Mais um ano bati meu ponto na Mostra Internacional
de Cinema de São Paulo que neste ano teve a sua 43ª edição.
Em um ano marcado por problemas de financiamento
cultural e um crescente empobrecimento das artes no país vítima de um governo
estúpido e ignorante, a Mostra pela primeira vez não teve o patrocínio da
Petrobrás, sua parceira histórica. Mas nem por isso os cinéfilos ficaram a ver
navios.
Com mais de 320 filmes, o mesmo dos anos anteriores
e mais de 1.100 sessões em 27 salas diferentes, houve filme para todos os
gostos. Este ano, tive sorte de ver na maioria das minhas escolhas, filmes
acima da média.
Comprei outra vez o passaporte de 40 ingressos que
custou o mesmo do ano passado. Por R$ 374,00 cada filme custou menos de R$
10,00. Muito abaixo do valor de uma meia-entrada. No final, acabei assistindo a 44 filmes mas quatro deles foram convites que ganhei da Central da Mostra.
Todo ano eu encontro as mesmas pessoas de tanto que frequentamos as Mostras. Tem gente de todo lugar, cariocas, mineiros, paulistas, nordestinos de todos os estados, é uma confraria mas fica chato quando a gente fica se batendo com a mesma pessoa em todo filme e a pessoa insiste em dizer quais os seus favoritos e irrita porque às vezes a gente não viu o filme ou não gostou do tal filme que o outro adorou.
Todo ano eu encontro as mesmas pessoas de tanto que frequentamos as Mostras. Tem gente de todo lugar, cariocas, mineiros, paulistas, nordestinos de todos os estados, é uma confraria mas fica chato quando a gente fica se batendo com a mesma pessoa em todo filme e a pessoa insiste em dizer quais os seus favoritos e irrita porque às vezes a gente não viu o filme ou não gostou do tal filme que o outro adorou.
Como quase sempre acontece, os filmes premiados ou
eu não assisti porque não eram do meu interesse na hora da seleção, ou porque eu não
concordo com a premiação. O queridinho da Mostra este ano ganhou o prêmio do
júri de documentário e também o prêmio da crítica de melhor filme
internacional: Honneyland. Acho justa a premiação, mas o prêmio do júri de
ficção para Dente de Leite não me pareceu justo. Vi filmes melhores.
O prêmio do júri de melhor ficção para novos diretores
ficou para System Crasher, um filme que vi ser muito elogiado nas filas, mas
que não consegui encaixar na minha programação.
O mesmo aconteceu com o filme Parasita, que ganhou o prêmio do público para melhor ficção internacional.
O mesmo aconteceu com o filme Parasita, que ganhou o prêmio do público para melhor ficção internacional.
Os dois prêmios do público de melhor documentário
brasileiro, melhor filme de ficção brasileiro e melhor filme de ficção
internacional foram respectivamente para Chorão: Marginal Alado, Pacificado e A
Grande Muralha Verde, filmes com temáticas que estão anos luz distante da minha
preferência.
Aqui estão
os meus filmes por ordem de favoritos:
O PÁSSARO
PINTADO – O melhor filme que vi na Mostra. Uma produção da Ucrânia.
Espetacular. Acompanha as desventuras de um menino judeu durante a 2ª Guerra Mundial. Perseguidos pelos nazistas, seus pais o deixam com uma tia que morre e o garoto é obrigado a sobreviver sozinho. Ele vaga pelo interior, por
aldeias e fazendas e no caminho, encontra várias pessoas e sofre com a
brutalidade de camponeses supersticiosos e testemunha a violência de soldados
russos e alemães. Um filme belíssimo, tocante e muito violento com uma
interpretação excepcional do garoto e participações luxuosas de atores como Udo
Kier, Stellan Skarsgård, Harvey Keitel, Julian Sands em algumas pontas.
