18.11.08

32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


Retorno da 32ª Mostra de Cinema de São Paulo, meu destino de férias há 10 outubros, esgotado por 40 filmes em 15 dias. Próximo do meu recorde de 50.

Comento, brevemente, a maioria dos que vi, mas uma das características de uma Mostra como a de São Paulo, com mais de 400 opções de filmes, é exatamente o sofrimento que é tentar ver o máximo dos melhores sabendo que não se conseguirá assistir a sequer 1/6 das opções.

Os filmes são exibidos em 25 salas de cinema e espaços espalhados pela cidade de São Paulo. Cada filme é exibido quatro vezes em horários e locais diferentes para permitir que todos tenham oportunidade de vê-lo. Alguns são exibidos gratuitamente, outros dão a chance de bater papo com diretores convidados. Neste ano vi um filme em que o cineasta Win Wenders, um dos homenageados dessa Mostra, estava e fez a apresentação do longa. Vi também um filme em que ao final houve debate com o diretor Bruno Barreto, e o ator principal do filme Ultima Parada 171, mediado por Gilberto Dimenstein.

Há diversos casos em que os ingressos se esgotam antes, mesmo ficando uma hora numa fila. Elas se formam 1 hora antes da abertura da bilheteria que por sua vez é aberta 1 hora antes da primeira sessão do dia. Significa que mesmo chegando cedo seu lugar pode não estar garantido, pois muita gente compra ingressos pela internet e parte dos assentos é reservada para quem compra o passaporte com direito a 20 ou 40 filmes ou o passaporte integral que deixa você ver quantos você quiser.

Tenho que dar uma ideia de como é esse universo da Mostra. Parece ser um universo à parte, pois as pessoas que participam vivem intensamente. Você se acostuma a ver as mesmas pessoas das mostras anteriores e nas filas vemos as mesmas caras depois de algum tempo. A maioria das pessoas prefere aqueles filmes que não estão programados para entrar no circuito, pois dá para saber com antecedência a programação dos próximos meses. E dá também para saber quais os que vão demorar para entrar quando no guia da Mostra aparece a inscrição (legenda eletrônica) e a gente sabe que o filme não foi legendado ainda pois a legenda eletrônica é colocada na sala de projeção durante a exibição, muitas vezes o filme tem legenda em inglês ou outra língua e legenda eletrônica em português.


Procedimento Operacional Padrão Documentário americano sobre a prisão iraquiana de Abu Graibi onde os americanos tiraram aquelas fotos chocantes dos militares torturando e humilhando prisioneiros iraquianos. Os protagonistas foram processados por uma corte que julgou o inquérito que foi aberto por causa da divulgação das fotos na mídia. Nenhum militar com patente superior a sargento foi punido. O documentário mostra que o Exército sempre foi um território masculino e mesmo depois que abriu as portas para mulheres, elas precisam ser muito mais insensíveis do que eles para serem respeitadas. E se desumanizam. Procedimento Operacional Padrão é o nome que se deu à maioria das ações retratadas nas fotos. Algumas eram tortura mesmo, mas a maioria recebeu o carimbo de P.O.P que é humilhação para conseguir confissão. 

Rumo a Meca Documentário sobre Muhammad Asad, um cara que eu nunca tinha ouvido falar e que escreveu um livro chamado Rumo a Meca. Ele foi embaixador do Paquistão na ONU e ajudou a criar o próprio Paquistão separando-o da Índia, o que acabou em um grande massacre onde morreram centenas de milhares de indus e muçulmanos. Ele era judeu e se converteu ao islamismo, o que é algo muito raro. Tornou-se uma pessoa importantíssima, sendo autor de uma das traduções mais respeitadas do Corão. 

Alvorecer em Sunset - Filme americano sobre desencontros em quartos de um motel. São vários casais que vão para um motel de Los Angeles para transar mas nenhum consegue consumar a transa. O primeiro casal porque o cara goza rápido e dorme e a mulher fica louca ligando para tudo que é homem tentando transar e tentando acordar o cara; o segundo casal é divorciado e se encontra a cada 3 meses só para transar mas a mulher se re-apaixona mas ele não consegue transar pois ele não está apaixonado; o terceiro casal tem uma mulher negra que fala sem parar com aquelas gírias dos negros e o cara perde o tesão; o quarto casal é com um velho que leva a amiga adolescente da filha para o motel e broxa; o quinto casal é de uma lésbica que contrata uma massagista pensando que ela é prostituta mas na verdade é só uma massagista; o sexto casal é de um cara que só quer fumar maconha e conversar e eles acabam ficando loucos demais e não transam; o sétimo casal é uma dupla que a mulher quer apanhar mas o cara não gosta nem sabe bater. Há ainda dois casais cuja proposta era um suingue mas um dos caras acha que o outro quer ele e não a esposa. O último casal é uma mulher que foi estuprada alguns meses antes e não consegue transar com o cara que é todo carinhoso e tudo mas ela simplesmente trava. Hilário.

