“O Homem de Preto fugia pelo deserto, e o Pistoleiro ia
atrás.”
Com a frase acima, tem início a
saga de oito volumes e quase 4,5 mil páginas da Torre Negra, considerada pelos
fãs de Stephen King, e pelo próprio autor, como a sua “magnum opus” ou obra
magna. Note que não se está falando de um escritor qualquer, mas do dono de uma
coleção assombrosa (literalmente) de mais de 80 livros que já são parte integrante da
cultura pop mundial, com vários adaptados com sucesso para as telas como O
Iluminado, IT, Cemitério Maldito, Um Sonho de Liberdade, Louca Obsessão, Conta Comigo, A Redoma, Carie
A Estranha, A Hora da Zona Morta e muito mais.
A Torre Negra é uma série épica
composta dos livros O Pistoleiro, A Escolha dos Três, As Terras Devastadas,
Mago e Vidro, Lobos de Calla, Canção de Susannah, A Torre Negra e O Vento Pela
Fechadura e não é tarefa fácil descrever o que ocorre nos oito livros. É uma
experiência imersiva que garante emoções intensas aos leitores que se
aventurarem pela odisseia do último pistoleiro vivo, Roland Deschain, no Mundo
Médio.
Se você se lembrar da Terra
Média, universo de outra saga: O Senhor dos Anéis, não estará num mau caminho.
Roland tem um único objetivo na vida: alcançar a Torre Negra que se encontra
sob ameaça. Aqui, você precisa saber o que é a Torre Negra, já que toda a
epopeia se desenvolve a partir da compreensão de que se trata simplesmente do
centro fundamental de todos os mundos e para onde todos os diversos universos
convergem. Se a torre cair, todos os mundos que ela sustenta colapsarão juntos.
Na sua perseguição ao Homem de
Preto em direção à Torre Negra, o pistoleiro contará com o auxílio de três
importantes personagens que formam seu quarteto ou ‘ka-tet’, uma família
forjada pelo destino: Jake, um adolescente negligenciado pelos pais e que surge
no Mundo Médio após morrer atropelado em Nova York; Eddie, um viciado em
heroína que “salta” para o mundo de Roland durante um conflito com traficantes;
e Susannah, uma ativista negra com pernas amputadas e dupla personalidade.
Se você achar que esses três
companheiros não são exatamente exemplos de paladinos aptos a ajudar um
pistoleiro em uma missão quase sagrada, não está errado. Aqui entra o gênio de
Stephen King ao colocar nas mãos desses quatro uma tarefa quase impossível. Se
você se lembrou de quatro hobbits tentando destruir um anel mágico em uma
montanha, é por aí.
Comprei os oito livros e
embarquei na maratona de viajar com eles pelo universo do Mundo Médio.
Atravessando o calhamaço, facilitado pelo ritmo ágil da narrativa,
estive envolto em combates e fugas, chacinas e romance, traições e amizade.
Diversas vezes, senti que precisava de uma desintoxicação daquela história
viciante, mas o prazer é a armadilha garantida de todo vício. Ao final da saga,
como numa síndrome de abstinência, é impossível para o leitor não querer mais,
mesmo vencendo uma aventura exaustiva.
Parte da história foi adaptada
para o cinema há dois anos, resultando num fracasso de público e crítica. É
inacreditável que se possa pegar um material original genial, colocar os ótimos
Idris Elba e Matthew McConaughey nos papéis de Roland e do seu inimigo, o Homem
de Preto, e fazer uma bomba.
O próprio Stephen King respondeu
em entrevistas sobre o porquê de a história ter sido tão mal adaptada para o
cinema. Houve dois grandes erros: tentar encaixar uma saga de grande escala em
um tempo inadequado e anular o tom original, violento e denso, em busca da
atenção de um público juvenil.
Um conselho: fuja ou esqueça-se
do filme e mergulhe nos livros. Nada melhor do que beber diretamente da fonte.
Não é uma leitura, é uma experiência!
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