SIBYL –
Produção francesa e belga conta a história de Sibyl, uma psicóloga que deseja
ser escritora. Decidida a realizar seu sonho, ela dispensa alguns pacientes
para ter mais tempo livre. Mas a inspiração não vem. Até que ela conhece uma nova paciente, Margot, jovem atriz que se prepara para gravar
um filme. A vida de Margot é tão interessante que Sibyl decide usar seus relatos como inspiração para uma obra de ficção. Logo, o filme de
Margot e o livro de Sibyl, perigosamente, começam a se misturar com o passado e
o presente das mulheres. Várias cenas são filmadas na ilha vulcânica italiana de Stromboli, cenário também do filme clássico homônimo de Roberto Rosselini, de 1950, com Ingrid Bergman.
LABIRINTO-
Um brilhante filme iraniano. Espetacular. Uma história de suspense cheia de
reviravoltas e tramas dentro de tramas dentro de outras tramas. Começa com uma
criança desaparecida, um casal que está prestes a emigrar do Irã, uma
investigação policial, intrigas e farsas. A família é cheia de segredos e o desaparecimento do
menino começa a mostrar como desaba um castelo de cartas.
TEERÃ-CIDADE
DO AMOR – Filme iraniano muito bonito e singelo conta a história de três
personagens desencantados com a vida: um ex-tricampeão de fisiculturismo, a
recepcionista obesa de uma clínica de beleza e um cantor religioso deprimido.
Todos em busca do amor. O filme trata da solidão de um modo democrático numa
cidade que parece não os enxergar. Chamou-me a atenção o modo delicado com que
o diretor mostra o desejo homoafetivo do fisiculturista, algo a se registrar
numa cultura islâmica machista e homofóbica como o Irã.
HONNEYLAND
– Super-premiado documentário da Macedônia do Norte. Numa vila isolada, uma
mulher de mais de 50 anos cuida de uma colônia de abelhas e da velha mãe
doente. Um dia, uma família turca itinerante se instala ao lado da sua casa e
tira totalmente sua paz com sete crianças barulhentas e mais de 100 vacas. Ela
a princípio se anima e divide seus conhecimentos de apicultura, mas ela acaba
sendo vítima da ganância do patriarca da família turca que ameaça o seu modo de
vida e seu sustento. O documentário recebeu vários prêmios como o Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance, além dos dois mais importantes das Mostra.
TREMORES
– Uma produção da Guatemala conta a história de Pablo, um homem bonito e
másculo de 40 anos, pai de um casal adorável de crianças. O filme tem início
com uma tensa reunião da família fortemente evangélica que acaba de descobrir
que o homem é gay. Os pais e irmãos de Pablo, bem
como a família da sua esposa e até os empregados da família abastada se
envolvem no processo de tentativa de “cura” e reversão da “doença”. Pablo tem que sair de casa, perde o emprego pelas intrigas da família,
sua vida vira um inferno e ele é proibido de ver os filhos pela
Justiça com insinuação de pedofilia. Pablo sofre
apesar de ter o apoio do namorado que tenta fazer ele
lutar sem se deixar dominar. Tudo ocorre entre
vários tremores de terra sob a cidade, como metáfora do que
acontece na vida de Pablo.
LIMPEZA-
Produção da Coreia do Sul muito boa, como costumam ser filmes sul-coreanos.
A história de Ju, faxineira cujo filho morreu de uma doença cardíaca. Sua
vida se resume a trabalhar, beber e ir à igreja. Ela sofre com a dor da perda
do filho e do divórcio, mas as coisas realmente a ameaçam quando surge em sua
vida, saído da prisão, um jovem que vem a ser o menino que ela e o ex-marido
sequestraram para conseguir o dinheiro da operação do falecido filho. Esse
encontro do destino faz com que Ju não descanse enquanto não resolver essa
dívida do passado até porque o dinheiro que pagou o resgate do garoto levou à morte de outra pessoa.
CASTELO DE
SONHOS - Outro filme iraniano excelente. Quando a mãe de seus filhos está em
estado terminal no hospital, um homem volta para sua família após anos ausente. Ele não tem outra opção, senão levar os filhos com ele numa
viagem. Mas para onde, já que ele não conseguiu construir o castelo dos sonhos
imaginado pela mãe das crianças? O casal de crianças é ótimo e trata-se de
um clássico road movie com os melhores ingredientes do gênero. Uma
preciosidade.