 Erva do Rato - Do brasileiro Julio Bressante. Com Selton Mello e Alessandra Negrini Segundo dizem é levemente inspirado nos contos "A Causa Secreta" e "Um Esqueleto" de Machado de Assis, mas achei uma bomba. Um dos piores filmes que já vi na vida com a sala lotada. Várias pessoas foram embora na metade, assim como eu. Incrível como alguém é capaz de filmar uma coisa ridícula assim e ainda exibir num festival. E olhe que Selton Melo participou de ótimos filmes do cinema nacional como Meu Nome não é Jonnhy, Auto da Compadecida e Lavoura Arcaica. O filme traz apenas dois personagens sem nome, quase todo o tempo confinados em uma casa. Um homem e uma mulher se conhecem no cemitério e passam a viver juntos. Ele fotografa a mulher obsessivamente, até que um rato começa a roer as fotos. A partir daí, capturá-lo passa a ser sua nova obsessão. O rato é pego, torturado e morto, mas a mulher também morre. A obsessão do homem permanece e só lhe resta fotografar um esqueleto.

24 City - Outra decepção. Este era um dos filmes mais badalados, sala lotada, sessão esgotada e muita expectativa. O diretor, Jia Zhang-ke, é conhecido nos circuitos de festivais inclusive da Mostra onde já exibiu vários filmes e ganhou um dos prêmios principais anos atrás. Não consegui ver até o fim pois dormi no meio e saí da sala lotada. O diretor teve apenas que ligar a câmera e entrevistar pessoas que trabalharam em uma fábrica que foi desativada para dar lugar a um hotel de luxo na China. Histórias que são simples variações sobre o mesmo tema, aqueles trabalhadores falando e você não vê nada de novo, não há nenhum movimento ou efeito de câmera, nem de luz, nem de montagem, nem de som. Acho que o diretor estava querendo abolir todos os elementos que fazem um filme, inclusive a direção e o roteiro. O crítico Cássio Starling o avaliou como ótimo, o que me deixou com a sensação de que eu não entendo nada de cinema.

Amigos de Risco -  Uma surpresa boa foi este filme brasileiro filmado em Recife e logo de cara achei que não ia gostar, mas o filme é bom, bem amarradinho, com roteiro decente e atores muito bons. Uma história que prende a gente. Três amigos numa noite de Recife. Um deles tem uma overdose e os outros têm que carregá-lo até um hospital. Lembra Depois de Horas, de Scorsese, em que um cara tenta a noite toda escapar de um bairro violento de Nova Yorque. Nesse filme vemos como Recife é pobre, violenta, suja e parece uma cidade fantasma à noite.

Estou Viva  - Uma chatura italiana. Poderia ser um dramalhão mexicano, parece uma fotonovela filmada e eu não me surpreenderia se fosse a adaptação de uma fotonovela quadro a quadro. Uma música chatíssima que fica se repetindo no filme todo em situações que supostamente seriam de tensão. Pode ser preconceito, mas não consigo gostar de atores italianos no cinema. Parece que eles estão representando, o que de fato todo ator está, mais nos filmes italianos eles parecem representar mais do que nos demais.

Pepino - Filme chinês muito esquisito e chatinho, história que girava em torno de três famílias sempre envolvendo pepinos. Na primeira família um trabalhador impotente toma vários afrodisíacos e medicamentos, esperando uma cura para a impotência. Na segunda família, um desempregado é ator e diretor desempregado e passa os dias escrevendo roteiros e imaginando realizar seus próprios filmes. A terceira família vende vegetais ilegalmente em Pequim e é formada por um homem com uma esposa deficiente e um filho de 10 anos. É um daqueles filmes que acabam de repente. 

