Um ano na expectativa das férias e agora, de volta ao
batente, previsível que sou, ao cabo de cada outubro tenho um só assunto: a
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Mas o que fazer se todos os anos,
no balanço do melhor que fiz nos 365 dias passados, a maratona de filmes na Mostra
ocupa sempre os primeiros lugares?
Dessa vez foi especial, pois finalmente consegui comprar o
passaporte que dá direito a 40 filmes. Esses passaportes acabam no primeiro dia
de venda e os jornais mostraram a fila
de cinéfilos que se formou a partir das 6h da manhã na frente da Central da
Mostra com centenas de pessoas dispostas a comprar os tais passaportes
(limitados) que dão direito a assistir 20, 40 ou quantos filmes a pessoa
quiser, pagando valores mais baixos do que pagaria na bilheteria.
A 38ª Mostra de São Paulo é a minha 12ª consecutiva e este
ano homenageou Pedro Almodóvar com a exibição de quase todos os seus filmes. Em
15 dias foram apresentados 331 filmes entre documentários, ficções, curtas e
animações, a maioria inéditos, em 34 cinemas, auditórios e anfiteatros
espalhados por toda capital, além do vão livre do MASP e o Parque do
Ibirapuera. Em muitos lugares o acesso é grátis. Tive o privilégio, este ano de
ter uma foto minha publicada no Caderno Ilustrada da Folha de São Paulo, em uma
coluna sobre os Humanos na Mostra que a cada dia escolhia um cinéfilo para
contar sua história.
Com o
passaporte para 40 filmes garantido não precisei enfrentar filas, o que é um
adianto, além de ter a chance de pegar os ingressos com dias de antecedência,
escapando do risco de salas lotadas. Outra tranquilidade é aproveitar filmes de
salas mais distantes do centro sem medo de encontrar lotação esgotada e perder
a viagem.
Entre os
grandes baratos da Mostra estão os filmes de países longínquos como Geórgia,
Macedônia, Azerbaijão entre outros que fatalmente nunca passarão do Brasil
sendo essa a única chance de assistir a eles. Mesmo filmes espetaculares de
países como Espanha, Equador, China e Venezuela, que vi há anos, jamais passaram
em Salvador.
Sempre comento sobre a fauna da Mostra, sobre os tipos
humanos curiosos que todo ano vejo. Cada um renderia uma reportagem, de tão
exóticos, ricos em experiências ou de comportamentos extravagantes. O ano
passado escrevi sobre o velhinho que a cada ano fica mais decrépito e que
frequenta a Mostra deste a primeira edição. Este ano achei que ele não tinha
resistido à velhice e morrido, até que senti um fortíssimo cheiro de urina na
sala do SESC e logo imaginei que ele estava por ali. Há algum tempo ele sofre
de incontinência urinária mas sabe quais os melhores filmes. O fato de uma sala
da Mostra cheirar a urina significam duas coisas: Sérgio está lá e o filme será
bom.
Emagreci
alguns quilos, pois durante essas semanas conto nos dedos os dias em que não
pulei o almoço ou o jantar, me conformando com sanduiches, cafés e pães de
queijo. Para ver o maior número de filmes, comer corretamente se torna um luxo
a que o cinéfilo da Mostra não pode se dar. Nessas horas a mochila, velha companheira,
abrigava catálogo e guia da mostra, celular (desligado), barras de cereais,
tabletes de chocolate e tudo que pudesse ser mastigado com praticidade. Há os
que levam garrafonas de água ou frutas. Tem um cara que come pencas de banana.
Tem de tudo.
Bem, acabaram sendo 41 filmes se eu contar os três
insuportáveis que larguei na metade. Entre as 17 diferentes premiações, dos
filmes que vi destaco os que conquistaram:
Prêmio do Público de melhor ficção internacional RELATOS
SELVAGENS.
Prêmio da Crítica de melhor filme: LEVIATÃ.
Menção Honrosa da Crítica: A ILHA DOS MILHARAIS.
