Quando você pensa em um pirata, associa essa figura a que sentimentos? Liberdade e espírito de aventura, companheirismo entre marujos, celebrações à base de rum com canções e dança em um convés à luz do luar?
Quando ouve a palavra pirata, qual a primeira imagem que vem à sua mente? Seria a de um marujo navegando pelos sete mares ou a dos produtos falsificados vendidos como cópias dos originais? Hoje as duas imagens se confundem desde que algum “gênio” resolveu chamar de piratas produtos falsificados.
Estas imagens dos piratas foram construídas no nosso imaginário pelo cinema, essa poderosa indústria de formação de conceitos e mentalidades. Quantas vezes vimos essas imagens ao ponto de elas se tornaram indissociáveis da pirataria? A figura de Jonny Depp parece saltar ante nossos olhos com seu ar debochado, mas romântico; traiçoeiro, mas de bom coração; levemente afetado, mas incrivelmente sedutor.
Estas imagens dos piratas foram construídas no nosso imaginário pelo cinema, essa poderosa indústria de formação de conceitos e mentalidades. Quantas vezes vimos essas imagens ao ponto de elas se tornaram indissociáveis da pirataria? A figura de Jonny Depp parece saltar ante nossos olhos com seu ar debochado, mas romântico; traiçoeiro, mas de bom coração; levemente afetado, mas incrivelmente sedutor.
Mas engana-se quem pensa que essa imagem idealizada dos piratas começou com Os Piratas do Caribe, desde a década de 20 o cinema americano é pródigo em retratar esses criminosos com cores românticas. O belíssimo ator Errol Flynn, desejado por dez entre dez mulheres (e, dizem, também por alguns homens), fez vários papéis de piratas sempre idealizados em filmes como O Capitão Blood, O Falcão do Mar e A Ilha dos Corsários. Mas houve também os viris Randolph Scott (O Capitão Kidd), Tyrone Power (O Cisne Negro), Burt Lancaster (Piratas Terríveis), Yul Brynner (Os Bucaneiros), Anthony Quinn (Velas ao Vento) e muitos outros.
Falso! Isso é pura construção. Piratas de verdade (corsos ou bucaneiros) eram marginais terríveis, saqueadores e estupradores desumanos, homens imundos e sem disciplina, dedicados à pilhagem e ao seqüestro para obtenção de resgate pelos reféns. Entre os principais castigos que os piratas davam às suas vítimas estavam a tortura, a queima e a mutilação, mas o maior prazer era assistirem aos prisioneiros serem devorados por tubarões.
Vemos hoje as pessoas se referirem aos produtos falsificados com o nome de produtos piratas. Esse nome é uma péssima escolha para quem deseja combater esses produtos, pois o termo está indissociável da imagem romântica idealizada da pirataria. Não entendo como os produtores culturais que criaram essa imagem e hoje sofrem com a falsificação dos seus filmes e discos não pensaram em utilizar outro termo. O termo correto: falsificações.
No cinema vemos uma vinheta que diz: “Pirataria é roubo. Filme só original”. Já ouvi, constrangido, risos debochados em vários cinemas durante essa vinheta. As pessoas não se conscientizam assim. É simplória e primária essa abordagem. Não se muda uma imagem solidificada no imaginário coletivo desta forma.
Os chefes dos grandes estúdios de cinema prejudicados com as falsificações dos seus produtos deveriam se juntar e fazer uma investida para formar uma nova imagem da pirataria. Deveriam ter o apoio das centenas de indústrias prejudicadas com as falsificações. O combate aos produtos falsos consome preciosos recursos públicos em gastos da Polícia e Receita Federal. É uma guerra perdida se não mudarem o foco e atacarem em outras frentes. É como tentar esvaziar um tanque com cem baldes enquanto esse tanque é alimentado por mil fontes.
Há alguns anos discuti esse tema longamente com um colega que hoje ocupa um cargo importante. Não sei se hoje ele continua pensando do mesmo modo, mas defendia a “pirataria” como forma de luta contra os grandes capitalistas. Acho que ele via o mega empresário das falsificações Law Kin Chong, o Rei da 25 de Março, como um tipo de Robin Wood. Não adiantava eu argumentar que havia interesses também industriais por trás das falsificações, que elas produziam perda de arrecadação de impostos, reduzia empregos, prejudicava a propriedade intelectual, que os produtos eram de péssima qualidade e prejudicavam consumidores com remédios falsos que podiam matar, tênis com sistemas de amortecimento falsificados que prejudicavam tendões e músculos...a lista é infinita. Mas meu ex-colega insistia que a indústria já ganhara muito dinheiro com os consumidores e essa era uma forma de zerarem as contas.
