Havia uma lacuna em minha vida de
leitor a ser ocupada por obras do escritor Isaac Asimov. Aficionado por ficção científica e fantasia,
tendo devorado as saga de sete volumes de Duna,
as história do Senhor dos Anéis, do
Hobbit e da Guerra dos Tronos, eu me devia a leitura dos livros de Asimov,
dívida impagável já que ele escreveu mais de 500 obras.
Iniciei com a chamada “Saga dos
Robôs”, pelos livros: Eu Robô e O Homem
Bicentenário, mas precisava mesmo ler a saga Fundação. Então interrompi a continuação da série dos robôs, objetivando devorar a obra máxima do “bom doutor”, os três
volumes iniciais de Fundação (Fundação,
Fundação e Império e Segunda Fundação).
Asimov publicou outros quatro
livros da série atendendo a pedidos dos fãs: são as sequências Limites da Fundação e Fundação e Terra e
duas outras obras que se passariam antes da primeira saga: Prelúdio à Fundação e Origens da Fundação, totalizando sete livros.
O autor afirmava que a sua
inspiração para a saga foi a monumental obra de Edward Gibbon: “A História do Declínio e Queda do Império
Romano”, publicada no século 18, considerada um marco no campo da história
e amplamente reconhecido como a primeira obra “moderna” de narrativa histórica.
Eu já tinha comprado há tempos a edição de "O
Declínio e Queda"....(o Império Romano é uma das minhas taras) e só esperava uma
oportunidade para lê-lo, então coloquei-o na frente da Fundação para entrar no
espírito da inspiração de Asimov.
Mas confesso que alguma coisa se
perdeu no caminho. À parte os interessantes paralelos entre as duas histórias,
com uma tendo claramente inspirado a outra, sinto dizer que Fundação fica muito
a dever.
Jamais tiraria o mérito da
excelente ideia de Asimov, mas a execução em si não está à altura, chegando
mesmo a narrativa a ser constrangedora. Os dois primeiros volumes têm tradução
de Fábio Fernandes e o terceiro livro coube ao tradutor Marcelo Barbão e já
aqui se pode notar que o segundo tradutor é bem mais elegante, sem os excessos
de informalidades, abuso de diminutivos bobos que enfraquecem a narrativa
(fiozinho, portãozinho, homenzinho, mãozinha, gordinho...), uso repetido de
termos como bugigangas, badulaques e expressões que não combinam com um texto
mais elegante, como “soltando fogo pelas ventas” e “tiro que saiu pela
culatra”. Aliás, a expressão que já não era boa, foi mal traduzida como “plano
que saiu pela culatra”.
Há erros básicos de tradução como
usar “comichão” como substantivo masculino e exageros desnecessários como a
cena em que uma pessoa é abordada por policiais numa praia. Em minutos junta-se
uma multidão para observar. O texto diz: “a multidão, cujos limites agora se
perdiam de vista”....Em minutos? Nem se fosse num arrastão em Copacabana. Ou no
trecho em que dois guardas seguram um cientista. Segundos depois, as roupas do
homem não estão apenas rasgadas, mas “as roupas ficaram em farrapos”.
Os diálogos são de uma
vulgaridade pueril, o que incomoda ainda mais por ser a maior parte dos livros
formada por diálogos que poderiam perfeitamente ser encurtados sem problemas,
pois são pura gordura desnecessária com abuso repetitivo de adjetivações e de
advérbios de modo claramente aleatórios e deslocados.
Fundação carece de fôlego narrativo,
pois no fundo são contos encadeados para virarem livros, e nem são livros
grandes. Nenhum dos três iniciais tem mais de 230 páginas, com personagens
importantes desaparecendo em pouco tempo com os saltos temporais.
Fica apenas um fio condutor
básico para que as histórias tenham sequência. Em resumo, trata-se de uma saga
num futuro distante em que um Império Galático de 12 mil anos (alusão ao Império Romano) é
formado por milhares de planetas habitados por quatrilhões de seres humanos. O
brilhante Hari Seldon cria a ciência chamada Psico-História, mistura de
sociologia e matemática que, com base em complexas fórmulas, prevê
acontecimentos futuros com base em eventos repetidos no passado.
A previsão é que o Império
Galático vai ruir em breve. Ninguém acredita em Hari Seldon que vira uma
espécie de pária (Um Inimigo do Povo ibseniano) e ele é exilado no último
planeta do universo que se chama, olha que criativo: Terminus.
Discordo da premiação que a
trilogia original ganhou em 1966: o Prêmio Hugo especial de “melhor série de
fantasia e ficção científica de todos os tempos”, vencendo inclusive O Senhor
dos Anéis, de Tolkien. Nenhum outro autor recebeu uma láurea especial como esta
oriunda do mais prestigiado dos prêmios de ficção científica. O logotipo
oficial da premiação é impresso na capa de livros vencedores o que aumentam muito as vendas.
Terminei de assistir à primeira temporada da série da Apple TV, adaptação da saga. Apesar da inegável
riqueza da superprodução, ela não segue fielmente a trama dos livros, sendo uma história dos vácuos deixados pelos originais.
O jeito é torcer para que os
outros quatro livros da saga sejam mais interessantes, mas não tenho muita
esperança.