Menção Honrosa da Crítica: O PEQUENO QUINQUIN.
Prêmio ABRACCINE:
CASA GRANDE.
Prêmio Associação Autores de Cinema de Melhor Roteiro: A
GANGUE
Segue abaixo minha seleção pessoal na ordem dos melhores
para os piores.
NOTA 10
O PRÍNCIPE – Filme iraniano que na minha opinião é
uma perfeita tradução da capacidade do cinema de transformar a vida de uma
pessoa. Trata-se de um docudrama quase metalinguístico que conta a história de
Jalil Nazari, em 1997, então um garoto
de 17 anos que deixa o Afeganistão controlado pelo Talibã e busca refúgio no
Irã, onde sobrevive de pequenos trabalhos. Um dia ele ganha o papel principal
num filme iraniano pois todos sabemos que os diretores iranianos são famosos
por trabalharem com não atores. O filme, Djomeh, é selecionado para o Festival
de Cannes de 2000 e vence o prêmio Caméra D’Or, abrindo novos horizontes para o
rapaz. Toda a história que se segue acompanha as dificuldades reais de Jalil em
sair do Irã e viver na Alemanha como um refugiado mesmo tendo recebido
importantes prêmios em vários festivais europeus. A história da solidão dele no
Irã, longe da família, é praticamente a cópia da solidão do seu personagem no
cinema e depois a sua solidão como refugiado em Hamburgo. Para mim, um dos
melhores filmes da Mostra.
DANCING ARABS – Esse filme israelense levou várias pessoas
do cinema em que eu estava às lágrimas. É de uma delicadeza impressionante.
Dirigido por Eran Rikilis, o mesmo dos ótimos Noiva Síria e Lemon Tree mostra
Israel nos anos 90 e a história do menino Eyad, um palestino-israelense que é
aceito numa prestigiosa escola judaica em Jerusalém. Ele é extremamente
inteligente e por isso conquista a bolsa de estudos, mas logo enfrenta
problemas com a língua, a cultura e a religiosidade. Ao tentar encontrar o seu
próprio caminho em meio aos conflitos entre Israel e árabes, ele se torna amigo
de um menino judeu com distrofia muscular e se apaixona por uma garota judia.
Ele percebe que para ser aceito como um igual, dissipar os preconceitos, poder
trabalhar e amar, terá que fazer sacrifícios pessoais. O diretor trata todos
esses dilemas e as decisões difíceis de Eyad quase com amor. Prepare o lenço.
Do meu lado no cinema um casal chorava muito e quando fui reparar era o homem
quem chorava enquanto a mulher o abraçava dando apoio. Achei linda a cena. Uma
lição para a convivência de culturas aparentemente inconciliáveis.
RELATOS SELVAGENS- Uma preciosidade produzido por Pedro
Almodóvar com participação do ator Ricardo Darin. Seis
histórias de humor negro em torno da vingança. Diante de uma
realidade cruel e imprevisível, os personagens caminham sobre a linha tênue que
separa a civilização da barbárie. Uma traição amorosa, o retorno do passado,
uma tragédia ou mesmo a violência de um pequeno detalhe cotidiano são capazes
de empurrar estes personagens ao inegável prazer de perder o controle.
NOTA 9
WINTER SLEEP – Um filme que tem mais de três horas
de duração mas com diálogos tão inteligentes e ricos que em momento algum chega
a cansar. Já vi filmes de meia hora que me fizeram dormir de tédio e este aqui
não me fez piscar o olho. Uma produção da Turquia, Alemanha, França conta a
história de um homem que administra um pequeno hotel na Anatólia com sua esposa
bem mais jovem com quem tem uma relação turbulenta, e com sua irmã que ainda
sofre com o recente divórcio. No inverno, com a neve cobrindo pouco a pouco a
paisagem da estepe, o hotel torna-se um refúgio, mas também o teatro dos seus
conflitos. Muitos conflitos e muitos questionamentos sobre ética e valores. Foi
o ganhador da Palma de Ouro e do Prêmio da Crítica no Festival de Cannes.