LARA –
Filme alemão retratando um dia na vida de Lara. Nesta data ela faz 60 anos e
seu filho Viktor se apresentará em um grande recital solo de piano pela
primeira vez. Ela, no entanto, não foi convidada para o concerto, ao contrário
do pai e da namorada dele. Mas Lara decide comprar os últimos ingressos para o
show e os distribui de acordo com sua vontade. O filme revela aos poucos os
contornos dramáticos da relação complexa desta mãe e de seu filho, as razões
para o afastamento deles bem como a razão pela qual Lara tinha tantas
dificuldades em aceitar o talento do filho.
LILLIAN-
Um espetacular filme da Áustria baseado numa história real de uma jovem russa que sem
emprego nos EUA, decide voltar a pé para a Rússia saindo de Nova Yorque. Com
ferrenha determinação e alguns mapas, ela parte em uma longa jornada pessoal em um
inspiradíssimo road movie pelo interior dos Estados Unidos onde ela cruza desertos, rouba comida, roupas e calçados, atravessa rodovias intermináveis, montanhas geladas, passa fome sede e frio, atravessa o
Canadá até chegar ao Alasca por onde pretendia cruzar o estreito de Bering para
a Rússia. O filme tem uma direção segura e nunca é lento ou monótono apesar de
a protagonista não dizer uma única palavra por todo o filme.
PHOENIX-
Excepcional filme da Alemanha que conta a história de uma cantora sobrevivente de um
campo de concentração que ficou desfigurada. Após uma cirurgia plástica de
reconstrução facial, ela volta a Berlim em busca do marido pianista. Quando finalmente o
encontra, ele não a reconhece, mas como ela se
parece com sua esposa, que ele acredita estar morta, o marido pede que ela
o ajude a reivindicar a herança de sua mulher. Ela concorda, pois deseja
descobrir se ele a amava ou se a traiu denunciando-a aos nazistas. O filme
venceu o Prêmio da Crítica no Festival de San Sebastián. Trilha sonora de Cole Porter espetacular.
DENTE DE
LEITE- Filme da Austrália muito simpático que mostra o drama de uma
adolescente muito doente que se apaixona por um jovem meio trombadinha
(trombadinha australiano é claro), levemente envolvido com tráfico de drogas.
Os pais da garota, sabendo que ela pode não viver muito, ficam apreensivos com a
relação, mas veem que depois que o rapaz entrou na sua vida, ela passou a
ter uma nova vontade de viver. A garota passa a ter um comportamento estranho,
mas sua vida passa a ser mais interessante e até feliz em meio ao caos.
HORAS DE VERÃO – Filme francês do premiado diretor Olivier Assayas, homenageado pela Mostra (os outros
são o palestino Elia Suleiman e o israelense Amos Gitai). Aqui vemos os
caminhos de três irmãos de meia idade que se reencontram após a morte da mãe,
herdeira de uma coleção de arte. Uma designer famosa, papel de Juliette
Binoche, um professor universitário e um empresário com negócios na China, são
confrontados sobre o fim da infância, as memórias e as visões diferentes do
futuro.
CONTRA A
PAREDE- Uma coprodução da Turquia e Alemanha do premiado diretor Fatih
Akin, responsável pelos ótimos Do Outro Lado, Soul Kitchen e O Bar Luva
Dourada. Aqui temos a história de um homem e uma mulher de origem turca que
vivem na Alemanha e se conhecem num hospital para pessoas que tentaram o
suicídio. Ele é um alcoólatra autodestrutivo e ela, uma jovem à procura de um
casamento para se livrar da família opressora. Ela propõe a ele um casamento de
conveniência, mas aos poucos o amor acaba surgindo em meio a conflitos
existenciais e confrontos culturais. O filme ganhou o Urso de Ouro no Festival
de Berlim. Um filme que tem o DNA do diretor que não faz filmes fáceis mas nem
por isso menos belos.
O CARCEREIRO-
Nos anos 60, uma prisão do Irã precisa ser evacuada para construção de um
aeroporto. Jahed, o carcereiro do local, está encarregado pela transferência
dos presos para uma nova penitenciária. Mas ele descobre que um preso condenado
à morte desapareceu. Um filme muito bom como acontece em geral no cinema
iraniano. Consegue manter a tensão todo o tempo e tem uma trama bem amarrada
com um belo final.