Caixa de Pandora - Filme turco interessantíssimo que mostra os problemas que duas irmãs e um irmão disfuncionais no centro de Istambul. Eles tem em torno de 40 anos e vivem problemas diversos, não sendo muito afetuosos. Um dia ficam sabendo que sua idosa mãe desapareceu do povoado onde vivia. Os irmãos tem que se juntar para procurá-la e as tensões se revelam, como uma Caixa de Pandora. Velhas feridas são reabertas. Eles trazem para Istambul mas ela está com Alzheimer e causa muitos problemas. O único que parece se afeiçoar a ela é o neto. 

Che - São na verdade dois filmes de Steven Soderbergh com quatro horas de projeção. A Parte 1 mostra a luta dos guerrilheiros para derrubar a ditadura cubana de Fulgêncio Batista. Um destes rebeldes é Ernesto “Che” Guevara. O primeiro filme mostra Che (Benício Del Toro) antes da libertação de Havana. A Parte 2 mostra Che na Bolívia, onde organiza um pequeno grupo de cubanos e bolivianos para a Grande Revolução Latino-americana. A história da campanha boliviana é um capítulo de tenacidade, sacrifício, idealismo e da arte de guerrilha, que acaba falhando e levando Che à morte. Pelo papel Benicio Del Toro foi melhor ator no Festival de Cannes 2008. Rodrigo Santoro tem destaque como Raul Castro, irmão de Fidel. 

Cinzas do Passado Redux- Filme chinês de um dos meus diretores atuais favoritos: Wong Kar Wai. Baseado em um famoso romance de artes marciais. O filme é dividido em cinco histórias, cinco estações que fazem parte do calendário chinês. Lindas paisagens, fotografia estonteante, música e atuações perfeitas. Uma verdadeira pintura com partitura. Homem vive no deserto por anos após deixar sua casa quando a mulher que amava casa-se com seu irmão. Falando assim parece nada. É uma obra prima de um diretor cheio de obra primas como Amor à Flor da Pele, Felizes Juntos, Amores Expressos, 2.046, Um Beijo Roubado...

Maré, Nossa História de Amor- Não é um filme espetacular mas bem honesto, um tema já bem batido em torno de favela e o drama de Romeu e Julieta. O diferencial aqui é que este é um musical sobre dois jovens moradores da favela carioca da Maré separados por facções rivais do tráfico de drogas. Assisti de graça sob o Vão Livre do MASP. Marisa Orth faz o papel de uma professora sonhadora que deseja levar cultura musical à favela e se dá mal. A cultura do hip hop com romantismo. Bom. 

Lokas - Filme chileno muito engraçado lembrando A Gaiola das Loucas. Um homofóbico descobre que seu pai é homossexual. A história é centrada em Pedro, filho de nove anos, que reúne a família independentemente dos preconceitos. O ator mirim dá um show e rouba todas as cenas em que aparece. Um feito notável e um filme leve e divertido.

A Canção dos Pardais- Do diretor iraniano Majid Majidi, um dos meu favoritos. História de um trabalhador de uma fazenda de avestruzes que tem uma vida simples e uma família feliz. Como sempre acontece nos filmes iranianos, um incidente aparentemente banal cria um grande problema e ele tem que descobrir como sobreviver em uma nova realidade. Ele descobre que pode ser mototáxi em Teerã e passa a enfrentar grandes desafios. Também mantém a tradição do cinema iraniano de usar muitas crianças nos filmes.

Khamsa - Um dos melhores filmes da Mostra. Lembra Pixote. Khamsa é um menino meio cigano meio árabe que vive de pequenos roubos, fugas, problemas de aceitação pelo pai bêbado e madrasta ameaçadora. Brigas de galo, mergulho no mar Mediterrâneo e a perda da inocência. Com música cigana e árabe e um ator juvenil muito promissor. Os subúrbios violentos de Marselha são tão assustadores quando as favelas cariocas.

Leite Filme decepcionante se bem que não esperava muito dele. Jovem que vive com a mãe pobre, entrega leite de porta e porta e escrever poesias. Não tem nada de especial e os planos longos e parados não acrescentam nada. 



Adoração -Filme canadense de Atom Egoyan, diretor de quem gosto muito desde que assisti aos seus filmes anteriores: O Doce Amanhã e Exótica. História de um adolescente que acredita que é filho de um terrorista que plantou uma bomba na bagagem da sua mãe, quando ela era sua namorada e estava grávida dele.


