Na segunda postagem deste ano sobre os livros que li até o mês passado, somo aos 16 lidos de Janeiro a Maio, os 8 lidos de Junho a Setembro.
1 - A CARTUXA DE PARMA – De
Stendhal – Segundo livro que li do autor após O Vermelho e o Negro. Escrito em
apenas 53 dias em 1838, acompanhamos as desventuras do jovem e idealista
Fabrício Del Dongo que de tanto admirar Napoleão Bonaparte, quando da invasão da
sua Itália natal, decide unir-se ao seu herói na célebre Batalha de Waterloo,
onde acaba preso como espião. Ao retornar à Itália, reencontra sua apaixonada
tia, duquesa Sanseverina, agora amante do importante Conde Mosca, ministro do
príncipe de Parma. Temos uma sequência de lutas, fugas, prisões, intrigas,
paixões arrebatadoras e conspirações de bastidores. O personagem de Fabrício
faz eco ao jovem Julien Sorel, o protagonista de Stendhal no seu romance
anterior O Vermelho e o Negro.
2 - A MARCA HUMANA – De Phillip
Roth – Meu 5º livro do autor judeu americano e que está empatado em qualidade
com os outros livros dele que li: O Complexo de Portnoy,
Complô Contra a América, Adeus Columbus e O Teatro de Sabbath. Coleman Silk é um
professor acusado injustamente de racismo. Ele ensina grego e latim e
é reitor de uma faculdade em que angariou inimigos por ter mudado privilégios acadêmicos. Roth debate questões candentes como o
politicamente correto, o identitarismo e a hipocrisia social. Esse livro
integra a série sobre a América com a
participação de um personagem recorrente nas obras de Roth; Nathan Zuckerman, espécie de alter ego do autor. O enredo faz eco com as tragédias gregas,
bem ao estilo das obras ensinadas pelo personagem principal. Virou filme com
Antony Hopkins, Nicole Kidman e Ed Harris no elenco.
3 - ALEXANDRE E CESAR – De Plutarco
– É um privilégio poder ler esta obra escrita pelo filósofo Plutarco, que viveu
no Século I em Roma e que se celebrizou pelas suas obras “Vidas Paralelas”, uma
série de biografias de cidadãos ilustres. Aqui ele reúne a história de dois dos
meus guerreiros e estadistas favoritos. Não houve propriamente nenhuma novidade
já que eu já havia lido diversos livros sobre os dois líderes, mas nada se
compara a ler algo de uma das suas fontes primárias. A edição que li está
esgotada e, diferente das mais novas, é repleta de fotos e ilustrações.
4 - FUNDAÇÃO E TERRA – De Isaac
Asimov – Finalmente, consegui terminar a arrastada segunda série da
Fundação, composta de 4 livros. Diferente da trilogia original que
recebeu inúmeros prêmios, esta segunda série me soou excessivamente
supervalorizada. O autor não consegue ter um bom domínio dos diálogos que são
longos, redundantes e reiterativos e tampouco consegue fazer uma boa construção
de personagens que soam esquemáticos e insuportavelmente chatos. Completei com
esse livro minha 10ª leitura do autor e não sei muito bem se vou dar conta de
ler uma fração das suas inúmeras obras. Recentemente li uma entrevista da filha
de Asimov em que ela elogia a adaptação da obra para o streaming e reconhece a
dificuldade do pai em construir bons diálogos e desenvolvimento dos personagens
5 - JUDAS, O OBSCURO – De Thomas
Hardy – Este foi o primeiro livro que li do autor, considerado ao lado de
Charles Dickens, Oscar Wilde, as irmãs Bronte e Jane Austen como os mais
representativos daquele período na literatura. Um dos livros mais tristes, sombrios e pessimistas que já li e que talvez contenha a cena mais
horrível que sequer imaginei envolvendo duas crianças pequenas e um bebê. Foi o
último romance escrito pelo autor. Em razão do seu tom antireligioso e
contrário às instituições de ensino inglesas, ele recebeu tantas e tão pesadas
críticas que fizeram com que Hardy nunca mais escrevesse mais nada
além de poesias. Charles Dickens declarava sobre o período
vitoriano: “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos. Foi a idade da
sabedoria, foi a idade da tolice. Foi a época da fé, foi a época da
incredulidade. Foi a estação da luz, foi a estação das trevas. Foi a primavera
da esperança, foi o inverno do desespero. Tínhamos tudo diante de nós, não
havia nada antes de nós. Todos íamos direto para o céu, todos íamos direto para
o outro lado.”
6 - POIROT SEMPRE ESPERA E OUTRAS
HISTÓRIAS – De Agatha Christie – Nenhum autor me fez ler mais livros do que a
Dama do Crime Agatha Christie. Já devorei mais de 50 das suas obras que chegam
perto de 100 romances, contos e peças de teatro. Aqui são 7 contos, um deles com a amada detetive Miss Marple (Santuário) e três contos
com o famoso Hercule Poirot (A Segunda Batida do Gongo, Um Mistério da Arca de
Bagdá e Poirot Sempre Espera). Os três outros contos são: A Boneca da Modista,
com uma pegada sobrenatural envolvendo a possível bisavó da famosa Anabelle; Através de um Espelho Sombrio, também com
um quê de mistério paranormal e Onde Há um Testamento, conto excelente em
que um sobrinho forja a visita de um tio morto para precipitar a morte da tia pra herdar sua fortuna.
7 - TUDO É EVENTUAL – De Stephen
King – Este foi o 46º livro que li do mestre do terror Stephen King. O volume
traz 14 contos do autor com breves textos introdutórios onde ele explica as
motivações para cada conto. Em Sala de Autópsia temos o puro suco de King
quando um paciente com corpo paralisado mas a mente alerta, percebe que
passará por uma autópsia iminente; Em O Homem do Terno
Preto acompanhamos o encontro terrível de uma criança com uma espécie de
demônio. Confesso que não me arrepio fácil, mas aqui não pude evitar. Tudo Que Você Ama lhe Será
Arrebatado não é um conto de terror, mas aquele King alternativo que os fãs
adoram. Na Câmara da Morte há
um suspense com ótima reviravolta com muita violência física e psicológica que
é do jeito que gosto de King. As Irmãzinhas de Elúria são um presente para quem é órfão da série A Torre Negra e do saudoso pistoleiro
Roland Deschain. Há ainda o conto que dá título ao livro, e também 1.408, que
já foi adaptado para o cinema,
Andando na Bala, sombria história de um jovem que para visitar a mãe à beira da
morte pega carona com um motorista sinistro, Moeda da
Sorte sobre uma camareira que encontra uma moeda mágica além do ótimo O Vírus da Estrada Segue Para o Norte entre outros.
8-OS 50 MEHORES CONTOS DE TCHEKHOV – Organização de Beneh Carvalho. Esta edição não está à venda e a li baixando o arquivo de um site independente. O organizador coletou os contos de Tchekhov impressos originalmente e separadamente em jornais e revistas e em outras publicações. Trata-se de um trabalho excepcional com 845 páginas e que dá ao leitor o privilégio de ler num só volume 50 dos melhores contos do mestre russo das narrativas curtas. Entre eles, alguns maiores, quase novelas, que eu já havia lido anteriormente em publicações individuais ou em outras coletâneas como A Dama do Cachorrinho, O Monge Negro, O Bilhete de Loteria e A Estepe. Os demais contos eu não conhecia ainda e são o melhor que há do mestre do conto.
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