21.7.07

Ainda há vida debaixo dessa vaia




“...Capital do sangue quente do Brasil /
capital do sangue quente do melhor e do pior do Brasil/
cidade sangue quente/maravilha mutante” *

O Rio de Janeiro continua lindo...O Rio é uma cidade maravilhosa...O Rio lavou, enxaguou, amaciou e coarou a minha alma amarfanhada ao sol do Maracanã...O Rio de Janeiro é o inferno dos petistas...Purgatório da beleza e do caos. Ufa...ainda existe gente com sangue no olho! Salve o Rio!!!

Há duas maneiras básicas de se falar sobre as memoráveis vaias que os cariocas dedicaram ao presidente. Uma, é analisar os fatos; outra é discorrer sobre versões. E lutar com palavras até romper, em vão, a manhã.

Belíssimas vaias! Lindas! Fruto do mais íntimo do sangue carioca, um povo notoriamente desabusado. Vaias que se ensaiadas não dariam tão certo. 90 mil no maracanã. 10% (9.000 almas) eram convidadas dos patrocinadores oficiais do Pan: Caixa, Petrobrás, Banco do Brasil e outros parentes estatais...Convidados vaiando os anfitriões? Que mal-agradecidos, não?

Mas petista que é petista gosta mesmo é de versões. Eles escrevem na cabeceira da cama e repetem todo dia ao acordar: “Onde houver fatos, prefira as versões”. Há versões para todos os gostos. Petistas jogam várias ao mesmo tempo na parede. A que gritar está viva.

Versão 1: A claque golpista do demo César Maia teria levado a maior parte dos vaiantes e ensaiado tudo. Esta daqui miou fraquinha quando bateu contra o muro do fato. A prefeitura do Rio só tinha distribuído 600 convites contra 9 mil dos patrocinadores. E também vaiou-se o governador aliado, não foi? Ahh, esses tucanos e demos quando se juntam....Com o tempo tinham que aprender as lições de terrorismo psicológico e desonestidade intelectual com os mestres e PHDs petistas, não tinham?

Versão 2: Essa elite não engole um operário na Presidência da República...Essa aqui sempre cola. Jogue essa versão na parede que ela sempre grita. Hoje, ela já mia, meio moribunda, meio desenxabida, mas sempre tem um Marcos Profeta ou um Raimundo Luiz, uma Márcia Rocha, um Cláudio Carvalho ou Melo, uma Conceição Moraes ou um Ricardo Gurgel para ouvir esse mio quase inaudível. É uma gente capaz de engolir versões mulistas com a desenvoltura de cuspidores de fogo dos circos de horrores ou dos engolidores de espadas das antigas feiras de aberrações itinerantes.

Detalhe: Cito nominalmente os 7 colegas mulistas acima apenas porque são meus amigos. Não vou atirar contra outros mais perigosos. Sei que posso levar golpes baixos e não ando com muita resistência para certas gentes...Mas há carapuças disponíveis em tamanhos P, M e G.

Mas sabe uma coisa? Entre fatos e versões não há como conciliar. Não há A verdade. Petistas só acreditam no que querem: vaias como fruto de lavagem cerebral coletiva, mensagem subliminar na letra do Hino Nacional cantada por Elza Soares, orquestração das elites...há versões ao agrado de todos os matizes e neurônios

Petistas e saúvas não são abalados por vaias. Nem a urna os extermina. Como cisticercos, vivem anos fingindo-se de mortos e, ao ressurgiram trazem dólares na cueca, dossiês fajutos e, dependurados em CUTs, UNEs ou MSTs, vão logo se reproduzindo e gritando por verbas e cargos. São diagnosticados a bordo de ambulâncias superfaturadas, onde relaxam e gozam das misérias alheias. Seu habitat favorito é o Planalto, onde se protegem de vaias em torno de espelhos d’águas e rampas. Ali, dificilmente se distinguem dos caititus.
Ah. Eles têm também a patente da vaia. Quem quiser vaiar precisa lhes pagar royalties: “O povo, unido, jamais será vencido”, “Um dois três, quatro cinco mil....” Cuidado com essa gente! “Ainda há vida debaixo dessa vaia”.

*Rio 40 graus (F.Abreu/F.Fawcet)

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