11.1.09

Melhores e piores de 2008 no cinema

Aqui estão os filmes que vi em 2008 (incluindo os da Mostra de Cinema de São Paulo e alguns que vi em DVD). Não lembro de todos mas aqui estão a maioria deles.

NOTA 10 - OBRA PRIMA - NENHUM. Para entrar nessa lista precisa ser algo como A Marca da Maldade, Um Bonde Chamado Desejo, Amor à Flor da Pele, Asas do Desejo, Cidadão Kane, Pacto Sinistro, Tudo Sobre Minha Mãe, Match Point, Central do Brasil...

NOTA 9 – ESPETÁCULO
FELIZ NATAL. Estréia de Selton Melo na direção. Atuações soberbas de Darlene Glória e Lúcio Mauro. Um filme que respeita a inteligência do espectador e não entrega todas as informações de bandeja. Trilha sonora e fotografia nota 10. Só não dou 10 porque sou um chato, mas esse filme mereceria. O natal poucas vezes foi mostrado em cores tão cruas. Um achado o garotinho do filme.

LINHA DE PASSE – Mais um golaço de Walter Sales e Daniela Thomas. Elenco afiadíssimo tanto que rendeu prêmio em Cannes para Sandra Corveloni. Apesar de não ser fã do universo do futebol admito que a história é boa e o final aberto dá um sabor todo especial de filme cult.

SE NADA MAIS DER CERTO- Vi na Mostra. Surpresa boa de Cauã Reymond que demonstrou ser excelente do cinema. Deve ter tido uma boa direção de atores. O filme tem excelente roteiro e montagem, atores pouco conhecidos, mas excelentes. O onipresente João Miguel no elenco. A cena da praia com cada um deles cantando meio bêbados é perfeita. Um filme surpreendente.

CINZAS DO PASSADO REDUX - Vi na Mostra. Mais uma do perfeito Wong Kar Wai. Leslie Cheung e Tony Leung, atores fetiche de Kar Wai novamente dão um show de cinema. Esse homem só perdeu pontinhos em Um Beijo Roubado. Nos seus demais filmes só faz maravilhas.

NOTA 8 – EXCELENTE
A VIDA DOS OUTROS – Excelente filme alemão. Só perde um pontinho pelo final um pouquinho adocicado, mas não deixa de ser excelente.

ERA UMA VEZ – Linda história de Romeu e Julieta moderno, com final excelente que não dava para ser diferente tratando-se do tema que trata. Belo sem passar a mão pela cabeça da gente. Fábula perfeita da fratura social do Rio de Janeiro com Ipanema ao pé do Morro do Cantagalo. Breno Silveira mostra que acertou mais uma vez após Dois Filhos de Francisco, seu primeiro longa. Dá uma vontade danada de por Thiago Martins no colo e abraçá-lo.

ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO – Philip Hoffman ótimo como sempre. O título é um achado. Tragédia anunciada com final trágico o que significa já sinal de ótima história. Adoro finais tristes.

MAMMA MIA – Um musical do ABBA que se passa na Grécia com Meryl Streep. Não tinha como não dar certo.

ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ – Javier Bardem excelente como sempre e ainda melhor. Pode entra para a história dos maiores psicopatas do cinema. Oscar merecidíssimo. Irmãos Coen no auge antes de despencarem no chatosinho Queime Depois de Ler.

O CAÇADOR DE PIPAS – Excelente refilmeagem do livro que já é excepcional. Só não está na categoria de espetáculo pelo final meio docinho demais. Não precisava tanto. Redenção é bom, mas não dá para exagerar no açúcar. O que o filme cortou do livro não fez tanta falta.

JUNO – Um filme que nem parece americano de tão bom. A atriz é boa, mas repete o que já vimos em Menina Má Ponto Com. Roteiro com oscar mercido.

NA NATUREZA SELVAGEM- Linda direção, fotografia, música, roteiro, atuações. Final excelente apesar de um pouco solene demais. Só por isso não está na categoria acima, mas é excelente. Uma das direções mais generosas. Silêncios eloqüentes.