Sonata de Tókio - Filme do diretor japonês Kiyoshi Kurosawa que mostra uma família em que o pai repentinamente perde o emprego e esconde o fato da família. O filho mais velho se alista no exército americano para lutar no Iraque e o mais jovem faz aulas de piano escondido dos pais. A mãe tenta manter a união familiar mas a desintegração de instala de vários modos e o final com o garotinho tocando uma linda música fez a plateia do Cine Sesc explodir em aplausos. Lindo!

Cashback - Filme americano que é a versão do indicado ao Oscar de curta metragem homônimo. Estudante de Artes, sofre de insônia e para ocupar o tempo à noite trabalha em supermercado onde tipos estranhos circulam. Um tanto pretensioso com câmeras lentas e música meio metidinha. Em alguns momentos é divertido mas não é excepcional. O final é clichê. 



Leonera - Um ótimo filme argentino de um diretor que adoro: Pablo Trapero (dos ótimos Família Rodante, Nascido e Criado e Do Outro Lado da Lei). Rodrigo Santoro está muito bom, mas a história é focada na personagem feminina, acusada de matar o namorado e ferir o amante dele (Santoro). Ela é presa grávida e tem o filho na cadeia. O menino cresce e o drama dela aumenta pois tem que entregar o menino para a avó. Muito bom e sem excessos de sentimentalismo, a marca de Trapero.

O Silêncio de Lorna - Filme belga de dois diretores famosos, os irmãos Dardene que já ganharam duas vezes a Palma de Ouro em Cannes e também foram premiados em outras Mostras. Mulher albanesa se casa com um belga viciado só para ter a cidadania e conseguir trabalhar, mas o plano é se separar dele e se casar com um russo para que ele também tenha a cidadania belga. Mas ela está presa a uma gang perigosa. O filme aborda a questão da cidadania versus a identidade, questão importante na Europa de hoje. Após a conquista da cidadania e dos direitos, o que resta para a pessoa se não buscar a identidade? Filme nota 10.

Ninho Vazio - Filme argentino não tão bom quanto o de Trapero. A história vale pelo final onde se descobre que o diretor usou um recurso narrativo bem interessante. A história que vemos a partir de certa parte do filme só acontece na imaginação do personagem e só notamos isso no final. Valeu por essa sacada. O diretor Daniel Burman é conhecido por ótimos filmes como As Leis de Família e O Abraço Partido.

Aquele Querido Mês de Agosto  - Filme português bastante badalado. Até a primeira hora do filme vemos a equipe do diretor preparando o filme, filmando cenas que serão usadas no longa e aos poucos o filme real vai sendo apresentado mas ainda misturado com as cenas dos bastidores. Depois, o filme real se instala e por 1 hora vemos o filme que eles foram fazer, mas este nem é um filme tão bom assim. O que acontece é que a história passa a ser interessante porque ela foi montada deste modo. Sei lá, um negócio esquisito mas que parece que funcionou. 

Lovebirds - Outro filme português. Este usa um recurso meio batido de contar várias histórias simultaneamente. Neste filme são seis histórias e um final edificante. Filme honesto mas nada muito especial. Bom apenas. Lovebirds são aqueles perequitinhos que ficam juntinhos aos pares mas não sei bem porque usaram esse título no filme. 

Se Nada Mais Der Certo- Um filme brasileiro excelente em que Cauã Reymond me surpreendeu com uma atuação maravilhosa e corretíssima. Aqui também temos o baiano João Miguel. Premiado no Festival de Cinema do Rio e na sala em que vi o diretor do filme, José Eduardo Belmonte, apresentou o seu trabalho aos expectadores. Elenco afiado, montagem correta, trilha bonita. Um filme 100%.

Cavalo de Duas Patas - Da iraniana Samira Makmalbaf, diretora de A Maçã, O Quadro Negro e Às Cinco da Tarde (A mais jovem diretora do mundo a participar da seleção oficial do Festival de Cannes 1998) filha do cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf. Filme que levou algumas pessoas a saírem antes do final. Um tanto chocante pois é a história de um menino que perdeu as duas pernas devido a uma mina, onde também morreu sua mãe. Como ele não pode caminhar ate sua escola a família contrata um garoto pobre e deficiente mental para carregá-lo nas costas. Mas o garoto aleijado começa a tratar o seu "cavalo" de um modo cruel como não se faz nem com um animal. Um filme provocante.