A ILHA DOS MILHARAIS- Uma pequena joia co-produzida pela
Geórgia, Alemanha, França, Casaquistão e Hungria – Uma
história aparentemente simples: o rio Enguri forma a fronteira entre Geórgia
e a República separatista da Abecásia com permanente tensão entre as duas
nações. Toda primavera, o rio cria pequenas ilhas férteis, terras de ninguém.
Um velho agricultor constrói uma cabana para ele e sua neta adolescente numa
dessas ilhas. Juntos eles plantam milho, mas assim como sua neta adolescente se
transforma em uma mulher e assim como o milho amadurece, o velho agricultor se
depara com o inescapável ciclo da vida.
NOTA 8
MATEO- Filme colombiano conta a história de um
garoto de 16 anos que trabalha para seu tio criminoso e usa o dinheiro para
ajudar a mãe, que aceita o dinheiro contra a vontade e por necessidade. Eles
vivem numa região pobre e violenta na Colômbia. Para provar seu valor, Mateo se infiltra num grupo de teatro local e investigar suas atividades
políticas. Ao mesmo tempo em que se sente fascinado
com a liberdade de seus novos colegas, ele deve fazer escolhas
difíceis e enfrentar os perigos de questionar a organização do conflito armado
na Colômbia.
A GANGUE – Filme Ucraniano extremamente corajoso por usar surdos mudos, linguagem de sinais e não se utilizar de legenda ou narração alguma. Conta a história de um jovem surdo-mudo que começa a estudar num internato especializado que abriga secretamente uma rede de crime e prostituição onde ele é forçado a aceitar as duras regras da gangue e participa de vários assaltos, o que lhe garante o respeito dos colegas. Tudo se complica quando ele se apaixona pela prostituta que é uma das amantes do líder da gangue. Extremamente violento com uma cena fortíssima de aborto. Vencedor do Grande Prêmio da Semana da Crítica no Festival de Cannes.
NOTA 7
O CÍRCULO – Filme suíço meio documentário sobre a primeira revista gay fundada nos anos 40 que foi responsável pela única organização gay a sobreviver ao regime nazista. Ela floresceu
durante os anos do pós-guerra num clube underground de renome internacional.
Seus lendários bailes de máscaras em Zurique eram um espaço secreto e seguro para lidar naturalmente com a
homossexualidade. É lá que o tímido professor Ernst se apaixona pela drag queen
Röbi. Eles foram o primeiro casal gay a se casar na Suiça quando o casamento
entre pessoas do mesmo sexo foi autorizado.
LEVIATÃ- Filme que trata dos conflitos em uma pequena cidade no norte da Rússia. O prefeito da cidade (uma figura que lembra o presidente Putin) pretende se apropriar de um terreno e tenta subornar em vão seu proprietário Kolia. As relações descambam para uma violência institucional que leva toda a história para um final kafkiano. Vencedor de melhor roteiro no Festival de Cannes.
NOTA 6
CASA GRANDE- O filme brasileiro que mostra questões de
classe e privilégio através da história de um adolescente rico que luta para
escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos. Enquanto a família
entra em decadência, os empregados enfrentam as demissões. O filme é bonito
pela honestidade em mostrar a busca da descoberta da sexualidade e a
importância disso em meio aos demais conflitos.
POR UM PUNHADO DE BEIJOS- Um filme bonitinho da Venezuela sobre um casal jovem e sensual: Sol e Dani. Ela quer viver a vida ao máximo e que o amor era mais uma necessidade, o que a levou a procurar uma alma gêmea com quem poderia passar o maior tempo possível. Porém, Dani guarda um segredo que pode destruir seus sonhos. Clássico tema garoto encontra garota etc mas aqui esse segredo é um gancho muito bem bolado que nunca vi em filmes anteriores e que dá uma volta na ideia do preconceito.