ULTIMA PARADA, 174 – Cenas inesquecíveis que bem poderiam ter sido reais no meio de uma realidade que parece ficção. Um filho a procura de uma mãe e uma mãe a procura de um filme. Dois pedidos numa cidade suja. O ator Michel Gomes dá um show de atuação. Só não está na categoria acima por ter um travo de uma história que já conhecemos e que já foi muito explorada.

LIÇÕES PARTICULARES (Mostra) – A pedofilia nas suas cores mais neutras, o que é um feito. No cinema uma mulher saiu gritando. Isso valeu parte do ingresso.

O SILÊNCIO DE LORNA (Mostra) – Os Dardenes dando o show de sempre

LEONERA (Mostra) – Cinema argentino sempre excelente. Santoro ótimo no elenco.

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (Mostra) – Documentário sobre os horrores de Abu Graib. Mulheres como vilãs remetem a uma leitura extra dos horrores de que somos capazes.

CHE (Mostra) – Benicio del Toro maravilhoso nesses filme de 4 horas ou 2 filmes de duas horas. Só não é um espetáculo porque Che perdeu um pouco do seu charme nos últimos anos. Mas é excelente.

SONATA DE TÓKIO (Mostra) – Uma pequena pérola japonesa. Primeiro filme que vi de Kiyoshi Kurosawa. Economias de afeto e redenção ao som de Debussy. Excelente matéria no link:
http://www.filmespolvo.com.br/site/eventos/cobertura/372

CAVALO DE DUAS PATAS (Mostra) - O cinema iraniano quase sempre excelente. Desta vez Samira Makhmalbaf mostra o horror de que as crianças são capazes. Seres humanos em última análise

NOTA 7 - ÓTIMO

DESERTO FELIZ – Cinema nacional ótimo e o onipresente João Miguel novamente. Adorei a história aberta da viagem ou não da prostituta para a Alemanha.

ESTÔMAGO- Olha João Miguel de Novo.

CINTURÃO VERMELHO – David Mamet sempre ótimo. O universo do Jíu Jitsu pode ser fascinante ainda mais com esse diretor e Alice Braga e Rodrigo Santoro no elenco

DESEJO E REPARAÇÃO
GOMORRA
MEU NOME NÃO É JOHNNY
O SONHO DE CASSANDRA
UM LUGAR CHAMADO BRICK LANE (Mostra)
KHAMSA (Mostra)
CAIXA DE PANDORA (Mostra)
WALL-E
A CULPA É DO FIDEL

NOTA 6 – BOM
BABY LOVE
UM HOMEM BOM
UM BEIJO ROUBADO – Primeiro Wong Kar Wai que é apenas bom.
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA – Saramago ofusca qualquer diretor.
DO OUTRO LADO
007 QUANTUM OF SOLACE – 007 sempre em forma.
A DUQUESA – O filme é bom mas precisava de uma atriz melhor. Kate Winslet faria melhor o papel.
A FAMÍLIA SAVAGE
AGENTE 86
OS INDOMÁVEIS
EFEITO DOMINÓ
MARÉ - NOSSA HISTÓRIA DE AMOR (Mostra)
COMO EU FESTEJEI O FIM DO MUNDO (Mostra)
3 DIAS DE CHUVA (Mostra)
AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO (Mostra)
RUMO A MECA (Mostra)
AMIGOS DE RISCO (Mostra)
LOKAS (Mostra)
COMO DIZ A BÍBLIA (Mostra)
ROCKROLLA - A GRANDE ROUBADA (Mostra)
A CANÇÃO DOS PARDAIS (Mostra)
ALVORECER EM SUNSET (Mostra)
SETE VIDAS

NOTA 5 - RAZOÁVEL – DÁ PARA PASSAR
VICKY CRISTINA BARCELONA – Woody Alen no auge da sua preguiça.
MAX PAYNE
BATMAN O CAVALEIRO DAS TREVAS – Que falta de humor. O que Hellboy tem em excesso aqui temos em falta. Tudo bem que é o cavaleiro da trevas etc mas precisava ser tão chato?

