Mais um ano retorno da maratona de filmes da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo com a avaliação de todos os anos: sempre é uma das melhores coisas que faço nas férias.
Essa é o 22ª ano que participo da Mostra. Há vários anos compro um passaporte que era antes de 50 e hoje é de 40 filmes (o de 50 não existe mais), o que é uma grande vantagem pois além de o valor ser de R$ 410,00, equivalente a menos do valor de uma meia entrada durante a semana, é possível reservar o filme com 5 dias de antecedência, o que é uma maravilha principalmente por evitar o risco de se bater com ingressos esgotados, o que acontece muito com os filmes mais concorridos.
A correria é grande e acaba que muitas vezes bate o cansaço e não dá para ver todos os filmes desejado ou reservados. Este ano foram 417 filmes de 82 países diferentes passando em 15 dias (mais os dias da repescagem). Foram 31 filmes assistidos no total e aqui abaixo faço a avaliação listando dos melhores até os piores, como faço todos os anos. Este ano, curiosamente, os 3 melhores filmes são brasileiros, assim como o pior também. Selton Melo está presente nos dois extremos.
O BANHO DO DIABO- Vencedor do prêmio de melhor contribuição artística no Festival de Berlim. Em vilarejos cercados por florestas na Áustria, uma mulher é condenada à morte após matar um bebê. Muda o cenário e já vemos Agnes uma jovem que vai se casar e se prepara para a vida de esposa. Logo ela se vê num caminho obscuro e solitário que a leva a pensamentos malignos tendo em vista que seu marido não sente desejo sexual por ela. Retrato de uma época violenta contra as mulheres em que suas infelicidades devido à repressão eram consideradas histeria ou possessão demoníaca. O filme tem cenas chocantes. Logo no início vemos uma mulher jogando um bebê de uma cachoeira e depois outra mulher matando um rapazinho com estocadas no seu pescoço. Reconstituição de inúmeros episódios envolvendo mulheres que foram decapitadas após matarem crianças no século 18.
A CASA- Espanha- Vencedor dos prêmios da crítica, do público e de melhor roteiro no Festival de Málaga. Um ótimo filme com o tema clássico sobre reencontro familiar e catarse. Após a morte do pai, três irmãos retornam à casa onde cresceram. Eles pretendem vendê-la e seguir caminhos muito diferentes. Mas, à medida que as memórias surgem em cada canto do lugar, cresce neles o medo de se livrar do passado e o impulso de se reunir. Como última homenagem ao pai, ainda pode haver tempo para recuperar o tempo perdido — e a casa pode testemunhar novas histórias. O filme tem diálogos bastante maduros e o reencontro dos três irmãos para decidir sobre a eventual venda da casa da infância é uma oportunidade para discutirem temas dolorosos envolvendo velhice, fraternidade e amor.
OS DEMONIOS DO AMANHECER - Orlando e Marco, dois jovens que moram na Cidade do México, se conhecem por acaso e se apaixonam. Todos os dias é uma luta para realizarem seus sonhos: Orlando quer ser dançarino, enquanto Marco tenta se formar em enfermagem. Diante de um mundo diverso, mutável e hostil, eles vão aprender que, ao fim do dia, assim que a escuridão da noite for embora, com seus corpos entrelaçados e suas almas sincronizadas, terão visto todos os demônios do amanhecer passarem. Um filme lírico e muito bonito, que deixa o coração quentinho. Pode ser meio açucarado, mas às vezes é exatamente o que precisamos. Os dois atores estão muito bem e a direção explora lindamente a nudez e seminudez dos seus corpos jovens. As cenas de sexo são muito quentes e sensuais, mas conseguem ao mesmo tempo trazer muito afeto junto.
ROCINANTE - Na movimentada Istambul, um casal luta para se sustentar e dar uma vida digna ao filho de seis anos que ainda não fala e que precisa de acompanhamento especializado. O pai foi demitido e a mãe vende seguros por home office. Até que o casal decide explorar uma nova oportunidade de trabalho: dirigir um mototáxi. As coisas começam a melhorar, eles começam a se reerguer mas uma desagradável surpresa joga por terra os planos do casal: a moto deles que tem o apelido de "Rocinante" (o cavalo de Dom Quixote), é roubada. A relação de ambos vai precisar passar por essa prova de fogo se eles quiserem ser fortes e conseguir tratar do filho.