10 MIL NOITES EM LUGAR NENHUM – Filme espanhol sobre um filho que tem medo de tudo e que, oprimido por sua vida entediante, decide fugir. Ele começa então uma jornada para lugar nenhum, vivendo outras vidas. E descobre que, se um dia você decide não crescer, não é algo tão ruim assim. Você apenas tem que aprender a voar, a voar para bem longe. Uma história sobre tomar decisões importantes; e sobre como cada vez que fazemos uma escolha, em algum lugar dentro de nós fazemos exatamente o oposto
NOTA 5
HERÓIS IMPROVÁVEIS- Bonito filme suíço que conta a história
de Sabine cujos filhos saíram de férias, o marido a abandonou e as coisas não
vão bem no trabalho nem com as amigas. Durante o Natal, ela se torna voluntária
num campo de refugiados e decide preparar uma peça de teatro com os moradores
do local a tempo para o Ano Novo. Enquanto ela se concentra em dirigir o grupo,
eles precisam lidar com outros problemas, como arranjar um jeito de ficar no
país, o amor, a família e, é claro, a língua alemã. Um grande achado a ideia
dos refugiados de escolher a peça Guilherme Tell, herói nacional suíço que
lutou pela liberdade, algo que os refugiados buscam na Suiça. O final poderia
ser mais bem resolvido.
FUGA DA REALIDADE – Filme alemão que mostra a história de um
garoto cujo pai é esquizofrênico. Ele tem medo de ter herdado a mesma doença do
pai ao tempo em que se apaixona por uma bela e divertida jovem. Ele vive um
conflito entre escolher ajudar a família ou aceitar a saída de casa para
conseguir crescer. Ao descobre que não pode mudar a vida de ninguém, a não ser
a própria o filme tem um final bonito mas talvez um pouco óbvio.
CHRIEG-EM GUERRA- Outro filme da Suiça sobre a dificuldade das famílias em lidar com filhos rebeldes. Esta é a história de Matteo, de 15 anos cujos pais, decidem à força interna-lo num hotel fazenda com trabalhos braçais para passar o verão mas o local é uma armadilha que vai levar Matteo a um tipo de inferno pessoal que mudará completamente sua vida, sua mente, levando-o a um conflito interno sem limites. Um filme bem niilista e desencantado mas com uma mensagem muito forte.
A PEQUENA CASA- Filme japonês bonito mas talvez um tanto
acadêmico, com excelentes atuações e boa direção de arte. Após a morte de uma
velha senhora solteira e sem filhos, um sobrinho descobre seu diário e a
verdade sobre a juventude dela trabalhando como empregada doméstica e babá. O filme alterna uma narrativa no presente, outra no passado e ainda uma terceira intermediária. Uma boa direção e foi o vencedor do Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim.
DETETIVE D: O DRAGÃO DO MAR – Filme na linha de lutas como O Tigre e o Dragão e o Clã das Adagas Voadoras. O filme é uma sequência de Detetive D e o Império Celestial. A história de um detetive japonês que investiga relatos de um monstro do mar aterrorizando a cidade, revela uma sinistra conspiração traiçoeira, que chega até os cargos mais altos da Família Imperial. Bela fotografia e direção de arte.
OS FENÔMENOS – Neneta vive sem
responsabilidades ou planos num trailer na Espanha. Quando seu
parceiro desaparece sem explicação, ela decide voltar para a sua terra
natal. Com grandes dificuldades em achar um trabalho, até que
consegue uma oferta para trabalhar como operária numa construção. Seu grupo é
logo conhecido como “Os Fenômenos”, os construtores mais rápidos da região.
Quando Lobo volta, Neneta tem que decidir se foge com ele ou se fica com sua
nova vida.
QUEEN AND COUNTRY- Filme bonitinho de época na Inglaterra.
Sequência de Esperança e Glória, de 1987. Bill Rohan agora é um feliz jovem de
18 anos que tem os sonhos interrompidos pela Guerra da Coreia. No campo
militar, ele conhece Percy, que se torna um bom amigo. Os dois logo viram
instrutores e conspiram contra um sargento desagradável. Enquanto explora o
mundo longe de casa, Bill se apaixona por uma jovem indomável. Um final meloso
e súbito.