PONTO DE VISTA
EU SOU A LENDA – Will Smith salva o filme.
SANGUE NEGRO – Achei um tanto exagerado o cartaz dado a esse filme. Porque esses incensos todos a Daniel Day Lewis? Ele está exagerado demais no papel. Marlon Brando já ensinava como se deve dar metade do que se pode para atingir a perfeição. Exagerado.

O AMOR NOS TEMPOS DO COLERA – Que sotaque ridículo é esse que os atores fazem? Se era para falar em inglês falassem logo sem esse sotaque espanhol horrendo. A fotografia é péssima e a luz exagerada ressalta os excessos das maquiagens e próteses dos atores.

SWEENEY TODD: O BARBEIRO DEMONÍACO... – Meio cansativo do meio para o fim.
PARANOID PARK
O GANGSTER
REDE DE MENTIRAS
ADORAÇÃO (Mostra)
CASHBACK (Mostra)
NINHO VAZIO (Mostra)
LOVEBIRDS (Mostra)

NOTA 4 – RUIM, MAS AINDA NÃO DÁ VONTADE DE SE MATAR
OS ESTRANHOS – Prende a atenção até a metade, fica chato no meio, parece que prende de novo no terço final para terminar sem graça.

QUEIME DEPOIS DE LER – Não imaginei que ia achar ruim um filme dos irmãos Coen e com Francis McDormand no elenco, mas achei fraquíssimo.

AS DUAS FACES DA LEI – Deixei antes da metade, mas soube que não perdi nada. Um porre. Não foi dessa vez que Patino e DeNiro me encantaram juntos

HELLBOY2 – Som estridente e piadas a cada segundo. Quando a platéia fosse autorizada a pensar ou respirar o diretor poderia avisar. Nunca sai de um filme me sentindo tão surdo. Para que tanta piada?

O INCRÍVEL HULK – Não sou fã do Hulk nem desses super heróis chatos e amargos.
AS CRÔNICAS DE SPIDERWICK – Não sou criança, o que fui fazer nesse filme?
CLOVERFIELD – Achei diferente a história contada sempre por uma câmera manual. E só.
CONTROLE ABSOLUTO – A história descamba no final, mas não andava bem desde o começo
TRATO É TRATO - (Mostra) – Alguém já contou essa história outras vezes e melhor. Só porque é inglês tem que ser ótimo?
INDIANA JONES E A CAVEIRA DE CRISTAL – Bem, o que eu queria?
IMPÉRIO DOS SONHOS - David Linch chato como nunca

NOTA 3 – PÉSSIMO DE DOER
A LISTA VOCÊ TÁ LIVRE – Pretensioso e previsível, além de um final de matar de ódio.
ESPELHOS DO MEDO – Bobo e não assusta exceto a cena da banheira que e escatológica ao ponto que não consegui olhar por mais de 2 milésimos de segundo.

30 DIAS DE NOITE – Um porre. Já vimos essa história muitas vezes e sempre é igual. Só porque é no Alasca? Essa é a única diferença.

JUMPER – Efeitos especiais que ficam cansativos na metade e um elenco que enjoa de tão cheio de caras e bocas.

NOTA 2 – PERDA DE DINHEIRO
10.000 AC – Uma cópia ruim do ótimo Apocalipto
OS CONDENADOS –

NOTA 1 – PERDA DE TEMPO E DE DINHEIRO
FIM DOS TEMPOS – O diretor ta caindo num poço sem fundo. Ótimo em O Sexto Sentido, Sinais e A Vila e caindo sem parar. Aquele final explicadinho é exatamente o que Hitchcock não faria jamais.

ESTOU VIVA (Mostra)

NOTA 0 – UMA BOMBA COLOSSAL
ERVA DO RATO (Mostra)
24 CITY (Mostra)
LEITE (Mostra)
PEPINO (Mostra)

26.11.08

Vicky Cristina Barcelona


O novo filme do diretor Woody Allen estreou com uma das maiores bilheterias da temporada, só perdendo para o arrasa-quarteirão 007 Quantum of Solace. Vicky Cristina Barcelona é uma daquelas comédias leves e divertidas que são como uma brisa num verão. Uma brisa passageira, talvez.