MEU NOME É
SARA- Produção dos Estados Unidos mas que se passa na Europa durante a 2ª Guerra Mundial. Sara era uma judia polonesa que, aos 13 anos, teve a
família inteira morta por nazistas. Após uma fuga para o interior da Ucrânia, ela rouba a identidade da melhor amiga e
encontra refúgio em uma pequena vila, onde é acolhida por um fazendeiro e sua
jovem esposa. Sara logo descobre os segredos sombrios que envolvem o casamento
de seus empregadores, enquanto se esforça para proteger seu maior tesouro: a
verdadeira identidade.
OLEG -
Uma produção da Letônia e Bélgica e Lituânia conta a história de um jovem
açougueiro da Letônia. Ele está em Bruxelas na esperança de ter uma vida
melhor, mas cai vítima de um criminoso polonês que o explora. Ele deseja fugir
das garras do bandido mas o homem é muito perigoso e Oleg não conhece mais
ninguém na Bélgica e precisa se virar.
CAVALOS ROUBADOS-Produção da Noruega,
Suécia e Dinamarca com o excepcional ator Stellan Skarsgård no elenco. Ele
interpreta Trond que vive isolado em uma pequena vila da Noruega. Lá, ele
reconhece Lars, um amigo de adolescência. O reencontro faz com que Trond tenha
lembranças de 1948, quando era adolescente e passou o verão na mesma região com
o pai. Na época, o jovem precisou lidar com a traição e o abandono do
patriarca, que fugiu com a mulher por quem Trond estava interessado e que era a
mãe dos seus amigos.
BABENCO -
ALGUÉM TEM QUE OUVIR O CORAÇÃO E DIZER: PAROU- Documentário da atriz
Bárbara Paz vencedor do prêmio de melhor documentário sobre cinema no Festival
de Veneza. Vemos uma série de cenas dos filmes do cineasta Hector
Babenco. Ao perceber que
não restava muito tempo de vida para Babenco que desejava ser protagonista da
própria morte, a esposa decide gravar seus momentos finais onde o diretor revive sua trajetória no cinema e se desnuda em
situações muito íntimas e dolorosas.
GAY CHORUS
DEEP SOUTH – Um tocante documentário norte-americano dirigido por um
brasileiro que estava na sala de projeção e apresentou o filme à plateia. O
documentário mostra uma turnê do Coro de Homens Gays de São Francisco por
vários estados do sul dos EUA. Mais de 300 cantores viajam pelo Mississippi,
Tennessee, Alabama e Carolinas e se apresentam em igrejas, centros comunitários
e salas de concerto, na esperança de unir o país em um momento de uma onda de
leis discriminatórias anti-LGBT. As conexões que surgem oferecem um vislumbre
de uma América menos dividida, onde as coisas que afastam (fé, política,
identidade sexual) são deixadas de lado pelo poder da música.
CARTEIRO-
Um filme argentino bem correto. Não excepcional, mas bem feito. A história de um rapaz que se muda para Buenos Aires dos anos 90 para
trabalhar no correio central em meio a privatizações, aposentadorias
voluntárias e uma crescente pobreza. Ele aprende os segredos das entregas e
seus personagens. Durante uma entrega ele cruza com uma garota de sua cidade e
passa a rondar o trabalho dela mesmo que isso quebre os códigos dos carteiros.
Apesar de o filme demorar-se demais em cenas reiterativas do rapaz entregando
cartaz, não chega a cansar. Cinema argentino, mesmo quando é regular ainda
assim é acima da média geral.
PACARRETE- Fui assistir a esse filme
por conta da atriz Marcélia Cartaxo, de quem sou fã. Também tem a participação do
ótimo ator baiano João Miguel. Pacarrete é uma bailarina idosa, considerada
louca, que vive numa cidade do interior do Ceará. Na véspera da festa de 200
anos da cidade, ela decide fazer uma apresentação de dança como presente. Mas ninguém se importa. Um filme lírico e que Marcélia carrega
nas costas. Ela estava na sala em que assisti ao filme.