AS NOITES BRANCAS DO CARTEIRO – Filme Russo ganhador do prêmio de melhor direção no Festival de Veneza. Num vilarejo distante de tudo, a única maneira de alcançar o continente por um lago de barco. O lugar é uma comunidade fechada, onde as pessoas vivem do passado. Um carteiro se torna a única ligação com o mundo exterior. O filme usa apenas os próprios habitantes do local que fazem seus próprios papéis. Destaque para o único garoto do grupo, um menino extremamente carismático.
ESTRELA CADENTE – Filme espanhol que é difícil classificar. Com nudez explícita e cenas ousadas de masturbação. Do nada, os personagens deixam a interpretação realista para começar a cantar
canções modernas. Um olhar quase alucinatório pelo mundo de Amadeu de Saboia,
rei da Espanha de 1870 até 1873, uma época ingovernável no país. Este episódio
intrigante da história é transformado numa elegia à beleza, à criatividade e à
alegria.
NOTA 4
ADORÁVEL LOUISE – História de um homem de cinquenta
e poucos anos que mora com a mãe de 80 anos chamada Louise, uma ex-atriz. Ele leva uma vida
boa e pacata - é motorista de táxi e se dedica ao hobby de pilotar aviões. Tem
dificuldade em se aproximar de uma mulher atraente e mais jovem que vende
salsichas no aeródromo. Um dia, um homem estranho bate à sua porta e vira sua vida tranquila de cabeça para baixo. Um
final bonito mas um pouco forçado.
PAIXÃO MÓRBIDA- Filme meio noir do Japão dirigido por Noboru Nakamura, homenageado na Mostra . Yoshie é uma garota de 19 anos que trabalha numa fábrica, mas sonha com uma vida diferente. No bar onde trabalha de noite, ela conhece um membro da Yakuza. Eles começam um relacionamento. Mas o amante se mostrar um sujeito violento. Ele tem dívidas de jogo e começa a pressionar Yoshie para que ela se torne uma prostituta. Yoshie se vê então presa numa espiral de brutalidade e humilhação. Final corajoso. Fatal!
GIRAFFADA- Uma co-produção da França e Palestina - Ziad, um
menino de dez anos da Cisjordânia, fascinado por duas girafas do
zoológico. Ele gosta de ajudar seu pai
veterinário viúvo e trabalha duro para proteger o zoológico como um refúgio
para as crianças locais. Quando uma das amadas girafas de Ziad sofre as
consequências de um ataque aéreo, Yacine faz de tudo para conseguir trazer
outra girafa de Israel. Inspirado numa história real mas que na minha opinião pecou pelo maniqueísmo mostrando os israelenses como vilões. Se bem que eles não são exatamente mocinhos.
ACIMA DAS NUVENS- Filme elogiadíssimo e concorrido dirigido
pelo aclamado Olivier Assayas com Juliette Binoche e Kristen Stewart. No auge
da carreira, a personagem de Binoche é convidada para atuar numa remontagem da
peça que a tornou famosa há 20 anos. Naquela primeira versão, ela atuou no
papel de uma jovem sedutora que leva sua chefe apaixonada por ela ao suicídio.
Agora ela é convidada para o outro papel para contracenar com uma jovem estrela
em ascensão em Hollywood com uma inclinação para polêmicas. Não achei toda essa
coca cola e me pareceu um final forçado.
NOTA 3
INSEGURO – Filme francês sobre um imigrante do
Oriente Médio que almeja ser enfermeiro, mas fracassa em testes anteriores.
Além de estudar, ele trabalha como segurança de uma loja de eletrônicos, mas é
importunado permanentemente por jovens delinquentes barra-pesada o que ameaça
fazer ele perder o emprego. Ele bola um plano para se livrar dos garotos, mas
no curso da noite sua vida toma um rumo inesperado. Não gostei do final muito
aberto e súbito demais.