Mal comparando, um filme de Woody Allen é como um sapato ou uma bolsa de grifes Prada ou Louis Vuitton. Justiça se faça, isso serve para qualquer filme de um grande diretor, como Almodóvar, Hitchcock, Fellini...E, como em toda grife, há os que consomem somente pelo nome e aqueles que levam em conta a qualidade do produto. Nem sempre as duas coisas andam juntas.

No caso de Woody Allen costumam andar. Dá para assistir aos seus filmes sem pestanejar só pelo seu nome estampado nos créditos. Nem precisa ler sobre a história ou dar ouvidos a comentários. E a promessa é de qualidade, não ficando bem dizer que não se gostou do resultado ou que esperava mais.

Ok. Eu esperava mais. Estou sempre esperando que um produto de uma grife corresponda ao seu nome. E o nome de Woody Allen me acostumou mal. Ele fez obras primas boas demais para que eu me contente com menos. Listar todas seria redundância e escolher algumas, injustiça. Este é o seu quarto longa na Europa após deixar sua zona de conforto — Nova Yorque —, palco de dezenas de super-películas anteriores. Este filme se passa, pela primeira vez em sua filmografia, em Barcelona.

Depois de três filmes em Londres (Match Point, uma espécie de ápice radioso de uma carreira já brilhante e Scoop e Sonho de Cassandra, duas obras que mereciam mais elogios do que tiveram), o diretor resolveu fazer uma declaração de amor à sensual capital da Catalunha. Barcelona resplandece em uma verdadeira palheta de cores e uma partitura de sons (e quase uma orgia de aromas e sabores se o cinema permitisse tais recursos sensoriais). Quase dá vontade de sair correndo, pegar o passaporte e embarcar para a Espanha sem sequer lembrar que os brasileiros estão sendo deportados de Madri às pencas...Mas voltemos ao filme.

A bela e talentosa Scarlett Johansson retorna consagrada como musa do diretor após os citados Match Point e Scoop, mas agora temos dois queridinhos do cinema espanhol: Javier Bardem (ator de primeira, ganhador do Oscar por Onde os Fracos Não Têm Vez e atuações soberbas em Sombras de Goya, Carne Trêmula e Mar Adentro) e Penélope Cruz, uma das atrizes mais chatas e canastronas de toda a história do cinema mundial, uma atriz que deveria ser bolsista numa escolinha de interpretação de periferia. Discordo de absolutamente todas as matérias que dizem que ela, exuberantemente, rouba as cenas do filme. Observe bem e você verá que ela faz sempre o mesmo papel em todos os filmes. E todos mal.

Essa é a falta mais grave do filme, mas essa canastrona, que até ganhou uma Framboesa de Ouro de pior atriz por Profissão de Risco, enganou outros diretores e, atuando em Volver, de Almodóvar, foi até indicada ao Oscar. Mas há detalhes mais sutilmente incômodos do que Penélope Cruz em Vicky Cristina Barcelona.

O psicanalista Contardo Calligais defende em recente artigo na Folha de São Paulo que apesar de ser uma comédia leve sobre afetos e paixões, no fundo esse é um filme triste porque os personagens se apaixonam, vivem sentimentos fortes, mas, no fim, tudo isso não transforma ninguém. Vicky e Cristina vão embora iguais ao que eram no começo, como turistas americanos que viajam para a Europa, desfrutam dos excessos oferecidos pelo velho continente e retornam ao que eram sem serem modificados pelo vivido.

Afinal, para que serve algo assim? Se não somos atingidos profundamente por uma experiência como a paixão, o que resta? As fotografias, como as que Cristina tenta, desesperadamente, catalogar suas emoções e o abandono das relações desafiadoras que experimenta?

Há ainda outros aspectos do filme que me incomodam. O recurso de narrativa em off é um deles. Esse artifício é uma muleta que um diretor usa para dizer o que não conseguiu com suas imagens e diálogos. Uma banalização, como a que fizeram os produtores de Blade Runner ao obrigar o diretor Ridley Scott a empobrecer o filme inserindo narrativas em off com a voz de Harrison Ford para tornar a obra mais fácil e comercial.