O JOVEM AHMED - Um filme belga dirigido
pelos multipremiados Irmãos Dardenne conta a história de Ahmed, um adolescente muçulmano de 13 anos. Seguindo as palavras do seu sacerdote local, ele se convence de
que sua professora é uma pecadora e decide matá-la. O garoto terá que lidar com
as consequências de seu crime e com as tentações da vida ao encontrar o
primeiro amor. O filme venceu o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes.
Os diretores dirigiram os também premiados: A Promessa, Rosetta, O Filho, A
Criança, O Silêncio de Lorna, O Garoto da Bicicleta e A Garota Desconhecida.
FIM DE
ESTAÇÃO - Filme do Azerbaijão que mostra uma família composta de um casal e
um filho jovem. Eles convivem friamente como que se ignorando. As relações
estão à beira de um colapso. O filho quer sair da casa dos pais; a mãe quer ter
a própria vida e mudar de país e o pai só quer ser deixado em paz. Um incidente
durante uma viagem à praia faz com que os conflitos aflorem. O filme recebeu o
Prêmio da Crítica no Festival de Roterdã.
PAPICHA
– Filme da Argélia, indicado pelo país para concorrer a uma vaga no Oscar de
filme estrangeiro. Conta a história de uma jovem estudante de moda na Argélia
dos anos 1990 quando o país está em guerra civil. Ela se recusa a deixar que o
conflito a impeça de sair com as amigas e de levar uma vida normal. Os radicais
ganham força e impõem censuras como de vestimenta para mulheres. A jovem decide
lutar por liberdade e independência ao planejar um desfile de moda ameaçado
pelos extremistas. Gostaria de ter apreciado mais este filme. Talvez o tema da
moda ou a questão do universo feminino não sejam exatamente a minha praia.
Creio que faltou ao filme alguma transcendência, para torná-lo mais abrangente.
LA LLORONA
– Outro filme do diretor guatemalteco Jayro Bustamante (o outro é Tremores) e
que foi o vencedor do prêmio de direção no Festival de Veneza. A história de um
general que ordenou um genocídio no interior da Guatemala alegando combater
guerrilheiros comunistas. Trinta anos depois, num processo criminal o general é absolvido. À noite, o general começa a ouvir o lamento do espírito de La
Llorona que vem lamentar a morte dos filhos enlouquecendo aos poucos o general, sua esposa, filha e neta, cercados em casa por uma
multidão que protesta dia e noite. Na trilha sonora a belíssima canção de título homônimo que também fez
parte da trilha sonora do filme Frida com a cantora Chavella Vargas.
A ODISSEIA
DOS TONTOS – Um correto filme argentino com o irrepreensível e onipresente
Ricardo Darín além do seu filho, o também ator Chino Darín. Roteiro amarradinho
e atuações perfeitas. A história é baseada no livro La Noche de la Usina. O filme é dirigido por
Sebastián Borensztein, responsável pelos ótimos Um Conto
Chinês e Kóblic. A história se passa em uma Argentina de 2001 quando um grupo
de amigos decide juntar dinheiro para reabrir uma cooperativa agrícola falida
da sua pequena cidade. Mas a economia do país entra em colapso e eles descobrem
que sofreram um golpe do gerente do banco. O grupo, então, decide montar um
plano para recuperar o dinheiro.
O HUMORISTA-
Um filme da Letônia e Rússia mostrando uma semana na vida de Boris, humorista
judeu de stand-up sob grande pressão: mesmo sendo um comediante famoso, ele
sofre com a censura em seu país e se sente frustrado quando os próprios
censores o convidam para apresentações, como se ele fosse um bobo da corte. Mas
ele tem um plano para se vingar. Um filme de humor negro muito bem feito com o
amargor doce que se pode imaginar nessa situação.
SEM TÚMULO- Outro filme iraniano que aborda o luto. Quatro irmãos se unem
para atender ao último pedido do pai: ser enterrado em uma vila distante, no
meio do nada. O calor e os dias de viagem fazem com que a experiência seja
terrível, principalmente quando o corpo começa a apodrecer no carro. A exaustão
e a irritação fazem com que os irmãos briguem sobre de quem era a
responsabilidade por cuidar do pai e se devem atender aos seus últimos desejos.
