda irei reler o livro muitas vezes, eu sei.

18-SANGUE NA NEVE Há mais de um ano não lia outro livro de um dos meus escritores favoritos, o autor norueguês Jo Nesbo, de quem já havia devorado nove obras. Neste romance não temos o protagonista de vários dos livros do autor, o atormentado policial Harry Hole, mas, temos outro atormentado, Olav, cujo único talento é matar. Mas, apesar de ser um exímio matador de aluguel, Olav tem uma natureza sensível e seu último trabalho será matar a esposa do chefão das drogas de Oslo que estaria traindo o marido. Com elementos noir, Olav se apaixona pela mulher do chefe e decide que pela primeira vez não vai cumprir um trabalho, erro que lhe cobrará um preço emocional e psicologicamente altíssimo. Nesbo sempre afiado como uma navalha.

19-SERIAL KILLERS - ANATOMIA DO MAL- Livro de 480 páginas do estudioso Harold Schrechter, anunciado como: “O dossiê definitivo sobre assassinos em série”, tem uma edição em capa dura ilustrada da editora Dark Side. Infelizmente, a versão digital que li não corresponde exatamente ao original devido aos erros de tradução e falhas primárias como traduzir o grupo The Police como “Polícia” ou a canção Psycho-Killer do Talking Heads como Psico-assassino. Apesar disso, é uma leitura interessante que relaciona psicopatas em série da história que inspiraram filmes, livros e canções como Norman Bates (Psicose), Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes), Jack, o Estripador e inúmeros outros com estatísticas intrigantes: 76% dos serial-killers são dos EUA onde 84% são brancos, 90% são homens e 65% das vítimas são mulheres.

 

20-ELIZABETH I- UMA BIOGRAFIA-Escrito pela jornalista inglesa Lisa Hilton e com 416 páginas é anunciado como um retrato definitivo da Rainha Virgem. Filha de Henrique VIII e Ana Bolena, Elizabeth reinou por 45 anos e foi considerada uma das maiores governante da história da Inglaterra. O livro mostra que o país sob seu comando se tornou a grande potência política, econômica e cultural do Ocidente e recria não apenas o cenário da era elizabetana, mas a complexidade da personalidade da rainha que a vida toda lutou contra os fantasmas da decapitação da mãe por ordem do pai, a permanente suspeita de bastardia e o "fantasma" de Maria Stuart, prima e rainha que mandou decapitar.

21-GUIA DE LEITURA: 100 AUTORES QUE VOCE PRECISA LER- Coleção de breves resenhas de diversos autores, sob a organização de Léa Messina, guia que apresenta, de modo sucinto, cem escritores que se destacam no ramo da ficção e que, através dos séculos, deixaram sua marca na imaginação humana. Traz ensaios de críticos literários, jornalistas, escritores e professores apaixonados pela leitura. A lista tem autores de todo o mundo, atuais e da antiguidade. Valioso como obra de referência. Dos 100 listados, já havia lido mais da metade, outros estavam esperando na minha estante para serem lidos. Agora, tenho como meta, incluir na minha lista de leituras obras de outros autores deste guia. Alguns deles, confesso, ainda não conhecia.


1 comment:

Manoel Pinto said...

Excelentes sinopses, detalha com clareza os livros e seus títulos. 👏👏👏👏👏