O ANO NOVO QUE NUNCA VEIO - Filme romeno vencedor do prêmio de melhor filme da seção Horizontes do Festival de Veneza que mostra o dia 20 de dezembro de 1989, quando a Romênia está à beira da revolução. As ruas estão repletas de manifestações, os estudantes tripudiam do regime por meio da arte e as apresentações de Ano Novo glorificam a figura do ditador. As pessoas sofrem a onipresença da polícia secreta do país. Seis pessoas aparentemente sem ligação alguma se cruzam de maneiras inesperadas. À medida que as tensões sociais atingem o ponto de ebulição, um momento explosivo as une, culminando na queda dramática do ditador e do governo comunista. O cinema da Romênia nunca decepciona, sempre com excelentes histórias.
MAMÍFERA- Filme da Espanha vencedor do prêmio especial do júri do festival South by Southwest. A história de Lola, que leva uma vida feliz ao lado do companheiro até que uma gravidez inesperada altera todos os seus planos. Ainda que sempre tenha deixado claro que ser mãe não era um objetivo, Lola começa a se sentir desafiada pelas expectativas da sociedade e passa a enfrentar temores e dúvidas pessoais. Durante os três dias em que espera até a consulta em uma clínica, ela se aproxima de amigos e familiares com a intenção de reafirmar sua decisão. Um tema bastante adulto e com texto maduro e importante. Todas as mulheres devem tirar proveito da película já que o tema da maternidade ou a opção pelo aborto é um assunto muito presente em suas vidas.
AS CRIANÇAS VERMELHAS - Um filme da Tunísia. Um grupo
terrorista ataca dois jovens pastores. Ashraf, de 14 anos, é forçado a levar
uma mensagem macabra à sua família: a cabeça decepada do seu primo.
Traumatizado, ele precisa lidar com a fragilidade dos parentes mais velhos,
abandonados pelas autoridades. Inspirado em eventos reais, vemos o retrato das
feridas psicológicas de uma criança e sua capacidade de superar traumas. A
Tunísia é um dos países com um cinema muito interessante e já vi vários filmes
de lá, mas nunca um que se passa nas montanhas e envolvendo esse tema tão
pesado.
ABRIL- Filme da Geórgia vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Veneza e melhor filme do Festival de San Sebastián - Nina é uma talentosa obstetra em uma maternidade. Após um parto difícil, a criança morre, e o pai exige uma investigação sobre os métodos da médica. O escrutínio resultante ameaça trazer à tona a atividade paralela de Nina —dirigir pelo interior até as casas de meninas e mulheres grávidas para realizar abortos não autorizados— e destruir a profissão que é a única fonte de significado em sua vida. O filme tem longas cenas brutais de um parto natural, de uma cesariana e de um angustiante aborto.
O PARDAL NA CHAMINÉ – Suiça – Karen, o marido e os filhos vivem numa bucólica casa que sempre pertenceu à sua família. Naquela casa houve uma série de dramas, morte e suicídio. Num jantar de aniversário, a irmã de Karen, seu marido e os dois filhos chegam para visitá-los. As duas mulheres não poderiam ser mais diferentes. O encontro entre elas desencadeia lembranças terríveis de sua falecida mãe, incitando uma tentativa de insurreição da irmã Jule contra o comportamento da dominadora Karen. Conforme a casa lentamente ganha vida e um pardal preso na chaminé procura um caminho para a liberdade, a tensão torna-se insuportável, e os sentimentos e espaços antigos são destruídos para dar lugar a algo novo.