TRÊS VERÕES-
Assisti a este filme no Teatro Municipal que pelo primeiro ano
exibe filmes da Mostra. Fiquei impressionado com a beleza do lugar. O filme tem Regina Casé como protagonista e é uma comédia
leve mas sua personagem lembra bastante a de Que Horas Ela Volta. A
atriz, a diretora Sandra Kogut e os atores estavam na plateia do teatro. É a
história de uma família em três verões sucessivos entre Natal e Ano-Novo numa
mansão à beira-mar em que a personagem de Regina Casé é a caseira. Da
riqueza e ostentação à prisão do empresário corrupto. O filme foca mais no que
acontece com aqueles que gravitam em torno dos ricos anfitriões. Os personagens
empregados da família é que são as estrelas do filme
LA MALA
NOCHE – Um filme do Equador, um dos países com maior número de vítimas de trafico de escravas sexuais. Dana, para sobreviver, recorre à prostituição entregando a maior
parte do dinheiro ao cafetão chefe do tráfico que a explora. Além de manter seu vício em opioides, o que a impede de saldar sua
dívida com o traficante, Dana quer conseguir pagar pelo
tratamento da filha. Um incidente dá a ela a chance de buscar justiça com as próprias mãos.
O FAROL- No início do século 20, Thomas Wake trabalha como guardião de um farol numa ilha isolada e tempestuosa. Ele contrata o jovem Ephraim como seu ajudante, mas o rapaz fica curioso em relação a segredos do local, o que provoca estranhos fenômenos e enlouquecimento paulatino. Foi dirigido por Robert Eggars, o mesmo diretor de A Bruxa e tem no elenco William Dafoe e Robert Pattinson. Venceu do Prêmio da Crítica da Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes. Um trabalho notável dos atores que estão espetaculares apesar de o filme ter um tanto da pegada do filme anterior do diretor.
O FAROL- No início do século 20, Thomas Wake trabalha como guardião de um farol numa ilha isolada e tempestuosa. Ele contrata o jovem Ephraim como seu ajudante, mas o rapaz fica curioso em relação a segredos do local, o que provoca estranhos fenômenos e enlouquecimento paulatino. Foi dirigido por Robert Eggars, o mesmo diretor de A Bruxa e tem no elenco William Dafoe e Robert Pattinson. Venceu do Prêmio da Crítica da Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes. Um trabalho notável dos atores que estão espetaculares apesar de o filme ter um tanto da pegada do filme anterior do diretor.
MR. JONES-
Uma coprodução da Polônia e Ucrânia mostra a história pouco conhecida de Gareth
Jones, um ambicioso e jovem jornalista galês que viajou para a União Soviética
em 1933 e descobriu a chocante verdade por trás da “utopia” soviética e do
regime de Josef Stalin. Dirigido pela premiada e aclamada Agnieszka Holland
responsável por obras como Colheita Amarga, Filhos da Guerra, O Jardim Secreto,
Eclipse de uma Paixão. Infelizmente o filme tem um final abrupto e não se
desenvolve a contento, mas é importante para relembrar os massacres de Stálin.
ADAM- Um
filme norte americano que mostra um desajeitado adolescente do interior que termina o ensino médio e vai passar o verão com a irmã mais velha lésbica
em Nova York. Ele é virgem e imagina que vai finalmente conhecer uma garota mas
acaba indo parar no meio de uma comunidade LGBT e se apaixona
por uma menina inteligente e bonita eu aca que ele é trans. Com medo de perder
a primeira namorada o garoto mantém a farsa que obviamente não vai dar certo. Um filme apenas simpático.
ABE –
Filmeado em Nova Yoque pelo brasileiro Fernando Grostein Andrade é apenas
simpático apesar do diretor, em todas as sessões, falar gentilmente com
todos. Acho que esse filme em pouco tempo não vai ser lembrado. Abe é um
menino de 12 anos com pais e avós israelenses e palestinos e que sofre
pressão dos dois lados da família para que escolha se vai ser judeu ou
muçulmano (ou ateu como o pai). O menino adora cozinhar e conhece um chef de cozinha brasileiro interpretado por Seu Jorge. O menino planeja uma grande refeição no Dia de Ação de Graças
para unir a família, mas tudo sai errado. Elenco americano com participação de
Gero Camilo e trilha sonora excelente mas filmes sobre comida há muito mehores. Além disso, busca-se a agilidade abusando dos recursos de edição já amplamente vistos na série Quebrando o Tabu, do mesmo diretor.