PROFECIA - A AFRICA DE PASOLINI- Um documentário-ensaio de apenas 77 minutos que
reúne as ideias e previsões políticas do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini.
Citando a influência da cultura do continente nos subúrbios ao redor de Roma,
suas ideias ainda são relevantes para Europa de hoje, uma vez que Pasolini
acreditava que os dois continentes iam ser cada vez mais unidos. Pasolini era um poeta, ativista político da esquerda italiana, homossexual assumido e libertário e autor de clássicos do cinema italiano e mundial Apesar de eu adorar o diretor o documentário não me acrescentou nada de novo.
NOTA 2
UM POMBO POUSOU NUM GALHO REFLETINDO SOBRE A
EXISTÊNCIA – Terceira parte de uma trilogia do diretor Roy Anderson mas apesar
de todas as sessões estarem lotadas achei o filme um Monty Python fraco. Dois
homens cansados da vida estão numa viagem de negócios, vendendo artefatos
engraçados que mostram uma percepção sobre o mundo caótico do presente, o
passado e o futuro – um mundo de sonhos e fantasias. Vencedor do Leão de Ouro
no Festival de Veneza.
AS BRUXAS DE ZUGARRAMURDI- o diretor espanhol Alex de la Iglesia gosta de histórias absurdas e aqui ele até que se sai bem na primeira parte do filme mas do meio para o fim desanda com excesso de clímaxes. A história de José, pai solteiro com dificuldades financeiras após seu divórcio, planeja roubar uma loja junto com um grupo de ladrões. Eles fogem de Madri, chegando na estranha cidade de Zugarramurdi onde enfrentam uma irmandade de bruxas Vencedor de oito Prêmios Goya. Participação estranha da estrela espanhola Carmem Maura.
O RETORNO DE ANTÍGONA – Filme grego bem fraco. Depois de
muitos anos de ausência, Antígona retorna a uma pacata cidade
na Grécia onde reencontra velhos amigos,
arranja um emprego e num namorado. Mas a sua busca por tranquilidade
acaba se tornando uma tarefa complicada. A cidade está vivendo uma onda de violência e parece reinar
uma regra de cumplicidade entre vítimas e perpetradores. Na
chance que Antígona tem para mudar seu destino, será que ela vai assistir a tudo calada?
JAMIE MARKS NÃO ESTÁ MORTO – Um filme americano com a
enganadora participação da atriz Liv Tyler num papel ridículo. Em uma cidade
pequena e fria, o corpo do adolescente Jamie Marks é encontrado perto do rio. Um jovem atleta, Adam, desenvolve uma obsessão por
Jamie, garoto que era vítima de bullying. Quando o fantasma de Jamie começa a visitar Adam ele fica preso entre dois mundos. Ele sente uma ligação profunda com Jamie, que lhe o aproxima
do mundo dos mortos. Há uma certa insinuação gay mas é um filme mal
aproveitado.
NOTA 1
PEQUENAS ATRAÇÕES – Filme polonês que merecia render
mais. A história de duas moças que dividem um apartamento, um carro e fazem faxinas nas casas de recém-falecidos e vendem o que
encontram de valor. Peter trabalha em uma fábrica enroscando tampas em jarras,
e lida com o divórcio recente e a mãe instável. Quando ele se junta às garotas
no negócio, ele logo se sente atraído por Asia, mas isso causa problemas na
nova amizade entre os três, já que Kasia também está apaixonada. Dormi metade do filme.
O PEQUENO QUINQUIM Filme francês na minha opinião chatíssimo
como costumam ser essa comédias francesas sem timming. Um capitão de polícia
cheio de tiques que chegam a irritar o expectador e seu parceiro
investigam a descoberta de uma vaca morta preenchida com restos humanos.
Enquanto buscam respostas, eles são seguidos pelo pequeno Quinquin, um menino
que cria confusão por onde passa. Originalmente exibida como uma minissérie da TV francesa. Li que
lembrava Twin Peaks. Só se for na Conchichina.
