21.8.21

UM LUGAR SILENCIOSO - PARTE 2

 

 “Silêncio, por favor, /Enquanto esqueço um pouco/A dor no peito”

Paulinho da Viola


A sequência de Um Lugar Silencioso parte de onde o filme de 2018 terminou, mas é uma pena que a história de terror psicológico num futuro distópico não traga muitas novidades, caindo na armadilha de muitos filmes do gênero ao gerar inevitáveis sequências que perdem muito na comparação com o original. Parece até que os produtores estão chupando o osso, mas isso jamais aconteceria em Hollywood, não é mesmo? (contém ironia).

A produção é de fato bem caprichada, com a qualidade notável da edição de som que utiliza o silêncio opressivo para manter a tensão esticada no limite, ao ponto de qualquer som se tornar assustador numa atmosfera pós-apocalíptica.

O único acréscimo realmente digno de nota — o caminhozinho de areia continua ali —, é a chegada dos monstros à Terra, mas se ficamos sabendo como eles chegaram até nós, nada se diz sobre o porquê. Não tiro, entretanto, o mérito da sequência da queda das naves alienígenas que lembra A Guerra dos Mundos.

Como se sabe, a família Abbott não está mais completa após a perda do pai e marido Lee (John Krasinski). Emily Blunt, como Evelyn Abbot, sempre excelente, carrega parte do filme nas costas e divide a tarefa a partir de certo ponto com o casal de filhos (Millicent Simmonds, deficiente auditiva na vida real, e Noah Jupe), dois atores juvenis totalmente sem carisma.

O diretor, roteirista e ator dos dois filmes, John Krasinski (esposo de Blunt na vida real), faz uma participação pequena na sequência e a presença masculina fica a cargo de Cillian Murphy, adicionado nesta história e que dá conta do recado, ficando à altura do trabalho de Blunt.

A matança segue o padrão do original sem o frescor da novidade (a morte do garotinho na ponte no primeiro filme por causa do brinquedo barulhento é icônica). O calcanhar de Aquiles dos monstros já estava no original e dar sequência à história sabendo que os monstros são destrutíveis (esse era o clímax do primeiro) quebra muito do seu vigor.  Sou uma voz destoante já que o filme recebeu 91% de aprovação no Rotten Tomatoes. Para mim foi no nível mediano.

Ah, a citação de Paulinho da Viola no subtítulo foi só pra ficar mais bonito mesmo.


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