O JUÍZO
- Filme do brasileiro Andrucha Waddington com roteiro da esposa
Fernanda Torres. No elenco, o filho do casal, as atrizes Fernanda
Montenegro e Carol Castro e os atores Lima Duarte e Felipe Camargo, além do rapper
Criolo. Não me agradou muito porque além de o roteiro ser quase cópia de O Iluminado, a
direção é frouxa e preguiçosa, com ângulos pouco inspirados e repetitivos. Quem
está melhor no filme é Criolo. A história de um homem falido que se muda com a família para uma fazenda abandonada que herdou. Ele deseja encontrar diamantes que
crê existirem nas terras, mas é vítima de um fantasma que foi traído
pelo seu avô e que busca vingança.
O PARAÍSO
DEVE SER AQUI – Um filme da Palestina tendo o seu diretor Elia Suleiman
como protagonista. A Mostra deste ano tem uma série de filmes em homenagem ao
diretor que é destaque da Mostra com o Prêmio Humanidade. Este é o primeiro
filme que vejo desse diretor e confesso que achei muito estranho. Segundo a
sinopse é uma saga cômica que investiga os significados do exílio e da busca
por um lar. No filme, Suleiman deixa a Palestina à procura de uma nova vida.
Mas aonde quer que ele vá, de Paris a Nova York, a Palestina parece segui-lo,
pois algo sempre o faz lembrar de casa. Uma sequência de cenas quase absurdas e
algo divertidas apesar de meio dramáticas no fundo. O filme foi premiado com
a Menção Especial no Festival de Cannes.
JOANA D’ARC - Filme francês que me
decepcionou bastante como quase sempre acontece com os filmes franceses. Aqui o
diretor conta a história da heroína e mártir Joana D’Arc. Esta história
magnífica, que já foi belamente retratada no cinema recebeu uma abordagem “mini
minimalista”. Em algumas cenas os atores simplesmente cantam em vez de falarem
e o filme se foca nas ultimas semanas da vida de Joana, não mostra nenhuma das
suas formidáveis batalhas, tem quase todos os diálogos em cima de uma duna no
meio do nada, que tanto poderia ser na França como em Caixa Pregos. As cenas do julgamento por bruxaria é boa,
mas as intrigas que envolviam a sucessão da coroa francesa e a
Guerra dos Cem Anos poderiam ser mais bem exploradas. A cena da fogueira é
lamentável. Senti mais porque há menos de um mês li um livro sobre Joana D’Arc
e a história estava bem fresca na minha memória. O filme teve a Menção Especial
na seção Um Certo Olhar no Festival de Cannes.
SYNONYMES – Este filme coproduzido por
França e Israel foi o vencedor do Urso de Ouro e do Prêmio da Crítica no
Festival de Berlim e mostra os conflitos do jovem Yoav, israelense estranho que
chega a Paris esperando ser salvo da loucura de seu país, esquecer suas origens
e se tornar francês. Ele se recusa a falar hebraico e luta para encontrar uma
nova identidade. Até agora não entendi esse filme nem sei por que foi tão
premiado. Algumas cenas de nudez bombaram na internet e o ator israelense Tom
Mercier é um belo jovem, com corpo perfeito, mas de algum modo foram retirados
da película qualquer erotismo ou sensualidade. Há uma cena em que o personagem
diz que jamais se masturba. As primeiras cenas de nudez são intrigantes, por
conta do notável pênis do ator, mas não entendi o contexto, já que o filme tem
as cenas de sexo mais sem graça que já vi na minha vida. Bem, todas as sessões
do filme lotaram, mas não ouvi um único aplauso da plateia.