Havia uma lacuna em minha vida de
leitor a ser ocupada por obras do escritor Isaac Asimov. Aficionado por ficção científica e fantasia,
tendo devorado as saga de sete volumes de Duna,
as história do Senhor dos Anéis, do
Hobbit e da Guerra dos Tronos, eu me devia a leitura dos livros de Asimov,
dívida impagável já que ele escreveu mais de 500 obras.
Iniciei com a chamada “Saga dos
Robôs”, pelos livros: Eu Robô e O Homem
Bicentenário, mas precisava mesmo ler a saga Fundação. Então interrompi a continuação da série dos robôs, objetivando devorar a obra máxima do “bom doutor”, os três
volumes iniciais de Fundação (Fundação,
Fundação e Império e Segunda Fundação).
Asimov publicou outros quatro
livros da série atendendo a pedidos dos fãs: são as sequências Limites da Fundação e Fundação e Terra e
duas outras obras que se passariam antes da primeira saga: Prelúdio à Fundação e Origens da Fundação, totalizando sete livros.
O autor afirmava que a sua
inspiração para a saga foi a monumental obra de Edward Gibbon: “A História do Declínio e Queda do Império
Romano”, publicada no século 18, considerada um marco no campo da história
e amplamente reconhecido como a primeira obra “moderna” de narrativa histórica.
Eu já tinha comprado há tempos a edição de "O
Declínio e Queda"....(o Império Romano é uma das minhas taras) e só esperava uma
oportunidade para lê-lo, então coloquei-o na frente da Fundação para entrar no
espírito da inspiração de Asimov.
Mas confesso que alguma coisa se
perdeu no caminho. À parte os interessantes paralelos entre as duas histórias,
com uma tendo claramente inspirado a outra, sinto dizer que Fundação fica muito
a dever.
Jamais tiraria o mérito da
excelente ideia de Asimov, mas a execução em si não está à altura, chegando
mesmo a narrativa a ser constrangedora. Os dois primeiros volumes têm tradução
de Fábio Fernandes e o terceiro livro coube ao tradutor Marcelo Barbão e já
aqui se pode notar que o segundo tradutor é bem mais elegante, sem os excessos
de informalidades, abuso de diminutivos bobos que enfraquecem a narrativa
(fiozinho, portãozinho, homenzinho, mãozinha, gordinho...), uso repetido de
termos como bugigangas, badulaques e expressões que não combinam com um texto
mais elegante, como “soltando fogo pelas ventas” e “tiro que saiu pela
culatra”. Aliás, a expressão que já não era boa, foi mal traduzida como “plano
que saiu pela culatra”.
Há erros básicos de tradução como
usar “comichão” como substantivo masculino e exageros desnecessários como a
cena em que uma pessoa é abordada por policiais numa praia. Em minutos junta-se
uma multidão para observar. O texto diz: “a multidão, cujos limites agora se
perdiam de vista”....Em minutos? Nem se fosse num arrastão em Copacabana. Ou no
trecho em que dois guardas seguram um cientista. Segundos depois, as roupas do
homem não estão apenas rasgadas, mas “as roupas ficaram em farrapos”.
Os diálogos são de uma
vulgaridade pueril, o que incomoda ainda mais por ser a maior parte dos livros
formada por diálogos que poderiam perfeitamente ser encurtados sem problemas,
pois são pura gordura desnecessária com abuso repetitivo de adjetivações e de
advérbios de modo claramente aleatórios e deslocados.
Fundação carece de fôlego narrativo, pois no fundo são contos encadeados para virarem livros, e nem são livros grandes. Nenhum dos três iniciais tem mais de 230 páginas, com personagens importantes desaparecendo em pouco tempo com os saltos temporais.
Fica apenas um fio condutor
básico para que as histórias tenham sequência. Em resumo, trata-se de uma saga
num futuro distante em que um Império Galático de 12 mil anos (alusão ao Império Romano) é
formado por milhares de planetas habitados por quatrilhões de seres humanos. O
brilhante Hari Seldon cria a ciência chamada Psico-História, mistura de
sociologia e matemática que, com base em complexas fórmulas, prevê
acontecimentos futuros com base em eventos repetidos no passado.
A previsão é que o Império
Galático vai ruir em breve. Ninguém acredita em Hari Seldon que vira uma
espécie de pária (Um Inimigo do Povo ibseniano) e ele é exilado no último
planeta do universo que se chama, olha que criativo: Terminus.
Discordo da premiação que a
trilogia original ganhou em 1966: o Prêmio Hugo especial de “melhor série de
fantasia e ficção científica de todos os tempos”, vencendo inclusive O Senhor
dos Anéis, de Tolkien. Nenhum outro autor recebeu uma láurea especial como esta
oriunda do mais prestigiado dos prêmios de ficção científica. O logotipo
oficial da premiação é impresso na capa de livros vencedores o que aumentam muito as vendas.
Terminei de assistir à primeira temporada da série da Apple TV, adaptação da saga. Apesar da inegável riqueza da superprodução, ela não segue fielmente a trama dos livros, sendo uma história dos vácuos deixados pelos originais.
O jeito é torcer para que os outros quatro livros da saga sejam mais interessantes, mas não tenho muita esperança.
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