MARIA CALLAS - "Por que tanta gravidade?" Essa pergunta feita pela personagem titulo do filme aos empregados serve para definir o que achei da obra filmada. Muito grave! tanto no sentido do excesso de seriedade como da atração magnética exercida por Callas ao seu redor, como uma verdadeira estrela. A tumultuada, bela e trágica história da vida da maior cantora de ópera do mundo, Maria Callas, reimaginada durante seus últimos dias na Paris dos anos 1970 tem atuação correta de Angelina Jolie e direção de Pablo Larraín, chileno que também dirigiu as biografias “Jackie” (sobre Jacqueline Kennedy), prêmio de roteiro no Festival de Veneza e indicado a três Oscars e “Spencer” (sobre a Princesa Diana), também indicado ao Oscar. Seu filme “O Conde” uma fantasia esquisita sobre um Pinochet vampiro, ganhou o prêmio de melhor roteiro em Veneza e foi também indicado ao Oscar. O que incomodou foi que o diretor esquece totalmente de mostrar o papel importantíssimo que a mãe de Callas exerceu na sua vida, focando somente no papel de Onassis. Ocorre que Evangelia, mãe de Maria, era uma personagem extremamente opressora e que destruiu a psique da filha, levando-a a uma busca insana da perfeição na ópera e com uma obsessão pelo dinheiro e a fama. A própria paixão tóxica de Maria por Onassis, um homem rude e que detestava ópera, foi uma forma inconsciente de fugir da influência da mãe que aparece em uma única e rapidíssima cena em que obriga a filha a cantar árias para os nazistas que invadiram a Grécia durante a segunda guerra mundial. O diretor está tão preocupado com os aspectos técnicos, inserindo até claquetes nas cenas, que cai em uma monotonia narrativa, reiterando os mesmos tópicos sem se aprofundar em quem realmente era Callas.
PEQUENAS COISAS COMO ESTAS - Filme irlandês com Cillian Murphy e que deu à ótima Emily Watson o prêmio de melhor atuação coadjuvante no Festival de Berlim. Não sei quem eram as concorrentes e acho Watson sempre excelente, mas a participação dela nesse filme é de pouquíssimos minutos. Em uma pequena cidade da Irlanda. Bill trabalha como vendedor de carvão para sustentar a esposa e as cinco filhas. Durante uma entrega no convento local, ele faz uma descoberta que o força a enfrentar o passado e a cumplicidade silenciosa de uma cidade controlada pela Igreja Católica que por décadas administrou as malditas “Lavanderias de Madalena” que mantinha em regime quase escravo prostitutas, deficientes mentais ou moças jovens que engravidavam vítimas de estupro ou incesto. O problema do filme é que mesmo que não quisesse parecer didático, era importante mostrar como eram terríveis internamente as “Lavanderias” e não retratá-las apenas pelo olhar do protagonista, que, queiramos ou não, é um filtro dentro do filtro, até porque a maior parte das pessoas não tem ideia do que foram aquelas instituições mesmo já tendo sido muito bem retratadas no filme de 2002, Em Nome de Deus (The Magdalene Sisters). O drama de uma única personagem, por mais forte que seja, não alcança a dimensão da tragédia
A BORDA DOS SONHOS - Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Cannes. Mostra uma vila no Egito em que um grupo de meninas forma uma surpreendente trupe de teatro de rua. Elas sonham em se tornar atrizes, dançarinas e cantoras, desafiando as famílias e os habitantes locais com apresentações imprevisíveis. Filmado ao longo de quatro anos, o documentário acompanha as garotas da juventude ao início da vida adulta, revelando as escolhas cruciais que precisam enfrentar ao longo de suas trajetórias.
LUA- Áustria - Ex-atleta de MMA, Sarah deixa a Áustria para treinar três irmãs de uma família rica no Oriente Médio. O que inicialmente parece um emprego dos sonhos logo ganha contornos inquietantes: as jovens estão isoladas do contato com mundo exterior e sob vigilância constante. Além disso, o esporte não parece interessá-las nem um pouco. Então por que Sarah foi contratada? Vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Locarno.
VERMIGLIO – Filme vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Veneza, mas que não me pareceu tão especial assim. Em uma aldeia no alto dos Alpes italianos, a guerra surge durante o ano de 1944 como uma ameaça. A chegada de Pietro, um soldado desertor, transforma a dinâmica familiar do professor local, mudando-a para sempre. Pietro e Lúcia, a filha mais velha do mestre, se apaixonam, o que desencadeia consequências inesperadas. À medida que o mundo ressurge da tragédia, a família começa a enfrentar a própria ruína.