NINA WU – Esse é um filme de Taiwan que
dura pouco mais de 100 minutos, mas aparenta durar 4 horas de tão enrolado. Na
saída vi várias senhorinhas reclamando e marcando nota zero no papel de
votação. Acho que teve uma procurando ver se tinha uma nota abaixo de zero. A
produção do filme nem é ruim e tampouco os atores são maus, mas a história dá
voltas e mais voltas em torno de um mesmo tema: a gravação de um filme. Um
filme sobre um filme dá enredos ótimos como já se viu várias vezes, mas tudo
tem limites. Bem, Nina Wu é uma atriz em ascensão que consegue papel importante
em um filme que representa uma virada em sua carreira. Entre conflitos com o
diretor, cenas de sexo e nudez desafiadoras, a falência da empresa do pai, o
ataque cardíaco da mãe, o caso de amor com uma amiga de infância e a paranoia
de que uma mulher misteriosa a persegue faz a gente pensar como esse filme
consegue falar sobre tantas coisas e ser tão arrastado sobre a única coisa que
interessa que e o processo de fazer um filme.
BULBUL PODE
CANTAR - Imaginava eu que um filme sobre adolescentes indianos e com esse
título pudesse ser interessante, mas o filme não passa de maçante. A história
de três amigos que levam uma vida idílica (segundo a sinopse mas pra mim era só
uma vida besta mesmo) em uma pequena comunidade indiana. Durante a puberdade,
descobrem o amor, o despertar sexual e a rebeldia. Quando um grupo de moradores
descobre que os adolescentes se envolvem em atos que ultrajam o regimento moral
local, a amizade do trio é colocada à prova por meio de uma
violenta punição. Como dormi, não tenho ideia de que
ultraje foi esse ou qual a punição foi dada. Sei que do grupo de três, um era
um garoto gay mas não sei se foi ele o causador dos tais atos uma vez que as
duas meninas estavam ensaiando uma pegação com os namorados. Bem, não importa
mesmo.
MARGHE E SUA
MÃE - Um lamentável equívoco, esse filme produzido na Itália e falado em
italiano. Dirigido pelo iraniano Mohsen Makhmalbaf, cineasta que admiro
bastante por filmes como Salve o Cinema, Gabbeh, Um Instante de Inocência e O
Caminho para Kandahar, entre outros, não entendi porque ele resolveu filmar na
Itália uma história que não tem nada a ver com o tema dos seus filmes
anteriores, que é o Irã. Aqui temos uma história boba de uma mãe solteira despejada por não conseguir pagar o aluguel. Ela é forçada a
deixar a filha de seis anos com uma vizinha enquanto sai à procura de um
emprego e se envolve com um par de pequenos golpistas. Uma lástima.
FAMILY ROMANCE, LTDA- Um filme
americano do premiado diretor alemão Werner Herzog. Elogiado por muitas pessoas
com quem conversei nas filas, o filme não me agradou em nada e até mesmo dormi
de tão chato. Uma pena já que Herzog é um dos três maiores nomes do novo cinema
alemão, ao lado de Rainer Fassbinder e Wim Wenders e é dono de obras primas
como: O Enigma de Kaspar Hauser, Fitzcaraldo, Aguirre, a Cólera dos Deuses,
Vício Frenético, entre muitos outros. Uma história meio esticada demais sobre
uma empresa que aluga pessoas substitutas para clientes que precisam de ajuda
no dia a dia: alguém para levar a culpa no trabalho, um membro da família para
um evento social, um estranho que ajuda clientes a reviverem os melhores
momentos da vida. Nada especial apesar dos louros que muitos espectadores da
Mostra lhe deram.
A FERA E A
SELVA-Esse para mim foi o pior filme a que assisti na mostra e
fui enganado duplamente pela presença no elenco da atriz Geraldine Chaplin que
interpreta uma atriz decadente que decide realizar um sonho: dirigir um
musical a partir de um roteiro não terminado deixado
por um amigo morto. Na República Dominicana, ela reencontra
antigos amigos e logo conflitos e mortes começam a aparecer durante as
gravações. Outra presença que me enganou foi do ator Udo Kier, recentemente visto em Bacurau e que
parece fazer um filme por semana. O filme é uma bobagem sem fim e entra para a
estatística das burradas a que cada pessoa tem direito a cometer uma vez na
vida.
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