O MEDO – Filme espanhol muito tenso sobre um casal de
adolescentes que vivem sob o jugo de um pai opressor que espanca a mãe. O
silencio petrificante expressa muito mais do que qualquer palavra explicando o
medo que o pai lhes causa. O filme é opressivo e consegue manter a tensão até o fim. Sente-se que nada daquilo vai acabar bem. O final é como um soco no estômago.
OPIUM- Apesar de ser muito aplaudido no final pela plateia, certamente formada de artistas, é um musical situado no começo dos anos 20, mostrando os dias em que Jean Coteau era um poeta que desfrutava da vida noturna em cabarés de Paris. Ele se apaixona profundamente por Raymond Radiguet, o jovem escritor de “O Diabo no Corpo”. Quando Radiguet morre, Cocteau se afunda no vício, descobrindo que amor e ópio são as drogas mais poderosas. As músicas do filme usam os poemas de Cocteau. Imagens surrealistas e psicodélicas demais.
JIA ZHANGKE- UM HOMEM DE FENYANG – Documentário de Walter Salles - Um
retrato afetivo do jovem realizador chinês que, para muitos, se tornou um dos
mais importantes cineastas de nosso tempo. Para este documentário, Jia Zhangke volta aos locais de rodagem de seus filmes, junto
com seus atores e colaboradores mais próximos e relembra as fontes
de inspiração de filmes. Posso estar cometendo um sacrilégio mas ainda não vi um único filme deste diretor que não fosse um porre.
MAUS HÁBITOS- Um dos primeiro filmes de Almodóvar, um
dos poucos que eu ainda não tinha visto. História de uma cantora que foge da polícia após seu namorado morrer de uma overdose e busca refúgio num convento para mulheres
desamparadas. Lá, se torna amiga de várias freiras incomuns: uma
autora de romances baratos que escreve usando um pseudônimo, uma cozinheira masoquista e uma defensora de animais que cria um tigre. Com as estrelas Marisa Paredes, Carmem Maura e Cecília Roth. Roteiro muito fraco apesar das boas ideias que mereciam tratamento mais cuidadoso
CICLO – Filme turco. Feramus é um professor de filosofia que retorna à
sua terra natal para vender terras da família após a morte de seu pai. Ele
acaba se perdendo em meio à burocracia e as autoridades locais. Betül é a
diretora do teatro local, que tem que parar de trabalhar por causa da nova
realidade política da Turquia. Uma sátira ácida da vida moderna, que também
envolve o moderno mas nunca usado aeroporto da cidade. O final é bonito e de certo modo redime o filme arrastado demais.
NOTA 0
ADEUS À LUA- Filme holandês pretensioso e fraco do qual sai na
metade No verão de 1972, um garoto tem duas obsessões: a missão da Nasa para a
lua e espiar sua vizinha Mary, uma linda modelo viciada em Valium. Quando o pai dele conhece uma artista que está
morando ao lado começa sair com ela e logo decide morar
com a moça. Enquanto a mãe do garoto coloca os filhos contra o
pai, o garoto começa a contar com Mary como sua maior companhia.
A NOITE ACALMOU- Filme americano, o segundo que deixei no meio sobre um garoto de 13 anos que não vê a hora de entrar no mundo de sexo, drogas e álcool de Nova York. Um dia, ele fica traumatizado com o derrame de Aida, sua empregada chilena de 65 anos. Com sua verdadeira figura materna ausente, o que deveria ser um rito de passagem alegre logo se torna um grande pesadelo.
VENTOS DE AGOSTO - Outro filme, desta vez um brasileiro que abandonei no meio. Apesar de ter ganho a menção Honrosa no Festival de Locarno para mim não passavam de imagens bonitas sem roteiro ou história. Até onde vi a história de uma moça que trabalha numa plantação de coco e tem um caso com um rapaz que trabalha na fazenda e faz pesca subaquática de lagosta e polvo. Não vi nada que prestasse.
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