Em Vicky Cristina Barcelona há um mal disfarçado deboche classista dos personagens que representam a busca de uma vida mais equilibrada, os que não são artistas. Seriam seres insossos, financistas excessivamente preocupados em ganhar dinheiro e consumir luxos. Os exóticos, hedonistas, charmosos e valorizados são os artistas, pintores, músicos, poetas, esses seres que vivem nos limites das paixões e criam novos sentido para o mundo.

Mas, ora bolas, se não houvesse gente com grana, disposta a pagar fortunas por uma meia dúzia de pinceladas dispersas em uma tela, como as que fazem os personagens Juan Antonio, de Bardem, e Maria Emília, de Penélope Cruz, quem iria sustentar os luxos dessa dupla? Se os dois não tivessem como pagar seus vinhos e jantares caros, como iriam ter tempo para se esfaquearam e viverem de arte? É fácil ridicularizar os executivos enquanto se glamouriza a vida dos artistas. Difícil seria fazer o oposto.

E que história é aquela do poeta que escreve poesias tão belas que prefere destruí-las para não vê-las publicadas e não referendar as leis do mercado capitalista? Essa é uma das maiores idiotices que já vi. E o tal homem é mostrado no filme como um gênio. Tenho várias palavras palavras alternativas para chamá-lo. Gênio não é uma delas.

Não há nada de especialmente radical ou corajoso em mostrar turistas curtindo dias de loucura antes de retomar sua vida cotidiana. Seria como uma versão mais chique e colorida de Curtindo a Vida Adoidado. Ou, como lembrou o jornalista Arthur Dapieve no Globo "jovens-americanas-vivem-aventura-amorosa-em-país-latino. Não é muito original, é? Lembra o plot de Orquídea Selvagem". E tudo continua igual e nada muda ninguém. No filme Três Formas de Amar, pelo menos os personagens saem profundamente mexidos da experiência.

Para um filme mais audacioso, recomendo Rumo ao Sul, de Laurent Cantet, com Charlotte Rampling que conta a história de três mulheres americanas que viajam até o Haiti e se envolvem com o mesmo homem, um jovem local cheio de sex appeal. Estou sendo um pouco injusto. Vicky e suas amigas tem seus méritos. Felizmente não sou pago para relacioná-los.

22.11.08

Última Parada 174


Filme de Bruno Barreto e que tive a sorte de assistir junto com o ator principal e depois participei de um debate com o diretor e seu ator, mediado pelo jornalista da Folha Gilberto Dimentein. O debate teve momentos de discussão acalorada, bate boca e baixaria mas essa é outra história. Indicado pelo Brasil para concorrer a uma vaga entre os indicados ao próximo Oscar. História conhecida do sequestrador do ônibus 174 que já foi objeto de um excelente documentário de José Padilha. Aqui uma leitura mais ficcional em que uma mãe busca um filho e um filho busca uma mãe. O final é genial.

Um Lugar Chamado Brick Lane


Um filme que se passa principalmente em Londres numa comunidade de imigrantes de Bangladesh. Não sabia que existia esse lugar em Londres e muito menos que havia tantos bengalis por lá. Uma fotografia belíssima de Bangladesh e que conta a história de Nazneen que se casa obrigada com um homem que ela nunca viu. Ela tem duas filhas com este homem que é um homem educado mas muito simplório. O filme mostra as insatisfações dessa mulher, suas saudades de casa, a descoberta de um amor novo com um compatriota sensivel e bonito, a busca da independencia financeira e finalmente o efeito do 11 de Setembro na perseguição aos imigrantes muçulmanos em Londres. Bonito e com um final não-hollywoodiano.

Três Dias de Chuva


Baseado nos contos do escritor russo Anton Chekov. Seis retratos de vidas contemporâneas no limite durante três dias de chuva em Cleveland. Um elenco excepcional sempre visto em filmes independentes. Tive a sorte de antes da projeção, no Cine Bombril ter a visita na sala simplesmente de Wim Wenders, produtor deste filme que contou aos expectadores como foi que travou conhecimento com o projeto independente e como se encantou com ele. A trilha sonora toda de jazz é excepcional. Um filme simples mas encantador.

