30.11.21

LEITURAS ABANDONADAS - 2ª PARTE

 

Há algum tempo escrevi um texto com o nome de Leituras Abandonadas, sobre cinco livros cuja leitura não conclui. Não são muitos os que abandonei, não somente porque resisto em largar uma obra pelo meio, acreditando que a leitura vai me seduzir em certo momento, mas por um faro para identificar bons livros a partir de autores ou temas que me interessam.

Há tempos meu ritmo de leitura tem sido intenso. Há quatro anos leio, em média, quatro livros por mês. Mas no meio do caminho.... Como disse, no primeiro texto, havia Ulisses  (de James Joyce), O Pêndulo de Foucault (de Umberto Eco), Carol (de Patricia Highsmith), O Som e a Fúria (de William Faulkner) e Orientalismo (de Edward Said). Falei dos motivos pelos quais abandonei cada um naquele post.

Mas, à medida que o número de livros lidos aumentou, também aumentaram os abandonos. Eis os cinco novos abandonados. Quatro viraram filmes e dois dos filmes me fizeram largar os respectivos livros.

ENTREVISTA COM O VAMPIRO - Primeiro e único livro que tentei ler da autora Anne Rice que tem uma série de livros sobre vampiros, algo que em si já me agrada. O filme é excelente (com Tom Cruise, Brad Pitt, Christian Slater, Antonio Banderas e direção do genial Neil Jordan) e tive o privilégio de assistir no cinema pela primeira vez em São Francisco, onde foi filmado. A tradução é de ninguém menos do que da divina Clarice Lispector. Tinha como ser ruim?  Não tinha. Mas detestei. Dei uma segunda chance e retomei a leitura depois, mas a linguagem excessivamente barroca me deu até enjoo. Se depender de mim, Anne Rice não passa na minha porta!

BUTCHER BOY – INFÂNCIA SANGRENTA – Primeiro livro e único que tentei ler do irlandês Patrick McCabe. Ao contrário do barroco Entrevista com o Vampiro, aqui a linguagem é crua e experimental, girando em torno do crescimento disfuncional de uma criança na tradicional Irlanda,  com generosas doses de violência, alcoolismo e doença mental. Tinha tudo para ser um ótimo livro, mas a narrativa construída como se estivéssemos dentro da cabeça da criança, com erros de concordância, tiques e repetições, me irritou. Talvez eu dê uma segunda chance ao livro que tem muitos admiradores, como Neil Jordan (diretor de Entrevista com o Vampiro), que o adaptou para o cinema no excelente Nó na Garganta.

CLUBE DA LUTA – Outro livro que virou filme e que não consegui gostar da leitura,  abandonada antes da metade, conta a história de um homem com insônia crônica e que finge ser alguém com enfermidades graves em diversos grupos de apoio. De autoria do americano Chuck Palahniuk, talvez já saber o “segredo” da história através do ótimo filme com Brad Pitt e Edward Norton e direção de David Fincher (dos filmes consagrados Seven e Garota Exemplar) tenha me desestimulado. Já soube que há diferenças entre livro e filme e como tenho outros livros do autor talvez dê uma segunda chance no futuro, já que quero me aventurar mais pela sua escrita muito criativa com temas ousados.

GONE, BABY, GONE – O quarto livro desta série que também virou filme que foi dirigido por Ben Affleck, com Morgan Freeman e Ed Harris  no elenco e com  subtítulo no cinema de Medo da Verdade. Gosto muito do estilo do autor Dennis Lehane de quem já li o excelente Sobre Meninos de Lobos (também adaptado para as telas, assim como Ilha do Medo). Saber do final da história pelo filme me fez desistir da leitura logo no começo. O filme tem um final muito anticlimático e frustrante e imaginei que iria ler mais de 450 páginas para me irritar no fim. Ok, as histórias dos livros de Dennis Lehane não são exatamente chá com bolinho, mas já vi o filme. Então me basta de sofrer.

PORQUE LER OS CLÁSSICOS – Adoro os livros do cubano Ítalo Calvino e dois deles estão na minha lista de favoritos da vida (As Cidades Invisíveis e Se um Viajante Numa Noite de Inverno). Este aqui não é um livro de ficção, não virou filme e jamais viraria, por ser um livro que trata de outros livros clássicos. Apesar do bom humor do autor que diz que a razão definitiva para ler os clássicos é tão simples como as grandes verdades: lê-los é melhor do que não os ler", ainda não me sinto preparado para usufruir devidamente desta obra. Farei isso quando crescer. Doei meu exemplar para minha amiga Márcia Magalhães, que na primeira oportunidade, exibindo sua sapiência, jogou na minha cara: “Ah eu estou adorando, não sei por que você não gostou”!

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