DEPOIS DA GUERRA - Co produção Dinamarca e Kosovo - Prédios em chamas em meio a uma densa neblina, um cavalo morto em uma estrada coberta de poeira, pessoas fugindo por paisagens montanhosas. O fim do conflito no Kosovo em 1999 gerou imagens fortes e foi um capítulo obscuro da história da Europa moderna. Depois da guerra, crianças vendem amendoins e cigarros nas ruas da capital do país, para sobreviverem. Em uma espécie de testamento cinematográfico realizado ao longo de 15 anos, esses jovens se transformam em adultos diante dos nossos olhos, enquanto que a luta pela sobrevivência se torna uma luta por algum futuro. Eles nos confrontam com seus segredos e desejos particulares, ao mesmo tempo em que se veem presos em um limbo, assombrados pelo passado. AFTER PARTY - Filme da República Tcheca- Uma jovem de 23 anos, leva uma vida sem preocupações até descobrir que seu pai deve muito dinheiro quando chegam para confiscar a casa onde moram. Em um único dia, o mundo da garota desmorona, forçando-a a escolher entre ajudar o pai ou salvar a si mesma antes que seja tarde demais. Até porque o pai demonstra não estar preocupado com os problemas financeiros pois vive numa espiral de negação que periga muito envolver a própria filha.
HANAMI- Produção de Cabo Verde. Vencedor do prêmio de melhor direção para realizadores em ascensão e menção especial da competição de primeiros filmes no Festival de Locarno. Prêmio do Júri da Mostra Melhor Filme de Ficção. Em uma distante ilha vulcânica de onde todos querem partir, Nana aprende a ficar. Sua mãe, Nia, que sofre de uma doença misteriosa, foi embora depois que a menina nasceu. Acometida por uma febre alta, Nana é enviada ao pé do vulcão para ser curada. Lá, encontra um mundo que mistura sonho e realidade. Anos depois, quando Nana já é uma adolescente, Nia retorna. Não achei nenhuma graça nesse filme, achei na verdade bem chatinho e não me encantou em absolutamente nada. Devo ser uma pessoa insensível a certos tipos de coisas muito vagas.
AFOGAMENTO SECO - Produção da Lituânia vencedora dos prêmios de melhor
direção e melhor atuação para o elenco do filme no Festival de Locarno. Para
comemorar o aniversário de Tomas e a vitória de Lukas em uma competição de
artes marciais, duas irmãs organizam uma celebração na casa de campo da
família. Na companhia de seus filhos e maridos, elas nadam no lago, relaxam e
falam sobre a situação financeira familiar. Após um acidente quase trágico com
uma das crianças que quase se afoga, as irmãs se tornam mães solo. Não entendi a opção muito esquisita de repetir uma certa cena no meio da história numa montagem que eu diria que foi caótica.
RESPIRAÇÃO FRIA - Filme iraniano excelente que conta se passa
em um dia em que um jovem que vive no interior descobre que o pai foi libertado
da prisão após 20 anos. O homem foi condenado por matar a esposa, mãe do rapaz
depois de acusá-la de traição. O rapaz, que nunca soube como lidar com isso e
que ainda continua repleto de raiva e ressentimento, decide mesmo assim pegar a
estrada para trazer o pai de volta da cadeia. Eles iniciam a viagem, marcada
pelo silêncio. As dúvidas do jovem sobre se vingar ou não do pai não o
abandonam por nenhum momento. Um filme em que o silêncio dos personagens é
quase um personagem em si.