Rockrolla-A Grande Roubada


Último filme do diretor Guy Ritchie, autor dos ótimos Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch – Porcos e Diamantes. O filme segue a mesma linha dos anteriores e envolve sexo, drogas e rock’n roll. Comédia de ação que se passa no submundo de luxo de uma Londres cheia de mafiosos, marginaizinhos e empresários ricos e grande especuladores imobiliários. Várias histórias paralelas que se encontram com montagem ágil e ótima trilha sonora de rock, típica dos filmes de Guy Ritchie.

Lições Particulares


Filme belga que me surpreendeu bastante pela coragem em expor sem julgamento moral questões sérias como a pedofilia. A história é difícil e ao final, na sala onde eu estava, uma mulher saiu gritando que era lixo disfarçado de cinema e que os pais deviam saber como defender seus filhos. É uma questão polêmica pois mostra um adolescente que tem problemas na escola e vive suas primeiras relações sexuais com a primeira namorada. É comum as primeiras relações não serem satisfatórias mas ao conhecer Pierre, um homem adulto amigo da sua mãe, ele passa a ficar sob os cuidados desse homem que o ajuda na difícil tarefa de ser aprovado em um difícil teste escolar. A ausência da mãe e do pai e a influência cada vez maior desse homem passa a representar um duro teste na vida do garoto. Esse homem e um casal amigo, além de ajudar o rapaz nas lições passa a usá-lo sexualmente. Forte e instigante mas o bom mesmo foi o diretor não carregar no julgamento moral deixando para a platéia a decisão do que pensar.

Como eu Festejei o Fim do Mundo


Premiado filme romeno em que o pequeno ator que interpreta o garotinho Lalalilu rouba cada cena. O filme mostra uma comunidade pequena nos meses que conduziram à deposição do ditador romeno Nicolau Ceausescu. Poético, sensível e bonito. Excelente.

21.11.08

Trato é Trato


Uma comédia britânica que recebeu na minha opinião uma atenção excessiva do público da Mostra. É um daqueles filmes ingleses que mostra como uma pessoa meio maluca pode mudar a vida de outra muito certinha. História de um condutor de trem que sonha escrever um livro. Numa semana ele vê dois acidentes fatais em frente ao seu trem. Dizem-lhe que se houver mais um naquela semana ele será aposentado e ele tem que conseguir essa pessoa...o homem aparece e eles fazem um trato...mas em uma semana esse relacionamento vai mudar a vida dele...Engraçadinho mas muito previsível.

Como Diz a Bíblia


Um documentário excelente mostrando como a sociedade fundamentalista cristão americana utiliza a Bíblia para oprimir homossexuais. As experiências de cinco famílias tradicionais americanas onde se descobre que um dos membros é gay. O filme consegue mesmo dentro de um tema tão difícil ser divertido e incômodo ao mesmo tempo. Muito bom mesmo e também muito importante.

Cavalo de Duas Patas


Da iraniana Samira Makmalbaf, diretora de A Maçã, O Quadro Negro e Às Cinco da Tarde (A mais jovem diretora do mundo a participar da seleção oficial do Festival de Cannes 1998) filha do cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf. Filme que levou algumas pessoas a sairem antes do final. Um tanto chocante pois é a história de um menino que perdeu as duas pernas devido a uma mina, onde também morreu sua mãe. Como ele não pode caminhar ate sua escola a família contrata um garoto pobre e deficiente mental para carregá-lo nas costas. Mas o garoto aleijado começa a tratar o seu "cavalo" de um modo cruel como não se faz nem com um animal. Um filme provocante.

20.11.08

Se Nada Mais Der Certo


Um filme brasileiro excelente em que Cauã Reymond me surpreendeu com uma atuação maravilhosa e corretíssima. Aqui também temos o baiano João Miguel, presente em 10 em cada 10 filme brasileiro novo. Este filme foi premiado no Festival de Cinema do Rio e na sala em que vi o diretor do filme, José Eduardo Belmonte, apresentou o seu trabalho aos expectadores. Elenco afiado, montagem correta, trilha bonita. Um filme 100%.