Como Diz a Bíblia - Um documentário excelente mostrando como a sociedade fundamentalista cristã americana usa a Bíblia para oprimir homossexuais. As experiências de cinco famílias tradicionais americanas onde se descobre que um dos membros é gay. O filme consegue mesmo dentro de um tema tão difícil, ser divertido e incômodo ao mesmo tempo. 

Trato é Trato - Uma comédia britânica que recebeu atenção excessiva do público da Mostra. É um daqueles filmes ingleses que mostra como uma pessoa meio maluca pode mudar a vida de outra muito certinha. História de um condutor de trem que sonha escrever um livro. Numa semana ele vê dois acidentes fatais em frente ao seu trem. Dizem-lhe que se houver mais um naquela semana ele será aposentado e ele tem que conseguir essa pessoa...o homem aparece e eles fazem um trato...mas em uma semana esse relacionamento vai mudar a vida dele...Engraçadinho mas muito previsível.

Como eu Festejei o Fim do Mundo - Premiado filme romeno em que o pequeno ator que interpreta o garotinho Lalalilu rouba cada cena. O filme mostra uma comunidade pequena nos meses que conduziram à deposição do ditador romeno Nicolau Ceausescu. Poético, sensível e bonito. Excelente.

Lições Particulares - Filme belga que me surpreendeu pela coragem em expor sem julgamento moral questões sérias como a pedofilia. A história é difícil e ao final, na sala onde eu estava, uma mulher saiu gritando que era lixo disfarçado de cinema e que os pais deviam saber como defender seus filhos. É uma questão polêmica pois mostra um adolescente que tem problemas na escola e vive suas primeiras relações sexuais com a primeira namorada. É comum as primeiras relações não serem satisfatórias mas ao conhecer Pierre, um homem adulto, ele passa a ficar sob os cuidados desse homem que o ajuda na difícil tarefa de ser aprovado em um difícil teste escolar. A ausência dos pais e a influência cada vez maior desse homem passa a representar um duro teste na vida do garoto. Esse homem e um casal amigo, além de ajudar o rapaz nas lições passa a usá-lo sexualmente. Forte e instigante mas o bom mesmo foi o diretor não carregar no julgamento moral deixando para a plateia a decisão do que pensar.

Rockrolla - A Grande Roubada - Último filme do diretor Guy Ritchie, autor dos ótimos Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch – Porcos e Diamantes. O filme segue a linha dos anteriores e envolve sexo, drogas e rock’n roll. Comédia de ação que se passa no submundo de luxo de uma Londres cheia de mafiosos, empresários ricos e especuladores imobiliários. Várias histórias paralelas que se encontram com montagem ágil e ótima trilha sonora de rock, típica dos filmes de Guy Ritchie.

Três Dias de Chuva - Baseado nos contos de Anton Tchekhov. Seis retratos de vidas contemporâneas no limite durante três dias de chuva em Cleveland. Um elenco excepcional sempre visto em filmes independentes. Tive a sorte de antes da projeção, ter a visita na sala simplesmente de Wim Wenders, produtor deste filme que contou aos expectadores como conheceu e se encantou com o projeto. A trilha sonora toda de jazz é excepcional. Um filme simples mas encantador.

Um Lugar Chamado Brick Lane - Um filme que se passa principalmente em Londres numa comunidade de imigrantes de Bangladesh. Não sabia que existia esse lugar em Londres e muito menos que havia tantos bengalis por lá. Uma fotografia belíssima de Bangladesh e que conta a história de Nazneen que se casa obrigada com um homem que ela nunca viu. Ela tem duas filhas com este homem que é um homem educado mas muito simplório. O filme mostra as insatisfações dessa mulher, suas saudades de casa, a descoberta de um amor novo com um compatriota sensível e bonito, a busca da independência financeira e finalmente o efeito do 11 de Setembro na perseguição aos imigrantes muçulmanos em Londres. Bonito e com um final não-hollywoodiano.

Última Parada 174 - Filme de Bruno Barreto e que tive a sorte de assistir junto com o ator principal e depois participei de um debate com o diretor e seu ator. O debate teve momentos de discussão acalorada, bate boca e baixaria mas essa é outra história. Indicado pelo Brasil para concorrer a uma vaga entre os indicados ao próximo Oscar. História conhecida do sequestrador do ônibus 174 que já foi objeto de um excelente documentário de José Padilha. Aqui uma leitura mais ficcional em que uma mãe busca um filho e um filho busca uma mãe. O final é genial.



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