ANORA- Filme americano vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes. Anora, uma jovem profissional do sexo do Brooklyn, tem a grande chance de mudar de vida, tal qual numa história de Cinderela, ao conhecer e se casar impulsivamente com o jovem filho de um oligarca russo. Mas, assim que a notícia chega à Rússia, esse conto de fadas é ameaçado — os pais de Ivan partem para Nova York para anular o casamento. Foi um dos filme mais disputados, com sessões lotadas e ingressos esgotados. Na minha opinião, repercussão e méritos imerecidos devido ao mal disfarçado tom farsesco e não sei nem se o filme se leva de fato a sério. Ou pior, se leva a sério demais. Em votações da internet, quase metade do público deu nota 5 (máxima) enquanto a outra metade deu nota 1 (mínima) num claro ame-o ou odeio-o. Achei muito fraco, água com açúcar de humor escapista com excesso de gritarias e cenas quase pastelão. Direção, roteiro, produção e montagem de Sean Baker, queridinho do cinema independente americano bastante premiado como em “Tangerine” no Festival de Mar del Plata e no Festival de Karlovy Vary, e “O Projeto Flórida”, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante para Willem Dafoe. Seria menos pior se o próprio diretor também não tivesse cuidado da montagem, o que faria o filme ser mais enxuto e não os longuíssimos 2h e 20 minutos.
O SENHOR DOS MORTOS - Canadá. Direção de David Cronnemberg - Um empresário renomado (Vincent Cassel) está inconsolável desde a morte da esposa, ele inventa uma tecnologia revolucionária que permite monitorar entes queridos em suas mortalhas e sepultos. Certa noite. Quando vários túmulos são violados, incluindo o da companheira falecida, então sai à procura dos culpados. Achei um filme fraquíssimo e li que o cineasta escreveu o roteiro filme enquanto vivia a dor da perda da própria esposa, resultando numa espécie de filme-terapia com história frouxa, final abrupto aberto. Não fica claro porquê o personagem adorar mulheres amputadas, submissas e frágeis a não ser uma obsessão do próprio diretor como se vê em muitos dos seus filmes anteriores como Crash, Gêmeos Mórbida Semelhança, A Mosca, Scanners e Mistérios e Paixões.
ESTAMOS NO AR - Um filme péssimo de Portugal. A história de um jovem que vive com a mãe no apartamento que a avó deixou. O filme tem planos extremamente preguiçosos e montagem burocrática. O gancho de atração LGBT com cenas em que o rapaz se veste como policial para satisfazer o fetiche de outro homem são pura armadilha para incautos e as cenas de sexo gay são das mais mal feitas e destituídas de química que já vi. O diretor poderia por exemplo ter assistido ao filme mexicano Os Demônios do Amanhecer, comentado acima, para saber o que são cenas quentes bem filmadas. O filme me incomodou de tal maneira que fiz algo raro: saí no meio da sessão com profundo sentimento de perda de tempo.
SIMON DA MONTANHA- Coprodução da Argentina, Chile e Uruguai e vencedor do grande prêmio da Semana da Crítica do Festival de Cannes. – “Simon tem 21 anos e se apresenta como ajudante de mudanças. O rapaz afirma não saber cozinhar nem limpar o banheiro, mas sabe arrumar a cama. Recentemente, ele parece ter se tornado uma pessoa diferente”. Essa acima é a sinopse do filme e não poderia ser mais vaga. O filme é uma coisa completamente estranha e sem muito sentido. Esse rapaz Simon se finge de deficiente não se sabe por quê e nem o filme se preocupa em explicar ou deixa alguma indicação. O filme inteiro é essa besteirada de um jovem se fazendo passar por deficiente. Aceite, que é o que tem pra hoje.
ENTERRE SEUS MORTOS - Brasil - Um dos piores filmes que já assisti na vida. Na pequena cidade de Abalurdes, Edgar Wilson (Selton Mello) trabalha como recolhedor de animais mortos nas estradas. Junto dele, o colega de profissão, ex-padre excomungado que distribui extrema unção aos seres moribundos que cruzam seu caminho. Ao redor deles, o mundo parece dar sinais de que um arrebatamento final se aproxima com chuva de granito e tudo. Dirigido por Marco Dutra que fez os excelentes O Silêncio do Céu e As Boas Maneiras. Não sei como esse mesmo diretor fez os dois filmes acima. Acho que devia estar sob fortes barbitúricos quando rodou esse. Uma metáfora porca sobre pandemia, fanatismo religioso e escatologia com direito a muito sangue e vísceras e uma reviravolta besta com a entrada de um serial killer. Impressiona que o famoso produtor Rodrigo Teixeira tenha proposto entusiasmadamente essa bomba. Somente Beth Farias está bem no filme. Ridículo!