Lovebirds


Outro filme português. Este usa um recurso meio batido de contar várias histórias simultaneamente. Neste filme são seis histórias e um final edificante. Filme honesto mas nada muito especial. Bom apenas. Lovebirds são aqueles periquitinhos que ficam juntinhos aos pares mas não sei bem porque usaram esse título no filme.

Aquele Querido Mês de Agosto


Filme português bastante badalado pela imprensa na Mostra e acabou até recebendo um prêmio mas me incomodou um tanto. Achei a montagem muito estranha mas depois que entendi a proposta do filme, depois que li as materias...passei a entender mas não sei se um filme deveria ter manual de instruções. Você deveria gostar de um filme pelo que ele é e pelo que mostra e não depois de saber quais os mecanismos o diretor teve que usar para fazê-lo. Até a primeira hora do filme vemos a equipe do diretor preparando o filme, filmando cenas que serão usadas no longa e aos poucos o filme real vai sendo apresentado mas ainda misturado com as cenas dos bastidores. Depois, o filme real se instala e por 1 hora vemos o filme que eles foram fazer, mas este nem é um filme tão bom assim. O que acontece é que a história passa a ser interesante porque ela foi montada deste modo. Sei lá, um negócio esquisito mas que parece que funcionou. Não sei o que pensar. Não sei se gostei ou não.

Ninho Vazio


Filme argentino não tão bom quanto o de Trapero. A história vale pelo final onde se descobre que o diretor usou um recurso narrativo bem interessante. A história que vemos a partir de certa parte do filme só acontece na imaginação do personagem e só notamos isso no final. Valeu por essa sacada. O diretor Daniel Burman é conhecido por ótimos filmes como As Leis de Família e O Abraço Partido.

O Silêncio de Lorna


Filme belga de dois diretores famosos, os irmãos Dardene que já ganharam duas vezes a Palma de Ouro em Cannes e também foram premiados em outras Mostras. Aqui uma mulher albanesa se casa com um belga viciado só para ter a cidadania belga e conseguir trabalhar mas o plano é se separar dele já que conseguiu a cidadania e casar com um russo para que ele também tenha a cidadania belga. Mas ela está presa a uma gang perigosa. O filme tem uma mensagem (odeio essa palavra mas...) que é a questão da cidadania versus a identidade. Uma questão importante na Eurpa de hoje. Após a conquista da cidadania e dos direitos, o que resta para a pessoa se não buscar a identidade? Filme nota 10

Leonera


Um ótimo filme argentino de um diretor que adoro: Pablo Trapero (que dirigiu os ótimos Família Rodante, Nascido e Criado e Do Outro Lado da Lei). Nesse filme trabalha Rodrigo Santoro que está sempre bom, mas a história é focada na personagem feminina que é acusada de matar o namorado e ferir o amante dele (Santoro). Ela é presa grávida e tem o filho na cadeia. O menino cresce e o drama dela aumenta pois tem que entregar o menino para a avó. Muito bom e sem excessos de sentimentalismo, a marca de Trapero.

Cashback


Filme americano que é a versão em longa-metragem do indicado ao Oscar de curta metragem homônimo. Estudante de Artes, sofre de insônia e para ocupar o tempo à noite trabalha em supermercado onde tipos estranhos circulam. Na minha opinião é um pouco pretensioso com câmeras lentas e música meio metidinha. Não é ruim e em algums momentos é divertido mas não é excepcional. O final é clichê.

Sonata de Tókio


Filme do diretor japonês Kiyoshi Kurosawa que mostra uma família em que o pai repentinamente perde o emprego e esconde o fato da família. O filho mais velho se alista no exército americano para lutar no Iraque e o mais jovem faz aulas de piano escondido dos pais. A mãe tenta manter a união familiar mas a desintegração de instala de vários modos e o final com o garotinho tocando uma linda música fez a platéia do Cine Sesc explodir em aplausos. Lindo!

Adoração


Filme canadense de Atom Egoyan, diretor que gosto muito desde que assisti aos seus filmes anteriores O Doce Amanhã e Exótica. História de um adolescente que acredita que é filho de um terrorista que plantou uma bomba na bagagem da sua mãe, quando era sua namorada e estava grávida dele.