Essa é a imagem do pirata rebelde e sem patrão. Nem a pirataria real era exatamente assim e muito menos os “piratas” falsificados o são. Piratas famosos eram como funcionários públicos a serviço de monarcas. A rainha Elizabeth I era íntima do famoso pirata Francis Drake, nomeado por ela vice-almirante. O rei português D.Dinis fornecia uma carta chamada Carta de Corso a piratas como Manoel Peçanha e Gonçalo Pacheco e ficava com 1/5 das suas pilhagens. Muitos piratas estavam intimamente ligados ao poder real.
Vários amigos dizem, com certo orgulho, que compram filmes falsos, chamando-os eufemicamente de “genéricos”. Por que não assumem que este termo é outra falsidade, pois a indústria dos genéricos é legal e paga seus impostos.
Na semana passada foi divulgada uma pesquisa que mostrou que 70% dos brasileiros já compraram produtos falsos. Há pouco tempo o próprio presidente da República assistiu com amigos a um filme pirata no seu Aerolula. Certamente, são exemplos que incentivam a prática desse crime.
Vemos hoje as pessoas se referirem aos produtos falsificados com o nome de produtos piratas. Esse nome é uma péssima escolha para quem deseja combater esses produtos, pois o termo está indissociável da imagem romântica idealizada da pirataria. Não entendo como os produtores culturais que criaram essa imagem e hoje sofrem com a falsificação dos seus filmes e discos não pensaram em utilizar outro termo. O termo correto: falsificações.
No cinema vemos uma vinheta que diz: “Pirataria é roubo. Filme só original”. Já ouvi, constrangido, risos debochados em vários cinemas durante essa vinheta. As pessoas não se conscientizam assim. É simplória e primária essa abordagem. Não se muda uma imagem solidificada no imaginário coletivo desta forma.
Os chefes dos grandes estúdios de cinema prejudicados com as falsificações dos seus produtos deveriam se juntar e fazer uma investida para formar uma nova imagem da pirataria. Deveriam ter o apoio das centenas de indústrias prejudicadas com as falsificações. O combate aos produtos falsos consome preciosos recursos públicos em gastos da Polícia e Receita Federal. É uma guerra perdida se não mudarem o foco e atacarem em outras frentes. É como tentar esvaziar um tanque com cem baldes enquanto esse tanque é alimentado por mil fontes.
Há alguns anos discuti esse tema longamente com um colega que hoje ocupa um cargo importante. Não sei se hoje ele continua pensando do mesmo modo, mas defendia a “pirataria” como forma de luta contra os grandes capitalistas. Acho que ele via o mega empresário das falsificações Law Kin Chong, o Rei da 25 de Março, como um tipo de Robin Wood. Não adiantava eu argumentar que havia interesses também industriais por trás das falsificações, que elas produziam perda de arrecadação de impostos, reduzia empregos, prejudicava a propriedade intelectual, que os produtos eram de péssima qualidade e prejudicavam consumidores com remédios falsos que podiam matar, tênis com sistemas de amortecimento falsificados que prejudicavam tendões e músculos...a lista é infinita. Mas meu ex-colega insistia que a indústria já ganhara muito dinheiro com os consumidores e essa era uma forma de zerarem as contas.
Essa é a imagem do pirata rebelde e sem patrão. Nem a pirataria real era exatamente assim e muito menos os “piratas” falsificados o são. Piratas famosos eram como funcionários públicos a serviço de monarcas. A rainha Elizabeth I era íntima do famoso pirata Francis Drake, nomeado por ela vice-almirante. O rei português D.Dinis fornecia uma carta chamada Carta de Corso a piratas como Manoel Peçanha e Gonçalo Pacheco e ficava com 1/5 das suas pilhagens. Muitos piratas estavam intimamente ligados ao poder real.
Vários amigos dizem, com certo orgulho, que compram filmes falsos, chamando-os eufemicamente de “genéricos”. Por que não assumem que este termo é outra falsidade, pois a indústria dos genéricos é legal e paga seus impostos.
Na semana passada foi divulgada uma pesquisa que mostrou que 70% dos brasileiros já compraram produtos falsos. Há pouco tempo o próprio presidente da República assistiu com amigos a um filme pirata no seu Aerolula. Certamente, são exemplos que incentivam a prática desse crime.
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